Comemoração do centenário de “A Sagração da Primavera”
O centenário de “A Sagração da Primavera”, espetáculo emblemático de dança do século XX, identificado como fundador da modernidade do gênero pela coreografia inovadora de Vaslav Nijinski e a música do compositor russo Igor Stravinsky, terá uma série de comemorações ao redor do mundo. Antenado com a importância da obra que subverteu também a estética musical do século XX, revolucionando o formato com o uso da dissonância, complexas estruturas rítmicas e timbres, o Espaço Sesc preparou uma programação especial, a “Sagração da Primavera, para além dos cem anos”, evento que reúne oficinas, palestras e debates. O projeto também apresentará três obras coreográficas inéditas – pequenas homenagens a partir de “A Sagração da Primavera”, criadas pelos coreógrafos Luis Arrieta, Marcelo Braga e Marcia Milhazes. As atividades de “Sagração da Primavera, para além dos cem anos” começam no dia 7 de maio (terça-feira) e seguem até 26 de agosto.
Da peça original restaram apenas rastros a partir de desenhos, partituras e textos. Até hoje, mais de 200 versões foram feitas, e entre as mais célebres estão as de Maurice Béjart (1959), Martha Graham (1984) e Pina Bausch (1975). Com cenário arquitetado pelo artista plástico e arqueólogo Nicholas Roerich, a estreia se deu em pleno Théâtre des Champs-Élysées, na capital francesa, dia 29 de maio de 1913. Para além da concepção, o interessante de trazer a Sagração à cena é recuperar o contexto histórico e os traços culturais do momento de sua criação. As ideias culturais são comunicadas por meio de um sistema de códigos. E reavivar as forças que transbordavam naquele momento para gerar uma obra tão original e que suscitou tantos protestos em cena aberta é uma das propostas do Sesc Rio com esta programação.
PROGRAMAÇÃO
7/5 , 19h30
Palestra: Por que comemorar os 100 anos da Sagração? Com Helena Katz (SP)
O ponto de da partida da palestra é refletir sobre o que pode ser celebrado para além da contagem de tempo de um acontecimento que se tornou lendário ao combinar a força simbólica de seu nome com um escândalo artístico. O que é possível sagrar hoje na dança do Brasil? Que sacrifício exige agora a nossa primavera?
Helena Katz é crítica de dança do jornal O Estado de São Paulo e professora no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica e no Curso Comunicação das Artes do Corpo, na PUC-SP, onde coordena o Centro de Estudos em Dança que se dedica ao estudo do corpo na sociedade do consumo.
. Exibição do documentário: The Rite of Spring (Millicent Hodson – 60 minutos) – O documentário gira em torno da reconstrução desta obra perdida, realizado pelos coreógrafos Millicent Hodson e Kenneth Archer.
Distribuição de senhas 30 min de antecedência. Entrada franca. 14 anos
7 a 11/5, 10 às 14h
Oficina: Experimentando a Sagração – Com Caroline Baudouin e Cyril Hernandez
Centenas de coreografias foram criadas para “A Sagração da Primavera”, obra emblemática da dança do século XX. Mas da peça original, a coreografada por Nijinsky, restaram apenas rastros a partir de desenhos, partituras e textos. Caroline Baudouin participou do importante e rigoroso trabalho de recriação de extratos da coreografia original, a partir destes registros, para o filme “Coco Chanel et Stravinsky”, com a coreógrafa Dominique Brun, em 2008. Neste workshop, Caroline Baudouin, com a ajuda do músico percussionista Cyril Hernandez partirá da remontagem de extratos dançados desta peça, através de ateliers de composição em que temas como a relação entre grupo e indivíduo, o sacrifício, a articulação entre música e dança serão abordados, na busca de experimentar e compreender ritmicamente a partitura de Stravinsky para vivê-la corporalmente.
* Esta oficina se dirige a estudantes e profissionais de dança e a idade mínima é de 14 anos. A vagas são limitadas. Entrada franca. Inscrição na bilheteria.
Entre 3 e 7/6
Mesa: Conversas sobre a Sagração
Na quinta-feira, 6 de junho, às 19h30, será realizada a palestra “Conversas sobre a Sagração – A música de Stravinsky”, com o diretor da Sala Cecília Meireles, João Guilherme Ripper e o compositor Antonio Saraiva. A entrada é gratuita.
