As impressões de uma brasileira na Coréia 2: Festival de Artes Performáticas de Seoul

Vim para Seoul através de um intercâmbio do ministério da cultura onde trabalho numa produtora de artes performáticas. Um dos meus trabalho é frequentar os festivais de dança contemporânea e assistir aos espetáculos coreanos. O país é famoso pela quantidade de festivais, e só de dança contemporânea possui 4 internacionais. Ainda tem os que englonbam todo o tipo de artes performáticas, os de outros gêneros da dança  e os menores somente com cias nacionais. Apresentarei ao idanca alguns desses festivais que não só impressionam por serem muitos na mesma cidade, mas também pela quantidade de teatros que ocupam e pela grandeza do público que o frequenta. Esse é o segundo da série.

Nos meses de outubro e novembro Seoul se transformará em um centro para a dança e teatro nacionais e internacionais com os 29 grupos vindos de 13 países, que irão gravitar entre os teatros de Seoul e outros palcos nas redondezas da capital coreana, apresentando ao todo 38 performances.

Tudo isso faz parte do oitavo festival anual de artes performáticas de Seoul, que aconteceu por um mês, começando em 18 de setembro a terminando em 19 de outubro onde foi possível ver múltiplas disciplinas de artes performáticas.

Criado em 2001, o festival é conhecido como um dos maiores do mundo, focando suas edições na introdução do cutting-edge,da inovação e do thought-provoking dos trabalhos contemporâneos.

Esse ano o festival apresentou as melhores produções coreanas junto a produções internacionais de mais destaque trazendo ao total 38 trabalhos de 13 países diferentes dentro do tema do festival: “Conflito e Harmonia – SPAF is SPArk” (SPAf é faísca).

Fãs de Chekhov podem ficar felizes esse ano, pois o festival está coberto por seus trabalhos. Dentre os 20 espetáculos apresentados, 4 são dele ou sobre sua família.“Uncle Vanya” que será encenado nos dias 3 e 5 de outubro no Arko Arts Theater Main Hall pela cia de teatro Tabakov é uma das peças de Chekhov. E a mesma peça será reinterpretada pela trupe da Argentina, com o projeto Chekhov chamado: “Espiando uma mulher que se mata”, o espetáculo foi apresentado nos dias 26 e 28 de setembro. A performance apresenta a essência do drama argentino dos anos 90 e trata dos temas mais fundamentais da sobrevivência humana.
A versão de “Othello” de Shakespeare será apresentada pelo diretor Belga Luk Perceval que foi um dos mais aclamados do SPAF2007 com o espetáculo “A morte de um vendedor”. A performance procura fazer a união entre o tema da inveja presente em “Othello” e a que  vivemos nos tempos modernos.

Divulgação

Uncle Vania / Foto: Divulgação

Um dos destaques do festival é a danca performática “Mmm…”  a segunda de três partes do projeto de Stravinsky. O ícone da dança contemporânea britânica, Michael Clark, apresentou o projeto tripartite com trilha de Igor Stravinsky como o motivo por trás do trabalho. Esse projeto de 3 anos é uma parceria entre o “Barbican Center” e a companhia de Michael Clark. A performance do grupo britânico será nos dias 28 e 29 de setembro, apresentando uma sofisticada e sensual dança contemporânea.

Entre as performances coreanas, “Bystreet of Joseon: Story of Lee Ok” é uma que se destaca. O espetáculo apresentado pela companhia coreana de teatro “Yeon Keuk Mi” fez sua apresentação nos dias 18 e 19 de setembro baseada na novela escrita por Lee Ok sobre uma revolução durante uma dinastia coreana chamada Joseon (1392-1910) cuja premissa é o abuso de poder. O trabalho é uma crítica a corrupção ainda existente nos dias de hoje.

Durante o festival houveram muitos eventos paralelos além das performances, incluindo trabalhos de Jerzy Grotowski’s, uma oficina de fotografia com Eric Boudet e séries de conversações com os artistas do festival.