A corrida a favor e contra o Oeste: como são O animal mais forte do mundo e Tombo | The race towards and against the West: O animal mais forte do mundo and Tombo

A resistência à classificação e comparação entre os fatos do mundo é a resistência na conformação de ferramentas mentais ao conhecimento do mundo. Com O animal mais forte do mundo (foto ao lado) e Tombo (leia aqui reportagem que o idança fez na época da estreia do primeiro trabalho e clique aqui para ler sobre o segundo), a oportunidade em apontar o que o cérebro já faz: recorta, justapõe, contrapõe, cola, organiza uma perspectiva do mundo em própria coerência interna em um construto lógico.

Em nosso caso, as posições antitéticas de uma mesma realidade. Ambas partes de uma mesma problemática – qual direção tomar?[1] – que na chegada se bifurcam em conclusões oponentes. Uma, no fluxo em direção ao Oeste[2] = O animal mais forte do mundo; outra, no contrafluxo da direção Oeste = Tombo.

Douglas Hofstadter lembra que, apesar da estonteante variedade do mundo ao nosso redor e as receitas ininterruptas de nossa imaginação, a mente desenvolve uma hierarquia interna de camadas de deslocabilidade – “um senso tácito de que algumas coisas são mais variáveis do que outras, e, complementarmente, de que certos aspectos são menos violáveis em nosso mundo, menos sujeitos a ajustes, mesmo em nossas fantasias” (1998).

A neurobiologia afirma que, economicamente, os órgãos dos sentidos são preparados para transmitir as descontinuidades e dobras no mundo. O cérebro, ao supor, de modo correto, que o mundo não muda de modo caprichoso e aleatório, utiliza-se da informação para moldar uma realidade virtual interna em que a continuidade é restaurada (Richard Dawkins).

Isso acontece porque somos produtos de uma importante variação evolutiva que nos moldou como informívoros – organismos famintos de informação sobre o mundo que habitam e, importante, sobre si mesmos. A variação nos proporcionou o dom da imaginação e o dom da metáfora, isto é, a habilidade de notar quando certas coisas são como outras e usar a relação como um futuro para os nossos pensamentos e sentimentos (Daniel Dennett).

Os artistas intuem bem as camadas de deslocabilidade e seu potencial para as torções mentais e correlatas ao fenômeno da absurdidade. Horizontes mentais expandidos são o ambiente, por excelência, dos jogos de inversões mentais que reelaboram os lugares-comuns. Assim, observamos na criação da dupla Ana Catarina/Angelo Madureira, por meio de uma partitura combinatória de vocábulo hibridizado, e do trio Cristian Duarte/Thelma Bonavita/Thiago Granato, por meio de uma partitura corpórea moldada pelo compósito de corpos que se medem, um híbrido conceitual.

A habilidade expressa o desenho de nossas mentes conscientes. Ele não é uma dádiva de um Artífice, e sim resultado de três processos evolutivos sucessivos, aplicados um sobre o outro: 1) os replicadores genéticos, 2) os tipos de criaturas com capacidade para se esquivar dos obstáculos do mundo – um talento antecipatório para detectar a regularidade do mundo – e 3) finalmente, a capacidade da exploração regular em nova estratégia comportamental; a estratégia de adquirir informação por si mesmo (Dennett).

No entanto, as camadas de deslocabilidade ao mesmo tempo que nos proporcionam as metáforas podem nos proporcionar, também, resistência às torções mentais e, inclusive, a paralisia. A filosofia existencialista e seu correlato no teatro, o Teatro do Absurdo, tomaram ao pé da letra o impasse e sugeriram o mundo como um ambiente da dúvida, stricto sensu.

A condição principal do absurdo é acessar uma consciência transcendente e indecisa que sirva a um projeto imanente e limitado como o da vida humana. O filósofo Thomas Nagel argui o absurdo como uma de nossas características mais humanas e das mais destacadas e interessantes.

