ACTS – laboratório em performance

ACTS é um programa de investigação e prática para profissionais de teatro, dança e performance desenvolvido pelas brasileiras Deise Nunes, Fernanda Branco e Luanda Carneiro Jacoel, residentes na Noruega. ACTS se afirma como uma plataforma internacional de arte experimental onde o corpo é o principal elemento de criação.

A filosofia do ACTS é de gerar espaço para o desenvolvimento artístico contínuo através de laboratórios, cursos, sessões de improvisação e apresentação de trabalhos.

A ideia dos laboratórios é oferecer diferentes abordagens de treinamento e processo de criação que este ano exploram: mitologias e dramaturgias do performer; a relação orgânica do corpo e da voz; a pesquisa de movimento e composição instantânea.

Com o intuito de trazer para a Noruega artistas internacionais com vasta experiência para dar cursos, o ACTS criou o programa Worksessions, estabelecendo parcerias com instituições norueguesas. Tais cursos proporcionam uma semana de trabalho intensivo e este semestre a cingapuriana Gey Pin Ang – ex-atriz do Workcenter de Jerzy Grotowski e Thomas Richards – é a primeira convidada.

Já o evento mensal In Pulse tem como base a improvisação e criação coletiva entre artistas profissionais de diferentes formações. O intuito é de gerar impulsos criativos entre atores, dançarinos, cantores, músicos, iluminadores, artistas visuais e outros ao colocá-los em contato com variadas mídias e linguagens.

In Pulse abre também a relação entre artistas em diferentes partes do mundo via Skype™. Desta troca nasceu a colaboração entre ACTS e o Núcleo Cachuera! de Artes, de São Paulo.

O Núcleo tem seu foco de trabalho no diálogo entre as artes contemporâneas performativas e as manifestações populares brasileiras. ACTS começou um processo investigativo junto com o Núcleo via internet onde os grupos interagem buscando relações entre espaços físicos e virtuais e a noção entre tempo, presença e ausência. O primeiro resultado desse trabalho foi a performance Zones, realizada em Oslo e São Paulo, onde os grupos interagiram simultaneamente via Skype™ e com transmissão via Livestream.

Outro evento do ACTS é o Unwrap – uma plataforma para apresentação de trabalhos em processo. Com o foco no diálogo entre a teoria e a prática, dois profissionais são convidados para gerar reflexão entre os artistas e seus trabalhos no contexto da arte contemporânea.

Explorando novas formas de interrelações virtuais e reais que quebram os paradigmas de tempo e espaço, o Unwrap se firma como uma arena internacional com apresentações de trabalhos de artistas que estão em outras partes do mundo. Unwrap deseja não somente trazer novos estímulos para artistas e espectadores em Oslo como também ampliar o alcance da arte para fora do seu âmbito local.

Deise, Fernanda e Luanda começaram a desenvolver performances juntas em 2006 e, em 2009, com letSjAm, iniciaram uma série de improvisações semanais que gerou o desejo de ampliar seus projetos, culminado na criação do ACTS. As três artistas investigam diferentes áreas de atuação, mas que ao mesmo tempo possuem como base o treinamento físico-vocal.

Deise Nunes desenvolve um trabalho ligado à sua dissertação de mestrado em Estudos Teatrais, As Danças dos Orixás: do Ritual Sagrado à Dramaturgia do Performer, defendida junto ao Instituto de Estudos Culturais e Línguas Orientais da Universidade de Oslo.

A artista propõe um método aplicado à criação em teatro, dança e performance. Tal metodologia aprofunda-se no estudo das danças e da mitologia das divindades do Candomblé Keto, dos princípios energéticos baseados na teoria da antropologia teatral de Eugenio Barba e na prática do treinamento do ator segundo a tradição do Odin Teatret.

Assim, busca-se na construção da dramaturgia do performer a musicalidade, os modelos e padrões de energia corporal encontradas nos Orixás, que intensificam tanto a presença cênica do performer como a percepção do espectador.

