Célia Gouvêa estreia peça sobre momentos de sua carreira

Com 50 anos de carreira dedicada à dança, a bailarina Célia Gouvêa tem a certeza que menos é mais. Se recusando a chamar de “espetáculo”, chama de “peça de dança” seu mais recente trabalho, Alavancas e Dobradiças, que faz duas curtas temporadas em São Paulo. Despojada no palco, em cena é a própria Célia que relata, em tom confessional, com palavras, gestos e passos, sua trajetória e lembranças, lançando a pergunta: “O que é a dança para você?”.

Em Alavancas e Dobradiças, a artista lança reflexões e apresenta trechos de coreografias de décadas passadas, como C-E-C-I-L-I-A (2001), Assim Seja? (1984), Expediente (1980), Festarola (1988), Romance de Dona Mariana (1989) e Parasha (1998). Em passagens, conta momentos pessoais que viveu durante a criação e circulação das obras e cita filósofos, mestres e parceiros de cena, tudo ao som do 2º movimento do concerto para violino e orquestra de Philip Glass.

Há dois anos, a bailarina fez um recuo e repensou o que poderia movê-la, impulsioná-la a uma nova criação. Desse momento de busca veio o desejo de concluir algo que havia parado na juventude, mas que poderia subsidiar inquietações: terminar a faculdade de Filosofia, iniciada aos 18 anos, mas deixada para trás para que pudesse seguir com a dança, sua paixão mais urgente. Formada em Filosofia em 2012, já se qualificou para o Doutorado na ECA/USP e em dois anos terminará mais esse ciclo em sua vida.

No palco nu, Célia tem um elemento visual que a impulsiona: o arame, escolhido por ser uma matéria maleável, simples, que pode adquirir diferentes formas, mas também pode ser imprevisível, sem obedecer a restrições. Assim, a artista se sente nesse momento, apta a ir para qualquer lado, sem receio de nada. E segue além, indagando a proliferação atual dos relatos pessoais cênicos, ao mesmo tempo em que promove um.

Ao ser questionada “Por que o nome Alavancas e Dobradiças?”, Célia responde: “os dois termos apresentam definições como potência e resistência, que juntas geram energia, fator necessário para as mudanças”.

A obra fica em cartaz de 27 a 29 de novembro, na Sala Norte do Espaço Cênico O Lugar e de 11 a 13 de dezembro, no Centro Cultural São Paulo (Sala Anexo).

Foto: © Vitor Vieira

SERVIÇO:

Alavancas e Dobradiças, de Célia Gouvêa

Data: 27, 28 e 29 de novembro de 2015
Horário: Sexta, às 21h; Sábado e domingo, às 20h30
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia – estudantes, classe artística e terceira idade).
Local: Espaço Cênico O Lugar – Sala Norte
Rua Augusta, 325 – Consolação. São Paulo/SP
Tel. 11 3237-3224
Capacidade: 60 lugares

Data: 11, 12 e 13 de dezembro de 2015
Horário: Sexta e sábado, às 21h; Domingo, às 20h
Ingressos: Grátis (Retirar com 1h de antecedência na bilheteria)
Local: Centro Cultural São Paulo – Sala Anexo
Rua Vergueiro, 1000. São Paulo/SP
Tel. 11 3397-4002
Capacidade: 70 lugares

Duração: 50 minutos
Classificação: livre