O sentido filosófico do absurdo surge da percepção de algo que é universal: algum aspecto em que a pretensão e a realidade chocam de maneira inevitável, para todos enlaça uma paralisia no território da infoesfera (o território da informação). A (boa poesia) arte tem a capacidade de reincorporar e, ao mesmo tempo, dissipar a ambiguidade, em jogos semióticos contraditos e incessantes, ao desafiar os mecanismos mentais da bioesfera.

A aparente paralisia porque o deslocamento factual a ameaça (Tombo) e o aparente do fluxo do deslocar-se porque a paralisia a ameaça (O animal mais forte do mundo) aparentam a percepção contradita da importância da transmutação do Absurdo, e de que afinal o absurdo é parte das operações lógicas abrigadas no cérebro para o cérebro solucionar.

O animal mais forte do mundo parte da pulverização para dissipar as ambiguidades e chegar numa unidade; o Tombo parte de uma dada unidade para propor ambiguidades. Ambos com a tarefa de visualizar o impasse metafísico: um se traga pelo absurdo para organizar sua coerência (Tombo) em estendido jogo de moldagem e desmoldagem, e outro (O animal mais forte do mundo) desusa a paralisia para se reincorporar na impossibilidade dos relatos que a dança sugere.

O animal mais forte do mundo [3] = o espaço ocupa o tempo

A noção de deslocamento fictício se dá na extensão da matéria coreográfica. Esta composta por um alfabeto híbrido, mas que agora com cor mais forte da modelagem das danças populares. A dupla Ângelo Madureira e Ana Catarina vem urdindo um modo de singularizar em matéria de dança suas próprias camadas de deslocabilidade, agora com a participação de um elenco de cinco dançarinos: Ana Noronha, Carolina Coelho, Eduardo Fukushima, Karime Nivoloni e Luiz Anastacio . Em especial, Madureira, o intérprete, com maestria desenlaça muitos dos  desafiantes nós da partitura coreográfica.

Marchas, sair do lugar onde se está

A evocação à corrida ao Oeste se dá fundamentalmente a partir do jogo coreográfico entre solo/erguimento ou soerguimento. A corrida, literalmente, está no constante ricochete de pés e mãos, mecanismo coreográfico de danças populares como traço fundamental do deslocamento. Tem jogos de força; medidas de exploração de território, de embates e de parcerias: o carregar nas costas, o desvencilhar do peso. Muitas das torções mentais estão acessíveis ao observador, menos o seu olhar (final) pessimista sobre o entorno do mundo. A sonoridade, formada por melodias e traços sonoros de ícone musical de filmes de faroeste, aponta uma escondida melancolia e a impossibilidade da reta de chegada e, afinal, um tipo de absurdo existencial.

Tombo / Foto divulgação

Tombo / Foto divulgação

Tombo = o tempo ocupa o espaço

Para que as camadas de deslocabilidade se efetivem, elas precisam da ação mental e das torções mentais do observador. Caso não se adira, a viagem estará contradita. São dois os momentos, basicamente: O 100tombo, e as consequências da reinserção da queda. momento, o tato como suporte da ação de medição e cálculo para a não-queda; o 2 momento: o

Tombo (foto acima) reinsere, portanto, o habitual, o comum, em uma nova proposição temática conceitual. O trio está atavicamente conectado, em jogos mútuos de modelagem corporal: a contínua pressão de um sobre outro, entre agentes atuante e atuado em que os papéis podem ser trocados. O estranhamento é o modo formulado de busca por uma chave compreensiva de determinado fato, ou seja, o tombo. Há uma amplificação da presencialidade dos agentes cênicos e dos possíveis pontos de um cabo-de-guerra entre medidas de força. Por isso, talvez, o minimalismo das ações corpóreas, entre as caminhadas e as poses, com pouquíssimas referências visuais por aquilo que se referencia à visualidade corriqueira movimento/pose.

Tombo e o DESABA[4] (isso tem feito) formalizam as possibilidades do real para reelaborar como uma dada realidade cênica, aparentemente submersa. Aponta a necessidade da discussão da informação em dança, e de que tipo de vocábulo e palavra são adequados para se enformar, para realizar dança ou manipular a partir de dança.


