A dança de cada um

No dia 4 de maio, o jornalista Artur Xexéo, colunista e editor do Segundo Caderno do jornal O GLOBO, escreveu em sua coluna um comentário sobre a dança contemporânea. Desde segunda-feira, o idança recebeu centenas de e-mails comentando o assunto e propondo a articulação de uma carta aberta ao jornal com assinaturas de diversos nomes da arte contemporânea brasileira. Alguns pediam para os artistas e produtores repassarem a carta aos diretores do jornal, outros apenas comentavam a coluna. Na quinta-feira, recebemos uma carta assinada por dezenas de artistas brasileiros e que foi enviada à redação do GLOBO. A lista foi sendo atualizada e a versão que recebemos na tarde desta sexta-feira (09/05) segue abaixo e tem 135 nomes. Enviamos a carta aberta ao jornalista para que ele pudesse enviar sua réplica. O email com a sua resposta está reproduzido na seqüência. Como o portal idança.net é citado na resposta enviada por Artur Xexéo, em seguida publicamos a carta da editora do idança.net, Nayse López, em resposta. Os demais artistas citados no texto do colunista e editor do Segundo Caderno responderão individualmente. A coluna em questão não se encontra disponível num link direto da versão online do jornal, mas pode ser localizada na busca grátis dos últimos 7 dias do GLOBO em www.oglobo.com.br, até sábado (10/05) e circula em emails na internet.

Abaixo, a carta da dança enviada ao jornal O GLOBO:

“Lamentável

Em sua coluna do último domingo, na Revista O Globo, Artur Xexéo tratou de forma leviana questões importantes para a dança e a arte contemporâneas e um de seus principais instrumentos de fomento e apresentação, o Espaço SESC.O jornalista reduz a diversidade e a qualidade da produção da dança contemporânea carioca a uma série de clichês, revelando o seu imenso desconhecimento sobre o assunto.É preocupante que uma visão tão preconceituosa e obscurantista possa estar na base da linha editorial do Segundo Caderno do jornal O Globo, do qual o colunista é também o editor. Isto é, sem dúvida, incompatível com uma empresa jornalística contemporânea e um desserviço aos leitores de um dos maiores jornais do país.

Assinam esta carta:

1. Adriana Banana – diretora artística FID-Fórum Internacional de Dança (BH), vice-presidente Associação Dança Minas, Diretora artística Clube Ur=H0r