Deise Nunes é performer, pesquisadora e atriz com raízes na cultura popular brasileira. Desde 2006, dedica-se à investigação da antropologia teatral e da tradição artística do Odin Teatret.

Já Fernanda Branco tem sua formação em teatro físico e sua trajetória vem se consolidando através da performance. O foco de seu trabalho está na experiência do performer em transformação no tempo real. Baseando-se na relação direta com o espectador, o uso de um corpo múltiplo ganha variadas formas de interação através do uso de instalações e site-specific performances.

Investigando a organicidade entre voz e corpo, a pesquisa de Fernanda explora sons vocais e movimentos que manifestam formas de expressões ainda não descobertas pelo performer. Este corpo que se move, fala, dança procura acordar uma memória que vai além das relações individuais, buscando uma conexão ancestral e universal deste corpo vivo.

Fernanda tem como mestra a cingapuriana Gey Pin Ang e como principal colaboradora a atriz austríaca Christina Lederhass com quem fundou a companhia Branco-Hase Collaboration. Na Noruega, Fernanda é a diretora artística do MoA – motion art e tem colaborações estabelecidas com a artista plástica Hilde Flikke e o músico Rolf-Erik Nystrøm.

A dançarina e performer Luanda Carneiro Jacoel pesquisa questões de identidade, cultura e memória corporal, através de uma linguagem artística híbrida. Seu trabalho é direcionado à improvisação, performance e manifestações populares brasileiras.

O treinamento é baseado em técnicas de educação somática onde o performer vivencia a integralidade de sistemas do corpo e padrões de desenvolvimento motores, ampliando a percepção corporal no seu processo criativo. Dentro desta perspectiva gera-se um diálogo entre fisicalidade, metáforas e símbolos, onde o corpo elabora e transforma suas sensações, memórias e vivências em vocabulário de movimento para o discurso cênico.

A pesquisa parte da composição instantânea, explorando diferentes relações entre espaço, música e corpo. Este corpo torna-se um veículo de comunicabilidade, um lugar de acontecimentos e imagens gerados na interação entre o performer e o espectador em tempo real.

Em São Paulo, Luanda formou-se em Comunicação das Artes do Corpo –PUC, estudou no Estúdio Nova Dança e é co-fundadora do Núcleo Cachuera! de Artes. Em Amsterdã, ela participou do programa de residência de Katie Duck e atualmente está se formando em educação somática pelo The Institute for Somatic Movement Studies (ISMS). Na Noruega ela vem aplicando seus estudos e experiências como educadora de dança infantil.

ACTS – laboratório para prática em performance recebeu fomento do Norwegian Arts Council – órgão do Ministério da Cultura norueguês – para a sua realização no período de um ano. ACTS iniciou-se em janeiro de 2011 e desde o seu implemento toma novas frentes de atuação. Partindo de um desejo de realização a nível local, ACTS vem se expandindo para se tornar uma plataforma móvel, cruzando fronteiras. Através do uso de novas tecnologias, iniciaram-se colaborações com grupos dentro e fora da Noruega. Proporcionar a criação de projetos que fortaleçam a ponte entre artistas do Brasil e da Noruega é o desejo do ACTS para 2012.

Deise Nunes é performer, pesquisadora e atriz. Atualmente faz mestrado em Estudos Teatrais, As Danças dos Orixás: do Ritual Sagrado à Dramaturgia do Performer.

Fernanda Branco tem formação em teatro físico e atualmente trabalha com performance. Fundou a Branco-Hase Collaboration com a atriz austríaca Christina Lederhass. É diretora artística do MoA – motion art.

Luanda Carneiro Jacoel é dançarina e performer formada no curso de Comunicação das Artes do Corpo (PUC-SP). Sua pesquisa passa por questões de identidade, cultura e memória corporal.

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