Síntese

Ambos carregam nexos com a questão do absurdo da existência e o impasse metafísico, tanto na interface como às avessas dessa interface, e, ciente das possibilidades oferecidas pelo real propiciam uma discussão sobre aceitação e recusa da corrida a partir do lugar de onde se está:

  • um, traga-se pelo absurdo e destila encantamento (Tombo)
  • outro, recusa o absurdo e destila desencanto (O animal mais forte do mundo)
  • um, curva-se ao peso e recusa fluência (Tombo)
  • outro, confronta-se com o peso e maximiza fluência (O animal mais forte do mundo

Referências bibliográficas:

DAWKINS, Richard (2000). Desvendando o Arco-Íris: Ciência, Ilusão e Encantamento. Tradução Rosaura Eichenberg. São Paulo: Cia. Das Letras.

DENNETT, Daniel (1995). La Conciencia Explicada: Uma Teoria Interdisciplinar. Tradução Sergio B. Ravera. Barcelona: Paidos.

HOFSTADTER, Douglas R. (1998). Rompendo Egocentrismos e Chauvinismos de uma Mente Moderna. Tradução Priscila Freitas. Cadernos do CECCS, n0., Maio.

NAGEL, Thomas (2000). Ensayos sobre La Vida Humana. México: Fondo de Cultura Económica.

MILLER, George A (2003). The Cognitive Revolution: a historical perspective. TREND in Cognitive Sciences, Vol. 7, n0 3, Março.

NAGEL, Thomas (2000). Ensayos sobre La Vida Humana. México: Fondo de Cultura Económica.

1 A pergunta está inclusa no abrangente tópico metafísico das Partes Espaciais e da Partes Temporais.

2 direção Oeste é metáfora padrão à decisão ou não do deslocamento mental e factual, do lugar em que se está.

A corrida ao Oeste é meme emblemático das possibilidades de descoberta e apropriação de territórios. Nossos ancestrais diretos, os povos caçadores-coletores, o sabiam bem disso; pela procura de alimento, abrigo e coleta e armazenamento do que lhe prouver. A nós, foi acrescentado um problema: o da coleta e processamento de um tipo de materialidade expandida.

3 A dupla propôs recentemente uma segunda versão, na qual retira informações, acenadas como não utilitárias – como o figurino e a trilha sonora – mas que, neste caso, é uma valiosa redundância. A redundância também pode ser fonte de motivação de singulares achados (artísticos).

4 O DESABA é, hoje, uma alternativa de fato na chamada Dança Conceitual, em território brasileiro. Eletroquímicos Baby e Pocket Show iniciaram uma bem sucedida recente investida na problemática passo/sonoridade, passo/signo, movimento/emoção. Em parcerias com solistas, Cristian Duarte se estende em Cornélia Boom com Sheila Arêas, Plano B com Thiago Granato e, a recentíssima, com Leandro Berton em Pressa2009 ou Revisor em Série. Ao contrário do que se analisa superficialmente, são investidas com o brio da esperança, de que dança pode conter múltiplas estratégias corpóreas.

Marcos Bragato é presidente da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) 2007/ 2009. Como jornalista, atuou como crítico de dança no Jornal da Tarde e Folha da Tarde, e como divulgador científico no Jornal da Tarde. Colaborou para a extinta Revista Dançar. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Atualmente é Docente do Departamento de Artes da UFRN.

Resistance against classification and comparison between the facts of the world is the resistance against the conformation of mental tools to the knowledge of the world. With O Animal mais Forte do Mundo and Tombo we have the opportunity to point out what the brain already does: it cuts, juxtaposes, pastes, it organizes a perspective of the world in its very own internal coherence in a logical construct.

In our case, they are antithetic positions of the same reality. Both sides of the same problem – which direction to take?[1] – which splits in the arrival line into opposing conclusions. One, in the flow towards the West [2] = O Animal mais Forte do Mundo; the other, in the counter-flow towards the West = Tombo.