2. Alex Cassal – Ator e Diretor/RJ

3. Alex Neoral _Bailarino e Coreógrafo/RJ

4. Alexandre Rudáh – Ator

5. Ana Andréia – Bailarina e Coreógrafa/RJ

6. Ana Paula Kamozaki – Bailarino/Coletivo O 12 / SP

7. Andréa Bardawil Campos – Coreógrafa /CE

8. Andréa Bergallo – bailarina e coreografa/RJ

9. Andréa Sales – Prodança

10. Ariadne Felipe

11. Ariane Sampaio- Bailarino/Coletivo O 12/SP

12. Arthur Coutinho Moreau

13. Bibiana de Sá – Doutoranda em Comunicação e Cultura – ECO – UFRJ/Mestre em Ciência da Arte/ UFF

14. Bruna de Menezes Bizzotto

15. Bruna Ribeiro Lopes De Rose Souza -Bailarina

16. Calixto Neto – Bailarino/PE

17. Carla Reichelt – Bailarina/RJ

18. Carol Pires – Bailarina/RJ

19. Carolina Campos – bailarina

20. Celso Curi /SP

21. Charles Watson – artista plástico/RJ

22. Christiane Jatahy – diretora de teatro/RJ

23. Christine Greiner – Professora da PUC-SP

24. Claudia Consolaro Valente

25. Claudia Mele – Bailarina e Coreógrafa/RJ

26. Cláudio Lacerda – Bailarino e Coreógrafo/RJ

27. Cristian Duarte – Bailarino e Coreógrafo/SP

28. Cynthia Garcia29. Dani Lima – Bailarina e Coreógrafa/RJ

30. Daniela Visco /RJ

31. David Linhares -Diretor da Bienal Internacional de Dança do Estado do Ceará/CE

32. Denise Stutz – Bailarina e Coreógrafa/RJ

33. Diana De Rose – bailarina/RJ

34. Diana Rodrigues Nassif – produtora musical

35. Edney D’Conti – Bailarina

36. Eduardo Bonito – Diretor do festival Panorama de Dança/RJ

37. Eduardo Fukushima

38. Elisa Lemos – Bailarina

39. Elisa Parente de Oliveira

40. Ellen Prado

41. Esther Weitzman – Bailarina, Coreógrafa e Professora de Dança/RJ

42. Fabio Ferreira – diretor de teatro, autor e curador/RJ

43. Felipe Rocha – Ator/RJ

44. Flavia Cândida – produtora/RJ

45. Franz Manata – artista plástico e curador/RJ

46. Gijs Andriessen – Videomaker/RJ

47. Guilherme Santos – Bailarino/Coletivo O 12/SP

48. Gustavo Ciriaco – bailarino e coreografo/RJ

49. Heber Stalin – coreografo /CE

50. Helena Bastos – bailarina e coreografa/SP

51. Helena Katz – Professora universitária e Crítica de dança/SP

52. Iara Cerqueira- Bailarina e Coreógrafa/BA

53. sabel Stewart – Bailarina/RJ

54. Isabel Tornaghi – Bailarina

55. Ivana Mena Barreto – Coreógrafa/RJ

56. Jacqueline de Castro – Produtora/MG

57. João Paulo Gross – bailarino/RJ

58. João Saldanha – coreógrafo/RJ

59. Joelsson Gusson – Ator e Diretor/RJ

60. José Renato Fonseca de Almeida

61. Joubert Arrais – jornalista, crítico de dança (CE) e mestrando em Dança pelo PPGDanca/UFBA

62. Juliana M Gago

63. Juliana Medeiros dos Santos

64. Keyla Pitanga Monadjemi/MG

65. Lara Pinheiro – Bailarina e Coreógrafa/SP

66. Laura Samy de Castro – Bailarina/RJ

67. Leidson Ferraz Ator, jornalista, pesquisador teatral e um apreciador da Dança (Recife/PE)

68. Leo Nabuco – Bailarino/RJ

69. Lia Rodrigues – Coreógrafa/RJ

70. Lidi Domingues – Bailarino/Coletivo O 12/SP

71. Lidia C. Larangeira

72. Ligia Veiga e Grande Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades/RJ

73. Lucas Amorim – Bailarino/Coletivo O 12/SP

74. Lúcia Floriano – Bailarino/Coletivo O 12/SP

75. Maercio Maia – Bailarino/SP

76. Marcela Donato – Bailarina/RJ

77. Marcela Levi – Coreógrafa/RJ

78. Marcellus Ferreira – Bailarino e Coreógrafo/RJ

79. Marcelo Braga – Bailarino/RJ

80. Marcelo Olinto – Ator e Figurinista/RJ

81. Marcia Milhazes – Bailarina e Coreógrafa/RJ

82. Marcia Rubin – Bailarina e Coreógrafa/RJ

83. Margô Assis – Bailarina e Coreógrafa/MG

84. Mari Mendes – Bailarino/Coletivo O 12/SP

85. Maria Alice Silvério Lima/RJ

86. Marília Albornoz/RJ

87. Marise Reis – Professora de Dança/RJ

88. Marise Siqueira – Bailarina e Advogada/RS

89. Marta Moura – Bailarina/ Professora

90. Matias Marcier – arquiteto/RJ

