Campo Grande tem Dança | There is Dance in Campo Grande

Profissionais que estão na fronteira onde o Brasil foi Paraguai têm conseguido levar em frente suas danças. Prova disso é a trajetória de 20 anos de existência da Ginga Cia de Dança Contemporânea da capital do estado, que estreou no mês de outubro de 2006 seu mais recente espetáculo Campo Grande tem Ginga.

Fruto do trabalho de Renata Leoni (diretora geral e professora) e de Chico Neller (diretor artístico e coreógrafo), a companhia tem trajetória próspera nos Festivais de Joinville/SC e agora busca atuação no circuito profissional. Contando com a juventude de um elenco tecnicamente bem preparado, composto por Débora Higa, Diógenes Silva, Gustavo Lorenço, Julio César dos Santos, Julia Aissa, Lucélia Costa, Luiza Rosa, Paula Buennas, Paulo Paim e Renata Viana, a cia mostra que um jovem trem atravessa o pantanal e está disposto a circular.

A despeito dos trabalhos independentes, evidenciando uma tentativa de propostas coletivas, tem acontecido na capital sul-mato-grossense o Projeto Dança Campo Grande que, em sua 10ª edição, ocorreu no período de 24 a 29 de Agosto de 2006. Mostrando um painel do que está sendo produzido na dança local, o evento envolveu apresentações de 24 grupos de dança da cidade, além dos alunos do Projeto Dançar, que oferece oficinas de dança para aproximadamente 250 crianças e adolescentes de diversos bairros da capital, numa parceria da Prefeitura Municipal com a Ginga Cia de Dança.

Somando-se a isto, foram apresentados trabalhos do Projeto Arte Sim, Violência Não – coordenado por Edson Clair -, que oferece oficinas de Street Dance em 17 bairros da cidade. Durante o evento, também foi oferecida uma oficina de dança contemporânea com Márcia Milhazes Companhia de Dança/RJ, que apresentou seu espetáculo Tempo de Verão (foto) e oficina sobre processos de criação em dança, com reflexões sobre distintos modos de fazer dança na atualidade.

No primeiro dia do Dança Campo Grande apresentaram-se: Ararazul Companhia de Dança/UCDB, Beatriz de Almeida Estúdio de Dança, Companhia do Mato, Funk-se/Dançaurbana, Grupo de Dança Código Sete, Grupo Juvenil de Dança de Campo Grande, Projeto Dançar, Grupo Platinum, Grupo Nova Geração, Balé Isadora Duncan/Ateliê da Dança e Cia de Dança Isadora Duncan, Cia Art de Rua, Só Dança Auxiliadora/Grupo Belly Dance e Grupo Imagens, Grupo de Dança Oriental Árabe Sealp, Balé Dom Bosco/Grupo Matktub, Moinho Cultural Cia de Dança (Corumbá), Escola de Balé Gisela Dória, King’s Company/Grupo Blessed, Grupo Ritmus Freestyle e Natraj Cia de Dança Oriental.

A diversidade dos produtos apresentados na mostra, que envolveu amadores e profissionais, permitiu que o público situasse alguns aspectos da dança de Campo Grande, entre eles, a forte relação entre música e movimento presente na dança local. Ou seja, a música parece ser a alma da dança, sendo que algumas das coreografias apresentadas se centraram na reprodução de técnicas que vão do balé clássico à dança do ventre, passando pelo hip-hop free style. Assim, a identidade sul-mato-grossense, claramente marcada na dimensão sonora, muitas vezes ainda não aparece nos movimentos.

A ausência de pesquisa de movimentos dificulta a visualização de aspectos singulares da dança local, fato que merece ser revisto por artistas locais para que suas obras, que evidenciam compromisso, envolvimento e forte trabalho técnico, atinjam níveis de expressão de destaque no cenário nacional. Os grandes campos, que têm sustentado a dança local, prometem ser terreno fértil para os próximos anos.

Que venham as chuvas para regar o território!

Professionals that are on the border where Brazil was Paraguay have managed to continue dancing. Proof of this is the 20 years of existence of the Ginga Contemporary Dance Co. from the state’s capital, that opened its most recent show Campo Grande tem Ginga (Campo Grande has Ginga) in the month of October of 2006.

Fruit of the work of Renata Leoni (general director and teacher) and of Chico Neller (artistic director and choreographer) the company has a prosperous trajectory in the Joinville/SC Festivals and now wants to perform in the professional circuit. Counting on the youth of a technically well prepared cast, composed of Débora Higa, Diógenes Silva, Gustavo Lorenço, Julio Cesar dos Santos, Julia Aissa, Lucélia Costa, Luiza Rosa, Paula Buennas, Pablo Paim and Renata Viana the company shows a young train crosses the pantanal and is disposed to circulate.

In spite of independent works, evidencing an attempt at collective proposals, there has been in the South-Mato Grosso capital the Project Dance Campo Grande that had its 10th Edition this year, during the 24th to the 29th of August of 2006. Showing a panel of what is being produced in local dance, the event involved the presentations of 24 dance groups of the city, as well as the pupils of the Project Dançar (Dance), that offers dance workshops to approximately 250 children and adolescents of diverse neighborhoods of the capital, in a partnership of the Municipal City hall with the Ginga Cia de Dança. The works of the Project Arte Sim, Violência Não (Yes to Art, No to violence) were also presented; co-ordinated by Edson Clair, who offers Street Dance workshops in 17 neighborhoods of the city. During the event, a contemporary dance workshop with Márcia Milhazes Dance Company/RJ was also offered, and she presented her show Tempo de Verão (Summertime) and workshop on processes of creation in dance, with reflections on distinct ways to make dance nowadays.

On the first day of Dança Campo Grande the following groups presented themselves: Ararazul Companhia de Dança/UCDB, Beatriz de Almeida Estúdio de Dança, Companhia do Mato, Funk-se/Dançaurbana, Grupo de Dança Código Sete, Grupo Juvenil de Dança de Campo Grande, /Projeto Dançar, Grupo Platinum, Grupo Nova Geração, Balé Isadora Duncan/Ateliê da Dança e Cia de Dança Isadora Duncan, Cia Art de Rua, Só Dança Auxiliadora/Grupo Belly Dance e Grupo Imagens, Grupo de Dança Oriental Árabe Sealp, Balé Dom Bosco/Grupo Matktub, Moinho Cultural Cia de Dança (Corumbá), Escola de Balé Gisela Dória, King’s Company/Grupo Blessed, Grupo Ritmus Freestyle e Natraj Cia de Dança Oriental.

The diversity of the products presented in the exhibition, that involved amateurs and professionals, allowed the public to point out some aspects of dance in Campo Grande, among them, the strong relation between music and movement present in the local dance. In other words, music seems to be the soul of dance, although some of the presented choreographies centered on the reproduction of techniques that went from classical ballet to belly-dancing, passing through free style hip-hop. Thus, the South Mato Grosso identity, clearly marked in the sound dimension, many times does still not appear in the movements.

The absence of movement research makes it difficult to visualize singular aspects in the local dance, a fact that deserves to be reviewed by local artists so that their works, that show commitment, involvement and strong technical work, reach levels of expression of prominence in the national scene. The great fields, that have supported the local dance, promise to be fertile land in the next years.

May the rains come to water the territory!