Douglas Hofstadter reminds us that, despite the stunning variety of the world around us and our imagination’s uninterrupted recipes, the mind develops an internal hierarchy of layers of displacement – “a tacit sense that some things are more variable than others, and, additionally, that certain aspects are less violable in our world, less subject to adjustment, even in our fantasies” (1998)

Neurobiology states that, economically, the sense organs are prepared to transmit the discontinuity and folds in the world. The brain, correctly supposing that the world doesn´t change in a whimsical and random way, uses the information to shape a virtual internal reality, in which continuity is restored (Richard Dawkins).

This happens because we are products of an important evolutionary variation that shaped us as informavores – organisms ravenous of information about the world they inhabit and, importantly, about themselves. The variation provided us with the gift of imagination and the gift of metaphor, meaning, the ability to notice when certain things are like other things and using the relationship as a future for our thoughts and feelings (Daniel Dennett).

Artists sense the layers of displacement and their potential for mental twists, correlated to the phenomenon of the absurd. Expanded mental horizons are the environment, par excellence, of the games of mental inversions that re-focus common places. Thus, we can observe a conceptual hybrid in Ana Catarina/Angelo Madureira’s creation, through a combining score of a hybridized vocabulary combination and in Cristian Duarte/Thelma Bonavita/Thiago Granato’s creation, through a body score shaped by a composite of bodies that measure themselves.

The ability expresses the design of our conscious minds. Its not gift of and Articificer, but rather a result of three successive evolutionary processes, one applied on top of the other: 1) generic replicators, 2) the kind of creatures able to avoid the world’s obstacles – an anticipating talent to detect the regularity of the world – and 3) finally, the ability to regularly explore a new behavior strategy, the strategy to acquire information by themselves (Dennett).

However, the layers of displacement simultaneously provide us with metaphors, also provide us with the resistance to mental twists including paralysis. Existential philosophy and its theater double, the Theater of the Absurd, interpreted the dilemma in a literal way and suggested the world strictly as an environment of doubt.

The main condition of absurd is to access a transcending and hesitant awareness that serves such an immanent and limited project as the human life. Philosopher Thomas Nagel argues that absurd is one of our most human characteristics, one of the most highlighted and interesting.

The philosophical sense of absurd emerges from the perception of something that is universal: some aspect in which intent and reality clash inevitably for everybody in a paralysis in the infosphere territory (the territory of information). Art (good poetry) has the ability to incorporate and, at the same time, dissipate ambiguity, in contradictory and unceasing semiotic games, challenging the mental mechanisms of the biosphere.

Paralysis is apparent because factual displacement threatens it (Tombo) and flow is apparent in displacement because paralysis threatens it (Animal mais forte) and both appear to be the contradictory perception of the importance of the transmutation of absurd and the perception that, after all, absurd is part of the logic operations sheltered in the brain for the brain to solve.

O Animal mais Forte takes off from pulverization to dissipate ambiguity and to reach some unity; Tombo starts off from a given unity to propose ambiguities. Both have the task to visualize the metaphysical dilemma: One uses absurd to organize its coherence (Tombo) in a stretched game of molding and unmolding and the other (Animal mais Forte) disuses paralysis to re-incorporate itself in the impossibility of the narratives suggested by dance.

Keys:

O Animal mais Forte do Mundo = space occupies time

The idea of fictional displacement takes place in the extent of the choreographic matter. It is composed by a hybrid alphabet, but now with the strong colors of folk dance molding. Ângelo Madureira and Ana Catarina have been coming up with ways to single out their own layers of displacement, dance-wise. Now they count on the participation of a cast of five dancers: Ana Noronha, Carolina Coelho, Eduardo Fukushima, Karime Nivoloni and Luiz Anastácio. Especially Madureira, the performer, masterfully unravels many of the challenging knots of choreographic score.

Marches, leaving the place one is at

The reference to the race towards the West takes place fundamentally in the choreographic game between solo and rising. Literally, the race is in the constant ricochet of feet and hands, a folk dance choreographic mechanism as a fundamental trace of displacement. There are power games; measures of territory exploration, of confrontation and partnerships: carrying someone on the back, unloading the weight. Many mental twists are available to the spectator, except the (final) pessimistic outlook on the surrounding world. The soundtrack, composed by melodies and excerpts of iconic western movies soundtracks, points to a hidden melancholy and the impossibility of reaching the finish line and, after all, a kind of existential absurd.