91. Mônica Mion

92. Mônica Rêgo Maciel – Arte-educadora

93. Nayse Lopez – jornalista, editora do portal www.idanca.net e diretora do Festival Panorama de Dança/RJ

94. Neide Neves/SP

95. Nirvana Marinho – Artista da dança/SP, Doutora em comunicação e semiótica, educadora e cidadã

96. Patricia Barbara – produtora e performer/RJ

97. Paulo Caldas – Bailarino e Coreógrafo/RJ

98. Paulo Marques – Professor de Dança/RJ

99. Preta Ribeiro – Bailarino/Coletivo O 12/SP

100. Rafael Bricoli – Bailarino/Coletivo O 12/SP

101. Raquel Karro – Atriz

102. Renata Reinheimer – Bailarina/RJ

103. Renato Cruz – Bailarino e Professor de dança/RJ

104. Renato Vieira- coreógrafo /RJ

105. Ricardo Basbaum – Artista Plástico/RJ

106. Rita de Cassia Ribeiro Lopes De Rose Souza – Bailarina/RJ

107. Roberta Repetto – Bailarina

108. Rodrigo Maia Barbosa Lima – Bailarino/RJ

109. Sandra Corradini

110. Sandro Amaral – produtor/RJ

111. Sandro Borelli – bailarino e coreografo/SP

112. Sara Calaza – Produtora Cultural/RJ

113. Silvia Rinaldi – Psicóloga

114. Simone Mello

115. Sofia Carvalhosa / assessora de imprensa/ SP

116. Sonja Gradel – Produtora Cultural/RJ

117. Stella Rabello – Atriz

118. Suzana Beiersdorff Bayona

119. Suzana Moraes – Física

120. Talitha Mesquita – Pesquisadora e Bailarina/ campinas,SP

121. Tati Almeida – Bailarino/Coletivo O 12/SP

122. Thaís Gonçalves – pesquisadora em dança, bacharel e licenciada em Dança/UNICAMP, jornalista/SP

123. Thatiane Paiva de Miranda – professora, revisora e bailarina contemporânea

124. Thereza Rocha -Pesquisadora e professora /RJ

125. Thiago Alixandre – Bailarino/Coletivo O 12/SP

126. Thiago Granato – bailarino e coreografo/RJ

127. Thiane Lavrador

128. Tony Hewerton – Bailarina

129. Valéria Martins – empresária e produtora cultural/RJ

130. Valeria Pinheiro – Coreógrafa/Fortaleza/CE

131. Verusya Correia – bailarina e coreografa/RJ

132. Wagner Carvalho – Diretor do Festival Internacional de Dança Move Berlim/Alemanha

133. Wagner Schwartz _Bailarino e Coreógrafo/MG

134. Wilhelm Araújo da Silva

135. Zeca Assumpção – músico/RJ

O email do colunista e editor do Segundo Caderno, Artur Xexéo, enviado à redação do idança em resposta à carta da dança:

Olá, Isabella

Que bom que você ganhou mais tempo, né? O tempo é o senhor da razão.

Mas vamos lá: é claro que eu não imaginava que o mundo da dança contemporânea fosse festejar a minha coluna. Mas confesso que fiquei surpreso com a carta aberta/abaixo assinado. São muitos signatários mesmo, não? Contei 119. Você já tem uma lista mais atualizada? É natural que eles tenham feito um movimento pela internet. Afinal, se fossem se manifestar, por exemplo, num encontro físico, todos juntos não caberiam na Sala Multiuso do Espaço Sesc.

Fiquei em dúvida apenas em relação a serem “nomes importantes” como você disse. São mesmo? Talvez eles tenham razão quanto ao meu “imenso desconhecimento sobre o assunto”, mas realmente não sei quem são Ariadne Felipe, Cynthia Garcia, Ellen Prado. Talvez sejam tão importantes que tenham imaginado que não precisavam se apresentar como o videomaker Gijs Andriessen, a professora de dança Marise Reis e a arte-educadora Mônica Rêgo Maciel. Esses eu também não conheço, mas, pelo menos, já sei o que eles fazem.

Por que eu fiquei surpreso? Porque, resumindo o conteúdo da carta aberta, o que os signatários querem é a minha demissão. Por isso, a carta é encaminhada também a diretores do Globo. E, como você já viu naquele e-mail anônimo, que recomenda que todos os signatários mandem a carta “para o diretor de O Globo”(…) “para que esta ação tenha o máximo de eficácia”, não estamos falando de uma simples carta aberta ou de um abaixo-assinado. É uma ação. Qual seria o resultado da eficácia?

