A Rosa de Jericó | Die Rose von Jericho

Este texto é oferecido em português pelo Goethe Institut.

Tradução de Peter Naumann.

Com seu chicote de 6 pés de comprimento, Maren Strack acerta até em uma mosca – e explica nas suas performances “6 Feet Under” e “6 Feet Deeper”, a precisão que a dança pode atingir.

O espetáculo acontece em Munique, no Centro de Tráfego do Museu Alemão. O fato de Maren Strack apresentar-se em meio à maior coleção de objetos tecnológicos da república poderia também resultar de um equívoco. O pulso gracioso de uma das artistas mais originais da república compete com os maravilhosos portentos da velocidade, com balas de espingardas e um avião Concorde. Mas com um movimento do seu pulso, um objeto, o comezinho chicote para bois, pode atingir uma velocidade duas e meia vezes superior a de um avião supersônico.

Esse instrumento gera uma ultrapassagem da barreira do som a partir do movimento da mão, elegantemente posto em marcha e abruptamente interrompido. Há um ano, a artista, que nasceu em Hamburgo e estudou em Munique, lida com chicotes que hoje ainda são tocados como se instrumentos fossem nos country shows, especialmente apreciados na Alemanha Oriental. A coragem necessária para arrancar, com um longo pedaço de couro e uma ponta bem torcida, o cigarro da boca de outra pessoa sem ferí-la remonta à grande arte, que transformou no final do séc. XIX uma western lady de nome Calamity Jane em personagem lendário. A cowgirl, que ganhava o seu sustento em Deadwood/South Dakota como garçonete e bull Walker, poderia ter arrancado cinco moscas de uma orelha bovina, sem tocar em um só pelo desses touros, que Calamity Jane – nos assim chamados bull trains de até 200 bois – tangia por anos a fio por três semanas pelo deserto a uma distância de cerca de 150 milhas, como se fossem um pachorrento comboio ferroviário de carga. Enquanto Nova Iorque experimentava surtos de crescimento econômico e esse faroeste se tornava cada vez mais lendário com o aumento do tráfego ferroviário, foram construídos gigantescos teatros para glorificar o mito do faroeste. Calamity Jane passou a ser uma das estrelas desse circo, que por fim sobreviveu em Berlim Oriental, nos números de tiro, faca e chicote do artista Hans Hammer e sua esposa Rosi.

Berlin, Ackerstrasse. Estamos reunidos, os artistas e os malabaristas, bebemos vinho e escutamos uns aos outros com a maior estima e consideração. O casal aposentado fala das viagens com o circo estatal da RDA até a Mongólia e exibe o vídeo de uma das suas últimas apresentações – um show de chicotadas, apresentado com tamanha leveza que ninguém no público se dá conta da efetiva dificuldade e precisão. Hoje eles são os mestres de Maren Strack. Por causa da disciplina férrea, ela namora essa arte com tamanha consciência de si, até porque essa disciplina também logra impossibilitar de todo as muitas vezes apenas impensadas brincadeiras coreográficas das costumeiras codificações enigmáticas de performances de dança. Um chicote que não estala é ridículo.

“6 Feet Under” de Maren Strack: raras vezes nos últimos anos uma dança foi mostrada com tamanha clareza e tão facilmente assimilável. O espetáculo começa com a rosa de Jericó, uma planta que pode desvencilhar-se das suas raízes em períodos de seca e é transportada pelo vento décadas a fio como um tufo em forma de bola, até que uma chuva ou um lugar com água a faz novamente deitar raízes. Similares foram também as vivências do bisavô de Maren Strack, que o vento levou de Cork na Irlanda até Deadwood/South Dakota, junto ao bar de Calamity Jane. Isso revela as raízes biográficas da performance.

Enterrada na areia, Maren Strack respira por um canudinho colocado em uma máscara que protege o seu rosto, e cresce para fora do platô arenoso. Onde estavam as suas raízes, entra em cena outro contemporâneo do final do séc. XIX, o filósoso e físico Ernst Mach, o primeiro a compreender na época dos bull trains a lei da velocidade do som. Um chicote estala, pois a sua ponta rompe a barreira do som.