O objetivo da conversa é discutir os motivos que fazem com que “A Sagração da Primavera” continue sendo uma inesgotável fonte de estudo e modelo para os compositores contemporâneos.
29 /7 a 2/8
Oficina: A partir da Sagração da Primavera de Nijinski e Stravinski – Com Isabelle Launay
Esta oficina propõe um trabalho de análise sobre o desdobramento da criação de Nijinski (que desde 1913 ganhou 200 recriações) e sobre a qual se tem tão poucas informações. A coreografia mostra formas específicas de dançar a partir da modernidade, e temas tão essenciais como as ligações entre natureza e cultura, entre a comunidade e o indivíduo, entre os grupos sociais, entre o visível e o invisível. A Sagração, aqui, será considerada como uma matriz de trabalho para múltiplas recriações. Serão também analisadas diversas recriações, que levam a diferentes leituras e valores estéticos e políticos: aquele de Millicent Hodson, a partir dos arquivos de Nijinski em 1987; o de Pina Bausch, de 1975, o de Maurice Bejart, Xavier Leroy, de 2007, therry Niang (com dançarinos amadores e idosos) de 2012, entre outros. A partir do conjunto destas análises esta oficina irá propor que cada participante imagine sua própria sagração para os dias de hoje.
Isabelle Launay é professora do departamento de Dança da Universidade Paris 8, em Sant-Denis, onde ensina a História e a Estética da Dança Contemporânea e pesquisadora sobre a história da dança contemporânea do século XX, especialmente da França e da Alemanha. É membro da Association des Chercheurs en Danse, bem como integrou o colégio pedagógico fundador do Centre National de Danse Contemporaine de Angers, onde ensina regularmente. É autora de A la recherche d’une danse moderne, Rudolf Laban et Mary Wigman(Chiron, 1996) ; escreveu com Boris Charmatz, Entretenir, à propos d’une danse contemporaine (Presses du Réel/CND, 200), escreveu ensaios para três obras coletivas, Les Carnets Bagouet (Solitaires Intempestifs, 2008, Prix du Syndicat de la critique); com Sylviane Pagès,Mémoires et histoire en danse (L’Harmattan, 2011) e com Marie Glon Histoires de gestes (Actes Sud, 2012). Este ano está envolvida com um livro sobre a poética da memória da dança.
*Esta oficina se dirige a estudantes e profissionais de dança com a carga horária de 4h30 por dia (com 30 minutos de intervalo)
15 a 25/8
Visitando a Sagração
Apresentação de 3 obras coreográficas inéditas, pequenas homenagens, a partir d e “A Sagração da Primavera”. As versões serão criadas pelos artistas brasileiros Luis Arrieta, Marcelo Braga e Marcia Milhazes. Os coreógrafos podem criar solos, duos ou trios. Cada apresentação terá em média 15 minutos de duração.
10 apresentações – 8 no Espaço Sesc, uma no Sesc Nova Iguaçu e uma no Sesc São Gonçalo.(vamos definir ainda os dias de apresentação em Nova Iguaçu e São Gonçalo).
26/8
Palestra: O corpo-Nijinski – Com Antonio Pinto Ribeiro (Lisboa).
Formado em Filosofia, Ciências da Comunicação e Estudos Culturais, é professor e conferencista em várias universidades internacionais. Programador da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, António tem desenvolvido uma prática de programação artística e de gestão cultural, com a organização de vários programas, festivais e exposições nacionais e internacionais. Foi diretor artístico da Culturgest (centro cultural em Lisboa), de 1922 a 2004. Foi programador-geral de vários fóruns e programas na Fundação Calouste Gulbenkian entre os quais O Estado do Mundo (2006–2007), Distância e Proximidade (2008) e Próximo Futuro. Publicou, entre outros: Corpo a Corpo – Sobre as Possibilidades e os Limites da Crítica (1997), Ser Feliz é Imoral? – Ensaios Sobre Cultura, Cidades e Distribuição (2000), e À Procura da Escala – cinco exercícios disciplinados sobre cultura contemporânea (2009).
SERVIÇO
Local: Espaço Sesc
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana.
Telefone: (21) 2547-0156
Verificar classificação etária em cada evento
Inscrições para as oficinas na bilheteria do Espaço Sesc, de terça a domingo, de 15 às 21h.
Apresentações artísticas: R$ 5 (assoc. Sesc), R$ 10 (est., id.), R$ 20
Palestras, exibição de documentário e oficinas: Entrada franca. Lugares limitados.