Enfim, só para usar mais um clichê, hábito de que sou acusado pelos signatários, quem está na chuva é para se molhar. A única coisa que me incomodou na “ação” dos 119 signatários foi a associação de meu trabalho como colunista ao de meu trabalho como editor. Está lá no texto dirigido aos diretores de O Globo: “É preocupante que uma visão tão preconceituosa e obscurantista possa estar à base da linha editorial do Segundo Caderno(…) Isso é incompatível com uma empresa jornalística contemporânea e um desserviço aos leitores de um dos maiores jornais do país”. Sempre me preocupei em separar os dois trabalhos. E acho que isso é bem possível. Quer ver como é possível? Não conhecia o idança.net, mas imagino que seja importante pois já vi que é patrocinado pela Petrobras. Aí mesmo, na redação do idança.net, você tem o exemplo de uma experiência bem-sucedida na mesma questão. A editora do site ainda é a Nayse Lopes, não é? Nayse é minha velha companheira de bons tempos no JB, sempre na corda bamba tentando se equilibrar entre o jornalismo imparcial e seus interesses particulares na área da dança. Nayse é uma das signatárias da carta aberta. Ao mesmo tempo, pediu para você me procurar (Ela pediu, né? Editores fazem isso) para a matéria ser “imparcial”, “ouvir o outro lado”. Viu como dá para separar as duas coisas? Nayse também quer a minha demissão e, ao mesmo tempo, quer me ouvir em nome da imparcialidade.

Alguns nomes na lista me surpreenderam muito. João Saldanha, por exemplo. Os trabalhos de João Saldanha são sempre tratados com destaque pelo Segundo Caderno. Ele já foi até capa, e você não imagina como uma capa do Segundo Caderno é cobiçada no mundo artístico carioca. Suas coreografias são sempre anunciadas aqui. Seus trabalhos sempre recebem críticas positivas. Por mais de uma vez ele esteve na nossa lista de melhores do ano. Será que ele imagina que o editor não tem nada a ver com isso? Ou será que ele consegue esse destaque porque o editor é “preconceituoso e obscurantista”? Espero que, se a “ação” da qual faz parte João Saldanha for bem sucedida, o próximo editor seja também preconceituoso e osbcurantista para que seus trabalhos continuem aparecendo no Segundo Caderno, como ele merece.

Assim como o de João Saldanha, os nome de Dani Lima, Esther Weitzman, Renato Vieira… Bem, o nome de Renato Vieira aparece duas vezes na lista. Talvez esteja certo. Ele vale mesmo por dois. Enfim, são nomes que também me surpreendem. São freqüentadores assíduos do Segundo Caderno. O preconceito e o obscurantismo do editor deve ser o culpado disso. Talvez eu tenha que rever meus critérios.

É isso, Isabella. Se a ação de Nayse, João Saldanha, Dani Lima, Esther Weitzman, Renato Vieira e dos outros 113 signatários (a soma dá 118 e não 119, mas lembre-se que o nome de Renato Vieira aparece duas vezes) der certo, talvez não tenhamos outra oportunidade de continuarmos dialogando. Sem a coluna e o cargo de editor no Globo, não vou mais interessar ao idança.net, não é mesmo? Por isso, desde já, desejo muita sorte na sua carreira, mande um abraço para a Nayse e transmita a todos os signatários que a procurarem que continuo torcendo para que a Petrobras, o BNDES, o Sesc, a prefeitura e o governo continuem patrocinando companhias de dança, festivais de dança e, por que não?, sites de dança. Assim, só eu fico desempregado.

Boa sorte

Artur Xexéo

P.S.: Em nenhum momento da minha coluna tratei de forma leviana, como fui acusado, o Espaço Sesc. Apenas localizei onde se apresentavam os grupos a que me referia. Respeito tanto o Sesc que, como editor do Segundo Caderno, fui o responsável pela indicação de Bia Radunsky ao prêmio Faz Diferença aqui do Globo. Sei lá, terá sido mais uma demonstração de meu preconceito e obscurantismo?

P.S.2: Peço licença a você para transmitir este e-mail também para Nani Rubin e os diretores do Globo. É uma maneira de eu dar uma resposta a eles, já que também receberam a carta aberta/abaixo-assinado. Assim, poupo o meu tempo que, a partir de agora, deve ser dedicado às edições de fim de semana do Segundo Caderno. Bem, ainda sou editor do Segundo Caderno. Por enquanto…

P.S.3: Não sei se você está fazendo uma reportagem investigativa, mas se descobrir o autor da carta aberta, por favor, chame a atenção dele para alguns erros de português no texto. Ele tem o péssimo hábito de não acentuar palavras proparoxítonas, como “dúvida” e “jornalística”. Se ele continuar arregimentando assinaturas, é bom que, pelo menos, apresente uma carta correta gramaticalmente. Também seria bom se ele pusesse acento em país e se, em vez de escrever “possa estar à base”, escrevesse “possa estar na base”. Este último erro provoca uma leitura equivocada.