Na plataforma coberta de areia Maren Strack revela os cálculos da velocidade absoluta de Ernst Mach, na dependência da superação de momentos de inércia. O seu chicote cria então vários alter-egos de pequenas Maren Strack, que brandem dois chicotes, surgem dançando em formações graças a uma chicotada na areia e são novamente destruídas no estalo. As projeções da japonesa Hiroko Tanahashi, artista de vídeo, que participa da produção com os sounds de Max Bauer e a dramaturgia de Max Schumacher (sob a etiqueta post theater), geram imagens surpreendentemente simples, assimiláveis, longe dos hieróglifos que os bailarinos e representantes da media art consideravam imprescindíveis nos anos 90. Em Maren Strack tudo fica bem simples e não obstante está sujeito a uma precisão tão dura e um timing tão preciso que esquecemos completamente o esforço por trás de tudo.

A cabeça do espectador não procura resolver enigmas, pois se vê suficientemente confrontada com a quantidade de informações que age sobre a sua atenção à medida que a velocidade aumenta. São, por assim dizer, informações sob o chicote que se desdobram como em câmara lenta, como por exemplo a seguinte:

“Levanto o braço para bater. Como o chicote possui um cabo grosso, imóvel, prolonga a alavanca da minha mão. Agora puxo o chicote para frente e produzo com a alavanca e um leve movimento do pulso uma velocidade inicial já elevada na corda do chicote (estalo). No momento em que paro o meu pulso, o chicote forma um laço na forma de um U deitado. O U caminha ao longo do chicote. A volta do U assinala aqui um movimento de rotação em torno do seu centro. Como o chicote se adelgaça cada vez mais até a ponta, a massa se transforma constantemente na curva desse U. A velocidade aumenta cada vez mais com a conservação do impulso rotatório. Isso é semelhante à performance de uma patinadora sobre o gelo (figure skating), que acelera a sua pirueta à medida que encolhe os braços e reduz assim o momento de inércia.

Quando o U atinge o fim do chicote e se abre, por assim dizer, o momento de inércia também tende na direção do zero. Isto é, se negligenciarmos as perdas, causadas e.g. pelo atrito do ar e o trabalho de flexão, e supormos uma ponta infinitamente leve, a velocidade teoricamente tende para o infinito.Com efeito, a ponta atinge porém somente duas vezes e meia a velocidade do som, equivalente a 2300 km/h, o que basta inteiramente para um estalo.O movimento, que gera o U no início, não transcorre mais rapidamente do que um leve golpe de martelo. Agora o laço corre com velocidade crescente na direção do fim do chicote.

Depois de ter percorrido 40 cm, a ponta do chicote já é tão rápida como um cavalo galopante.Depois de 80 cm a ponta já atinge a velocidade de uma seta recém-disparada. Depois de 120 cm ela atinge a velocidade de um dos primeiros aviões a hélice.40 cm depois ela atinge a velocidade de uma bala de espingarda (250 km/h).Mas a velocidade do chicote aumenta ainda mais. No momento, no qual o U se abre, a ponta fica tão rápida que atinge no curto prazo a velocidade de um avião Concorde.Para realizar o processo que acabo de explicar, da parada do pulso até o estalo, o chicote necessita de menos de um segundo.”

Outras datas da tournée:

24 e 25 de junho: Fusion 2004, aeroporto de Lärz (Lago Müritz).

31 de julho + 14 de agosto: Rohkunstbau, Grossleuten.

Tanz in August
Maren Strack trifft mit ihrer 6-Fuß-Peitsche sogar eine Fliege – und erklärt in ihren Performances «6 Feet Under» and «6 Feet Deeper», wie präzis es im Tanz zugehen kann.

München, das Verkehrszentrum des Deutschen Museums. Dass sie in der größten Techniksammlung der Republik auftritt, könnte auch ein Missverständnis sein. Das zierliche Handgelenk einer der eigenwilligsten Künstlerinnen der Republik legt sich an mit den Wunderwerken der Geschwindigkeit, mit Gewehrkugeln und einer Concorde. Doch kann durch die Bewegung ihres Handgelenks etwas sogar zweieinhalb Mal schneller als ein Überschall-Flugzeug werden – die gemeine Ochsenpeitsche.

