Dança, Frente e Verso, lançamento da nVersos, reflete sobre repertório de Juliana Martins

Não há como deixar de se hipnotizar diante da execução de uma dança. Nesse momento, nada ao redor parece se mover a não ser quem percorre o palco com gentileza e perfeição. É assim que se nota a dança enquanto linguagem do corpo e, mais do que isso, o discurso da alma em rima coreográfica. Juliana Martins, bailarina e coreógrafa, utiliza-se deste tema para a construção de Dança, Frente e Verso, lançamento da nVersos, no qual revela a importância dessa arte em sua formação e também no cenário artístico mais abrangente.

Dança, Frente e Verso é uma síntese dos estudos, das experiências e também das ideias que fluem em conversas com amigos e alunos, os quais a autora confessa serem tão caros quanto os conceitos dos livros. Utilizando informações pessoais, trechos de diários antigos, entrevistas, poemas, notas feitas em livros de estudos e lembranças (tudo isso sem deixar a obra se tornar um diário pessoal), a autora mantém o foco na produção em dança do começo ao fim, dada a complexidade temática e os elementos de suas análises.

O livro está dividido em três capítulos. No primeiro, a autora se debruça na teoria de Rudolf Laban acerca da harmonia e como ela funciona no auxílio para afinar olhos e corpos. No segundo capítulo, a autora pega por empréstimo de Mark Johnson o entendimento de que existem obras cênicas que se desdobram para a percepção do espectador estável, e outras que se colocam mais estáveis e demandam que o espectador passeie por elas. Ainda no segundo capítulo, apresenta a teoria própria do espectador-refém. No terceiro e último capítulo, a obra ganha ares psicológicos com reflexões sobre a dramaturgia do in/consciente, um paralelo com conceitos de psicanálise (principalmente Freud) sobre a repetição e as operações do inconsciente.

O lançamento será 11 de dezembro.

*Juliana Martins Rodrigues de Moraes é bailarina, coreógrafa, doutora e bacharel em Dança na Unicamp. Realizou especialização e mestrado no Laban Centre, em Londres, e é professora do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, além de lecionar como professora convidada da Scuola Teatro Dimitri, em Versio (Suíça). Também é diretora da Companhia Perdida, fundada com o objetivo de viabilizar um espaço para a pesquisa de poéticas coreográficas em parceria com outros criadores-intérpretes e para a realização de espetáculos em grupo.