Crítica de 7×7 sobre VÁCUO- I, Impostor – de Key Zetta e Cia na Bienal Sesc de Dança 2013

Idealizado pela artista Sheila Ribeiro,  o 7×7 é um projeto de manifestações crítico-poéticas em torno de trabalhos artísticos escritos por artistas. Desde 2009, o 7×7 olha para o que acontece em dança contemporânea por ai. Nascido durante o Festival Contemporâneo de Dança (SP), já cobriu o Festival Panorama (RJ), Olhares sobre o Corpo e  FID (MG), Panorama Sesi (SP), Bienal SESC de Dança 2013 (Santos), dialogando com os eventos de dança do Brasil e produzindo mais de 100 críticas artísticas. O 7×7 hoje é:  Arthur Moreau, Caroline Moraes, Rodrigo Monteiro, Bruno Freire, Laura Bruno e Lucia Naser. O idança, parceiro desde sempre, publica mais uma série de 7 críticas do projeto. Para conhecer + sobre,  acesse o site.

7×7 – Key zetta e cia  x Roberto Freitas = SanoKeyzetta

 

Por Roberto Freitas em torno de VÁCUO- I, Impostor – de Key Zetta e Cia na Bienal Sesc de Dança 2013

Quando cheguei na praia achei o fim de tarde maravilhoso, faltava quase uma hora para meu propósito de estar ali e aproveitei para respirar e ouvir o ruído branco do mar que tanto faz falta na cidade. Pensei que nada que acontecesse ali poderia competir com a paisagem, com o frio úmido da brisa, com aquele som de caramujo na orelha.

A hora passou e já tinha na minha frente um dançando e muita gente em volta. Depois eram dois dançando, mas também eram um, e a esse um veio outro de muito longe, do horizonte mesmo, a se juntar para ser esse um também. Era esse mesmo que me dava vontade de ser mais um também.

Olhando para o horizonte eu vi que outro alguém se aproximava. Vinha focado, quase correndo se juntar a peça de dança que ocupava aquelas dunas fabricadas. Só que não; passou direto e seu ponto de fuga era outro. Não vinha se juntar a SanoKeyzetta, mas ampliar os alcances de seus gestos. Então não eram mais três pessoas, éramos todos: os que corriam, os que estavam nos barcos no horizonte, os que passeavam com seus cachorros, nós todos.

Num momento SanoKeyZetta gritou e alguém muito longe se transformou em escultura por alguns momentos. Quando o segundo grito foi pronunciado ganhou vida, começou a se aproximar, e vinha como que para romper com a solidão instaurada.

Mas foi tarde, quando chegou a peça tinha acabado e o mundo já tinha soçobrado de sua suspensão.

Na afonia gritei junto.

Foto: Caroline Moraes

Roberto Freitas é artista e vive entre Florianópolis e São Paulo.

 

______________________________________________

7×7 – Key Zetta e cia  x Roberto Freitas = SanoKeyzetta

 

By Roberto Freitas around VÁCUO- I, Impostor – by Key Zetta e cia during the Sesc‘s Biennial of Dance 2013

When I got to the beach I thought the late afternoon was beautiful. I had one hour before the appointment that had taken me there and I took it to breathe and listen to the white ruffled sea that I miss so much in the city. I thought that nothing that was about to happen could compete with the scenery, with the cold wet breeze and that shell sound in the ear.

 The hour passed and there was one already dancing before me, a crowd circled around him. Then, they were two, but they were also one, and to this one another joined in from far away, from the very horizon, to be this one, too. This was exactly the one I felt like being: also one more.

Looking at the horizon I noticed that another one was approaching. He was focused, almost running to join the dance piece that was taking place in those fabricated dunes. But no; he moved past and his escaping point was another. He wasn’t coming for the SanoKeyzetta, but to amplify the reach of his gestures. Then, they weren’t three people anymore, it was all of us: the ones who ran, the ones on the boats in the horizon, the ones who walked their dogs, all of us.

In a moment SanoKeyZetta shouted and someone far away turned into a sculpture for a little while. When the second shout was out, the sculpture gained life and started to approach as if to break the loneliness settled.

But it was late. When it arrived the play had already finished and the world had already keeled over its suspension.

In the aphonia I shouted along.

Roberto Freitas is an artist and lives between Florianópolis and São Paulo.

Translation Portuguese-English: writer and poet Chris Ritchie, M.A.