Angel por Ana, plutarquizada | Angel by Ana, “plutarchized”

As pós-graduações prestam um enorme serviço à história da arte brasileira quando exigem de bailarinas/coreógrafas como Ana Vitória Freire uma tese, e ela resulta em Angel Vianna – Uma Biografia da Dança Contemporânea, Ed. Dublin, 2005. Outras obras têm surgido dessa maneira, em todo o país, alterando, para melhor, a nossa memória esquálida.

Em Angel, Ana se utilizou do gênero raro, porque difícil, da biografia artística, para informar à história da dança no Brasil, os caminhos de Angel Vianna intrinsecamente ligados aos caminhos de Klauss, seu companheiro profissional e afetivo.

Precisa, dedicou um capítulo ao encontro de Angel com a dança e com Klauss, em Minas Gerais; um capítulo à passagem dos Viannas pela Bahia efervescente dos anos 60, ressaltando a importância dos dois na formação da Escola de Dança da Universidade Federal, aonde a autora graduou-se; um capítulo à chegada e fixação de Angel/Klauss no Rio de Janeiro, suas interferências nos processos preparatórios corporais da dança e do teatro da, ainda, capital do país; um capítulo às Escolas e à Faculdade Angel Vianna, da qual seria pleonástico ressaltar a importância; e um capítulo às perspectivas pedagógicas da Mestra.

Na conclusão, poética, compara Angel “a um poderoso rio que nasce nas Minas Gerais, recobre a Bahia e deságua no Rio de Janeiro”, sinalizando a sustança criativa dessa grande artista brasileira em três espaços onde a dança recebeu artistas extraordinários. Mas a última frase do livro, a que faz referencias à memória, ao passado e à história, nos remete à importância da obra para além da tese acadêmica.

A história necessita das biografias. Plutarco as começou com Vidas Paralelas, publicadas no Brasil em três volumes, pela Ed. Paumape, e facilitou a escritura de milhares de livros de história, a filosofia de Montaigne (Ensaios) e a dramaturgia de Shakespeare (Coriolano, Júlio César, Antônio e Cleópatra, Timão de Atenas), entre outras criações. Por conta disso, transformou-se no verbo plutarquizar, que o Brasil não usa, mas que o idioma português conjuga.

A “biografia artística” que secundou a biografia de caráter de Plutarco sobre dezenas de heróis greco-romanos, tornou-se uma mina de informações para a história da arte em todo o mundo, e um gênero apreciado no Brasil dos últimos tempos. A dança, em pouquíssimas publicações. Eis porque a importância da Angel Vianna de Ana Vitória, artisticamente plutarquizada em benefício da história.

* Aninha Franco, escritora, Salvador, Carnaval de 2006.The post-graduate studies offer an enormous service to the history of Brazilian art when demand a thesis from dancers/choreographers as Ana Vitória Freire, and it results in Angel Vianna – a Biography of Contemporary Dance (Ed. Dublin, 2005). Other works have appeared this way, in all country, modifying, for better, our squalid memory.

In Angel, Ana used rare genus, because of the difficulties, of the artistic biography, to inform Angel Vianna’s ways intrinsically to the ways of Klauss, her professional and affective partner, to the history of dance in Brazil.

Precise, she dedicated a chapter to the meeting of Angel with dance and with Klauss, in Minas Gerais; a chapter to the Vianna’s time at effervescent Bahia of 60’s, standing out the importance of both in the formation of School of Dance of Federal University, where the author was graduated; a chapter to the arrival and setting of Angel/Klauss in Rio De Janeiro, their interferences in corporal preparatory processes of dance and theater of, still, capital of country; a chapter to Angel Vianna College, which would be pleonastic to stand out the importance; e a chapter to the Master’s pedagogical perspectives.

In a poetical conclusion, Angel is compared “with a powerful river that is born in Minas Gerais, covers Bahia and flows in Rio De Janeiro”, signaling the creative substance of this great Brazilian artist in three spaces where the dance received extraordinary artists. But the last phrase of the book, the one that makes references to memory, past and history, sends us to the importance of the work for beyond the academic thesis.

History needs biographies. Plutarco started them with “Parallel Lives”, published in Brazil in three volumes by Ed. Paumape, and facilitated the writing of thousand of history books, the philosophy of Montaigne (Assays) and the dramaturgy of Shakespeare (Coriolano, Julio Cesar, Antony and Cleopatra, Rudder of Athens), among others creations. For account of this, it was changed into the verb “to plutarquize” , which in Brazil we do not use, but Portugual conjugates.

The “artistic biography” which seconded the biography of character of Plutarco about ten Greco-roman heroes, became a mine of information for history of art in whole world, and a genus appreciated in Brazil recently. Dance, in very few publications. That’s the importance of Angel Vianna by Ana Vitória, artistically “plutarquized” in benefit of history.

* Aninha Franco, writer, Salvador, Bahia, Carnival 2006.