Dança fica fora do Prêmio APCA 2015

Categoria é retirada pela primeira vez em 42 anos.

Nesta última quarta-feira, 2 de dezembro, a Associação Paulista de Críticos de Arte elegeu os ganhadores do Prêmio APCA 2015, nas categorias pré-existentes arquitetura, artes visuais, literatura, televisão, música popular, rádio, teatro, teatro infantil e cinema – tendo sido excluídas as categorias dança e música erudita. A inclusão da categoria moda foi outra mudança na organização do Prêmio este ano.

Desde 1973, um ano após a criação do Prêmio, a dança sempre tinha estado presente, e foram contemplados ao longo desse tempo artistas como Ivaldo Bertazzo, Klauss Vianna, Lia Rodrigues, Wagner Schwartz, João Saldanha, grupos como o Cena 11, Grupo Corpo, Cia. Dani Lima e o Ballet Stagium.

A bailarina e coreógrafa Sheila Ribeiro, ganhadora de dois prêmios no ano passado – pela participação no espetáculo Tira meu fôlego e o prêmio “Iniciativa em Dança” pelo projeto 7×7 –  questiona: “A Dança fora do APCA traz, mais do que tudo, perguntas sobre o momento da cultura no Brasil: quem decidiu? Com qual pertinência? Com qual parâmetro? Com qual diálogo? Com quem? A Dança fora do APCA é deixar de reconhecer o corpo como cultura pública” e acrescenta “é uma pena, mas no ano que vem, se entendi, a dança estará de volta. Com certeza isso causou um impacto forte que mobilizou a classe sobre os vetores do assunto“.

Em entrevista por telefone, o presidente da APCA, José Henrique Fabre Rolim, reafirmou o que havia dito ao jornal Estado de S. Paulo, sobre o caráter pontual desta alteração. Segundo ele, trata-se de uma decisão da comissão, que tem total autonomia. Sobre os critérios que determinaram essa escolha, explica: “A APCA é formada por 12 categorias, cada qual composta por uma comissão de membros especialistas de cada área que atuam na mídia. No caso da Dança, os seus membros declararam que neste ano a comissão, composta por Ana Cristina Echevenguá Teixeira, Ana Francisca Ponzio, Helena Katz e Renata Xavier, não chegou a um consenso, razão pela qual não houve premiação”.

Nota: Após a publicação deste texto, tivemos acesso à versão de Ana Francisca Ponzio, uma das integrantes da comissão, sobre a decisão de não premiar a dança neste ano. Ela conta que de fato houve uma discordância entre as quatro integrantes sobre a proposta inicial de premiar um único artista, e uma ideia que surgiu posteriormente de não oferecer nenhum prêmio para a categoria. Ela se coloca como contrária a ambas as propostas e conta que se retirou da comissão.

[Na foto: José Henrique Fabre Rolim, presidente da APCA]