Tombo / Foto divulgação

Tombo / Foto divulgação

Tombo = time occupies space

In order for the layers of displacement to actualize themselves, they need the spectator’s mental action and mental twists. In case there is no engagement, the journeytumbling, and the consequences of re-inserting the fall. will be contradicted. There are basically two moments: the first moment, touch is the support of the measurement and calculation action for the non-fall; the second moment: the

Tombo re-inserts, therefore, the usual, the common, in a new conceptual theme proposal. The trio is atavistically connected, in mutual games of body molding: the continuous pressure of one dancer on top of the other, between agents and subjects of action, in which the roles may be switched. Estrangement is the elaborate way to search for a comprehensive key of a given fact, meaning, the tumble (Tombo means tumble in Portuguese). There is an amplification of the presence of the scenic agents and of possible points in a tug-o-war between power measurements. Maybe, that is the reason for the minimalism of the body actions, between walking and posing with very few visual references for that which refers to the trite movement/pose visibility.

Tombo, and DESABA[3], formalizes the possibilities of reality to re-focus a given reality, apparently submerged. It points out to the need to discuss dance information. It points to the need for debate on dance information and about what kind of terms and words are suitable to shape, to produce dance or to manipulate using dance.

Synthesis

Both carry links with the issue of the absurd of existence and the metaphysical dilemma, both in the interface and in the reverse of such interface and, aware of the possibilities offered by reality provide a debate about acceptance and denial of the race from the place one is at:

  • One, is consumed by absurd and distils enchantment (Tombo)
  • The other, refuses absurd and distils disenchantment (O Animal mais Forte do Mundo)
  • One, bends under weight and refuses fluency (Tombo)
  • The other, clashes with the weight and maximizes fluency (O Animal mais Forte do Mundo)

DAWKINS, Richard (2000). Desvendando o Arco-Íris: Ciência, Ilusão e Encantamento. Tradução Rosaura Eichenberg. São Paulo: Cia. Das Letras.

DENNETT, Daniel (1995). La Conciencia Explicada: Uma Teoria Interdisciplinar. Tradução Sergio B. Ravera. Barcelona: Paidos.

HOFSTADTER, Douglas R. (1998). Rompendo Egocentrismos e Chauvinismos de uma Mente Moderna. Tradução Priscila Freitas. Cadernos do CECCS, n0., Maio.

NAGEL, Thomas (2000). Ensayos sobre La Vida Humana. México: Fondo de Cultura Económica.

MILLER, George A (2003). The Cognitive Revolution: a historical perspective. TREND in Cognitive Sciences, Vol. 7, n0 3, Março.

NAGEL, Thomas (2000). Ensayos sobre La Vida Humana. México: Fondo de Cultura Económica.

[1] The question is included in the comprehensive metaphysical theme of Space Parts and Time Parts.

[2] Towards the West is a standard metaphor for the decision, or not, to the mental and factual displacement, of the place one is in. The race to the west is the emblematic meme of possibilities for discovery and appropriation of territories. Our direct ancestors, the gatherer-hunters, knew it well, in the search for food, shelter and the gathering and storage of what was needed. To us, a problem was added: the gathering and processing of a kind of expanded materiality.

[3] DESABA is, nowadays, an actual alternative of the so-called Conceptual Dance in Brazilian territory. Eletroquímicos Baby and Pocket Show started a successful dive into the problem of step/sound, step/sign, movement/emotion. In partnership with solo artists, Cristian Duarte extends himself in Cornélia Boom with Sheila Arêas, Plano B with Tiago Granato and, the most recent, with Leandro Berton in Pressa2009 or Revisor em Série. Contrary to what is superficially analyzed, those are endeavors with the strength of the hope that dance may have multiple body strategies.

Marcos Bragato is president of the São Paulo Art Critics Association (APCA, in Portuguese) 2007/2009. As a journalist, he worked as dance critic for Jornal da Tarde and Folha da Tarde and as science writer. He collaborated with the extinct Revista Dançar. He has as doctor degree in Communication and Semiotics from PUC/SP.