Dieses Instrument generiert aus der elegant in Gang gesetzten und abrupt gestoppten Bewegung der Hand einen Schallmauerbruch. Seit einem Jahr hantiert die gebürtige Hamburgerin und in München studierte Künstlerin mit Peitschen, die man noch heute bei den zumal in Ostdeutschland beliebten Countryshows spielt wie ein Instrument. Der Mut, mit einem langem Stück Leder und einer gut gezwirbelten Spitze einem anderen Menschen eine Zigarette aus dem Gesicht zu schlagen, ohne ihn zu verletzen, geht auf die hohe Kunst zurück, die Ende des 19. Jahrhunderts eine Westernlady namens Calamity Jane zur Legende werden ließ. Das Cowgirl, die in Deadwood, South Dakota, als Barkeeper und Bull-Whaker ihren Lebensunterhalt verdiente, hätte fünf Fliegen von einem Ochsenohr schlagen können, ohne jenen Bullen auch nur ein Haar zu krümmen, die Calamity Jane – in 200 Ochsen starken so genannten Bull Trains – immer wieder für drei Wochen rund hundertfünfzig Meilen weit wie einen behäbigen Güterzug durch die Wüste trieb. Während New York boomte und ein solcher Wilder Westen mit dem zunehmenden Schienenverkehr zur Legende wurde, errichtete man riesige Theater zur Glorifizierung des Mythos Wilder Westen. Calamity Jane wurde eine der Stars dieses Zirkusses, der zuletzt in Ost-Berlin fortlebte, in den Schieß-, Messer- und Peitschennummern der Artisten Hans Hammer und seiner Frau Rosi.

Berlin, Ackerstraße. Wir sitzen zusammen, Künstler und Artisten, trinken Wein und belauschen einander in gegenseitiger bester Hochachtung. Das in Rente gegangene Ehepaar erzählt von den Reisen mit dem Staatszirkus der DDR bis in die Mongolei und zeigt das Video einer ihrer letzten Auftritte – eine Peitschenshow, die mit derartiger Leichtigkeit daher kommt, dass niemand im Publikum die tatsächliche Schwierigkeit und Präzision erkennt. Heute sind sie die Lehrmeister von Maren Strack. Der eisernen Disziplin wegen liebäugelt sie mit dieser Kunst auch deshalb so selbstbewusst, weil diese Disziplin die oft nur ungedachten choreografischen Mätzchen der üblichen Verrätselungen von Tanzperformances restlos verunmöglichen kann. Eine Peitsche, die nicht knallt, ist lächerlich. Selten in den letzten Jahren ist ein Tanz so klar und eingängig gezeigt worden: Maren Stracks «6 Feet Under». Es beginnt mit der Rose von Jericho, eine Pflanze, die bei Trockenheit sich ihrer Wurzeln entledigen kann und Jahrzehnte lang als ballähnliches Büschel vom Wind getrieben wird, bis ein Regen oder eine Wasserstelle sie erneut Wurzeln produzieren lässt. Ähnlich erging es auch Maren Stracks Ururgroßvater, den es vom irische Cork nach Deadwood, South Dakota, an die Bar zu Calamity Jane wehte. Was die biografischen Wurzeln der Performance offenlegt.

Die im Sand vergrabene Maren Strack atmet durch ein kleines Röhrchen in einer ihr Gesicht schützenden Maske, und wächst aus dem Sandplateau heraus. Wo ihre Wurzeln waren, tritt ein weiterer Zeitgenosse des ausgehenden 19. Jahrhunderts auf, der Philosoph und Physiker Ernst Mach, dem in der Zeit der Bull Trains erstmals das Gesetz der Schallgeschwindigkeit klar wurde. Eine Peitsche knallt, weil ihre Spitze die Schallmauer durchbricht.