A resposta da editora do idanca.net, Nayse López:

Oi Artur

A Isabella, repórter do idança, me encaminhou a sua mensagem. Como copiou estes destinatários, tomo a liberdade de incluí-los nesta resposta. Ela será publicada, junto com a sua e a carta original, no www.idanca.net esta noite. Qualquer incorreção, por favor entre em contato.

É evidente que a repórter do portal que eu edito escreveu a você sob minha orientação. Aprendi com grandes jornalistas que tive como chefe no começo da minha carreira, como você, que sempre se ouve o outro lado. Não importando se é um pequeno portal especializado que é lido por 20 mil pessoas por mês ou o Segundo Caderno.

Seu email fala de uma ação, no sentido de conspiração, envolvendo meu nome. Esta me pegou mesmo. Não escrevi a carta, apenas a enviei, como todos os demais artistas, jornalistas e produtores do Brasil que concordaram que o tom da sua coluna atingia de modo duro uma forma de arte que eu, pelo menos, considero muito importante. Não sei se você se lembra, mas foi sob sua chefia no JB que me tornei crítica de dança.

Evidente que co-assinei a carta aberta. Sou curadora e diretora artística de um dos maiores festivais de dança dita de vanguarda, que pessoas mais antigas chamam de “cabeça”, aquela que às vezes não tem música. Para fazer o festival usamos verbas públicas e privadas e se estou capacitada a gerir estas verbas e fazer escolhas curatoriais para oferecer aos mais de 10 mil cariocas que freqüentam cada edição do Panorama, tenho que dar a cara a tapa quando a forma de arte que difundimos é tratada como piada.

Como é natural num fato jornalístico do tamanho do Panorama, sempre fomos muito bem cobertos pelo Segundo Caderno. No ano passado, tivemos inclusive uma capa. Diferentemente da Isabella, que esta começando aqui no idança sua carreira como repórter, eu fiz muitas capas do Segundo Caderno e sei muito bem como uma capa é cobiçada no mundo artístico carioca.

Você não tem, claro, nenhuma razão para saber que o idança existe, então vou só te explicar que o idanca não sou eu, é um projeto que envolve pessoas de vários estados há cinco anos, e onde minhas posições pessoais são em muitas vezes conflitantes com os artigos publicados. Meu trabalho neste caso é mesmo de edição e coordenação, não de colunista de opinião.

Então queria dizer que não participei de nenhuma ação para prejudicar você ou seu emprego, como você vai se dar conta certamente quando o tempo passar. Participei, sim, como jornalista e cidadã, de uma ação de resposta a algo com que não concordo.

Para terminar, queria só esclarecer uma coisa. Se entendi bem, você faz uma ironia sobre eu estar “na corda bamba” tentando me equilibrar entre o jornalismo imparcial e meus “interesses particulares na área da dança” . Que interesses seriam estes, Chefe?

Recebo pagamento pelo trabalho que exerço nos projetos aos quais sou ligada na dança, certamente. Mas minha família não tem artistas e meu marido trabalha em cinema e nunca esteve, portanto, ligado a nenhuma companhia de dança da cidade. Não entendi.

Mas entendo bem o que você diz sobre se equilibrar em varias atividades. Cada um traça uma linha para que estas vidas não colidam além do necessário. No meu caso, desde que passei a ser curadora, parei de escrever comentários críticos sobre a dança na imprensa brasileira. Não sei se foi suficiente, foi a minha solução. Os demais citados na sua resposta espero que se sintam à vontade de se comunicar diretamente com você.

Um beijo de quem guarda ótimas lembranças

Nayse Lopez

PS. Por causa de meus interesses na dança, sou obrigada a ver mais de 100 espetáculos por ano. E posso te garantir que se a maioria fosse como você descreveu, eu fazia igualzinho a você e ficava em casa vendo a novela.