Coletivo Biloura recebe o público com jantar performático

Formado em 2013, na Itália, e composto por cinco integrantes com diferentes históricos – artes cênicas, dança, música, filosofia e estudos culturais – o Biloura Intercultural Theatre Collective trouxe seu nome do dialeto italiano da região de Rueglio. ‘Biloura’ quer dizer ‘agora’, ‘neste exato momento’. A palavra também aparece popularmente nos estados brasileiros da Paraíba e Rio Grande do Norte com o significado de ‘loucura’, ‘vertigem’ e ‘síncope’.

Para Eduardo Colombo, um dos integrantes do grupo, o modo de investigação artística do Biloura parte da premissa de que a construção das identidades e a abertura às diferenças se fortalecem pela troca com o outro. “Se, por um lado, as diferenças culturais podem ser empecilhos ao encontro, o convívio intercultural pode fortalecer a integridade e o respeito, preservando riquezas singulares e construindo novos saberes e modos de vida. O contato com o outro se torna convite para rever a si mesmo”, explica.

De 15 a 20 de fevereiro, o coletivo realiza em São Paulo a Ocupação Internacional Biloura, na Oficina Cultural Oswald Andrade, trazendo duas performances, um workshop e uma mesa redonda, que fazem parte do projeto Effimeria, de 2015, em que os artistas tem investigado a proximidade da morte, buscando maneiras de falar de morte que passam pelo humor, ironia, poesia, na tentativa de desfazer os tabus sociais que cercam o tema.

A primeira apresentação é a performance Nomes, no dia 18, criação dos três brasileiros que integram o coletivo, Eduardo Colombo, Tiago Viudes e Victor Kanashiro, e é um jantar, em que o público é convidado a beber e comer durante a ação performática. Entre a bebida e a comida, conversas, confissões, cantos, histórias, danças, os espectadores se tornam cúmplices dessa ação de cunho autobiográfico, que fala da relação amorosa vivida entre os três artistas nos últimos três anos. Segundo Tiago, “Nomes é, a um só tempo, pesquisa continuada e obra performativa que fricciona as fronteiras entre vida e arte, intimidade e alteridade, presença cênica e presença cotidiana”.

Nos dias 19 e 20, o Biloura dá continuidade à sua pesquisa sobre os limites do território artístico, refletindo sobre as possibilidades de ocupação de espaços não teatrais na contemporaneidade. Seguindo caminhos de performances anteriores, o grupo coloca os artistas e seu processo a serviço e em diálogo com a arquitetura e paisagem dos locais escolhidos, encontrando na especificidade dos diferentes locais a justa adaptação para a estrutura performativa.

A performance, que já foi apresentada na Itália em espaços religiosos, como uma igreja e uma sinagoga, fala especificamente da proximidade da morte, e é uma criação de todos os integrantes do coletivo – os três brasileiros além da austríaca Angela Rottensteiner e a italiana Silvia Ribero – e envolveu ainda a assessoria da bailarina italiana Raffaella Soluri, da cantora moçambicana Lenna Bahule e do mestre de dança tradicional de Ryukyu Satoru Saito.

O workshop Narrativas do Corpo-Voz: Escuta e Ação vai dos dias 15 a 19 e tem o objetivo de compartilhar o trabalho do Biloura com atores, bailarinos, cantores, dramaturgos, performers e diretores interessados no corpo-voz como veículo de criação e composição. No dia 16, a mesa redonda Artes Performativas e Interculturalidade – Zona de Contato e Transformação discutirá os desafios e possibilidades das artes performativas como zona de contato intercultural. Todas as atividades são inteiramente gratuitas.

 

Oficina Cultural Oswald Andrade
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo
(próximo a estação Tiradentes do metrô). Tel.: (11) 3222-2662.
Retirada dos ingressos para os eventos sempre com 30 minutos de antecedência no local.

Nomes
Dia 18/2, quinta-feira, às 19 horas.
Capacidade: 40 lugares.
Indicação Livre.
Duração: 150 minutos.

Spiro
Dias 19 e 20/2, sexta-feira e sábado, às 20 horas.
Capacidade: 40 lugares.
Indicação Livre.
Duração: 45 minutos.

Workshop Narrativas do corpo-voz: escuta e ação
De 15 a 19 de fevereiro, segunda a sexta-feira, das 14 às 17 horas.
15 vagas.
Inscrições até 8 de fevereiro pelo site da Oficina Oswald Andrade
Indicado para maiores de 16 anos.

Mesa redonda Artes Performativas e Interculturalidade – Zona de Contato e Transformação
Dia 16 de fevereiro, terça-feira, às 19 horas.
Indicado para maiores de 16 anos.
Capacidade: 40 lugares.
Duração: 150 minutos.

[Foto: Trecho da performance Spiro, imagem de PierGiorgio Naretti.]