Auf der sandbedeckten Plattform legt Maren Strack Ernst Machs Berechnungen zur absoluten Geschwindigkeit in Abhängigkeit zur Überwindung von Trägheitsmomenten frei. Ihr Peitsche kreiert dabei lauter Alter Egos kleiner, lauter zwei Peitschen schwenkende Maren Stracks, die in Formationen tanzend durch einen Peitschenhieb im Sand entstehen und beim Dressurknall wieder vernichtet werden. Die Projektionen der japanischen Videokünstlerin Hiroko Tanahashi, die mit den Sounds von Max Bauer und der Dramaturgie von Max Schumacher (unter dem Label post theater) an der Produktion mit beteiligt sind, erzeugen verblüffend einfache, eingängige Bilder, weit weg von den hergezeigten Hieroglyphen, die Tänzer und Medienkünstler in den 1990er Jahren als unabdingbar empfanden. Bei Maren Strack wird alles ganz einfach, und unterliegt doch einer so harten Präzision und einem derart genauen Timing, das man die Mühe dahinter vollkommen vergisst.

Der Kopf des Zuschauers rätselt nicht, weil er ausreichend konfrontiert ist mit der Menge der Information, die in zunehmender Geschwindigkeit einwirkt. Informationen unter die Fuchtel der Peitsche, die wie in Zeitlupe sich auseinanderfalten wie diese hier:

«Ich hole mit meinem Arm zu einem Schlag aus. Da die Peitsche einen dicken unbeweglichen Griff hat, vergrößert sie den Hebel meiner Hand.Jetzt ziehe ich die Peitsche nach vorne und erzeuge durch den Hebel und eine leichte Bewegung mit dem Handgelenk eine bereits hohe Anfangsgeschwindigkeit in der Peitschenschnur. (Knall)

In dem Moment, in dem ich mein Handgelenk stoppe, bildet die Peitsche eine Schlaufe in Form eines liegenden U. Das U wandert das Peitschenband entlang.Die Kehre des U ist dabei eine Rotationsbewegung um ihren Mittelpunkt. Da die Peitsche zum Ende hin immer dünner wird, verringert sich die Masse in der Kehre dieses U ständig. Wegen der Drehimpulserhaltung wird die Geschwindigkeit immer schneller.

Das ist ähnlich wie bei einer Eiskunstläuferin, die ihre Pirouette beschleunigt, indem sie ihre Arme anzieht und damit das Trägheitsmoment verringert.Wenn das U das Ende der Peitsche erreicht und sich sozusagen öffnet, dann strebt mit der Masse auch das Trägheitsmoment gegen Null. D. h. wenn man die Verluste, z. B. durch Luftreibung und Walkarbeit, vernachlässigt und man eine unendlich leichte Spitze annimmt, dann strebt die Geschwindigkeit theoretisch gegen unendlich.

Tatsächlich erreicht die Spitze aber nur die 2 1/2-fache Schallgeschwindigkeit, das sind 2300 km/h, was für einen Knall völlig ausreicht.Die Bewegung mit der ich zu Anfang das U erzeuge, läuft nicht schneller ab als ein leichter Hammerschlag. Jetzt läuft die Schlaufe mit wachsender Geschwindigkeit auf das Schnurende zu.

Nachdem sie 40 cm gelaufen ist, ist die Peitschenspitze schon so schnell wie ein Pferd im Galopp.Nach 80 cm hat die Spitze schon die Geschwindigkeit eines gerade abgeschossener Pfeils.Nach 120 cm ist sie so schnell wie ein frühes Propellerflugzeug,40 cm danach wie eine Gewehrkugel, die mit einer Geschwindigkeit von 250 km/h fliegt.Aber die Peitsche wird noch schneller. In dem Moment, in dem sich das U öffnet, wird die Spitze so schnell, dass sie kurzzeitig die Geschwindigkeit einer Concorde erreicht.Zu dem eben erklärten Vorgang vom Stillstand des Handgelenks bis zum Knall benötigt die Peitsche weniger als eine Sekunde.»

Weitere Tourdaten: .

24. + 25. Juni: Fusion 2004, Flughafen Lärz (Müritzsee).

31. Juli + 14. August: Rohkunstbau, Großleuten.

Tanz im August versucht bis Montag Spielort und Datum zu klären.