Dançar enquanto se é alvo | Danser pendant qu’on vous tient en joue

Quinta-feira 27.11.2003

É a minha terceira viagem à Palestina, que, no momento, chama-se “os territórios ocupados”. Eu não estou à vontade. Recentemente, a cena das bandeiras em de “Wolf”, nossa última produção, tinha tido repercussões para a nossa reputação (em “Wolf”, os atores põem fogo em duas bandeiras que recordam a dos Estados Unidos e a de Israel). A embaixada israelense na Bélgica tinha sido informada, e suponho que tenha tido igualmente ecos no país. É necessário sempre passar por Israel para ir a Palestina. E na chegada ao aeroporto de Tel Aviv, os serviços de segurança decidem se podemos prosseguir caminho ou não. Vários membros (belgas) de ONGs ou Human Rights Watch têm sido mandados de volta. Mas para mim, tudo passou-se com uma facilidade surpreendente. Fizeram as habituais perguntas intimidadoras, naturalmente, mas pude sair relativamente rápido. Omar me esperava e como sabia da minha incerteza, já começava a se preocupar. Como o vôo estava atrasado e nossos celulares ainda não estavam ativos, tivemos um certo lapso de tempo.Sim, pela primeira vez, eu tinha um celular. Suponho que devo ser o único habitante da Europa ocidental a não possuir um. Mas tendo em conta as peripécias das minhas visitas precedentes à Palestina, meus colegas da companhia preferiram que eu continuasse contactável. A semana que precedeu a minha partida, eu provoquei gargalhadas no escritório, fazendo com que nossas administradoras de turné, Lies e ÿris, me explicassem como funciona um celular.

Omar e Safa, que me recebem, vivem em Ramallah com suas duas crianças, Jenna, 11 anos, e Nai, 7 anos. Omar é engenheiro e um dos coreógrafos da companhia de dança El-Funoun. Desde o início da segunda Intifada (em Setembro de 2000; desencadeada pela visita provocadora de Sharon à Cúpula da Rocha em Jerusalém) não é simples se deslocar em Israel pelos territórios Palestinos ocupados. Existem neste momento 18 tipos diferentes de salvo-condutos para os Palestinos. Estes salvo-condutos dão o direito de fazer certas coisas, mas não outras. Quando Omar e Safa querem voltar para a Palestina de Israel, devem retornar cada um por um por um posto de controle, porque dispõem de salvo-condutos diferentes. Safa deixa Omar num posto de controle de Qualandia, pelo qual ele passa à pé. Enquanto isso Safa, de automóvel, é obrigada a dar uma larga volta ao redor de Ramallah antes de entrar na cidade por um outro posto de controle. Em seguida procura Omar e retornam juntos à casa.

Sexta-feira 28.11

Café da manhã. Safa contou que há não muito tempo, um grupo de soldados israelenses tinha entrado à força no seu apartamento. A região estava agitada e, como sempre, o exército tinha entrado na cidade. À procura de lugares estratégicos para colocar atiradores, soldados tinham identificado o seu apartamento; simplesmente arrombando a porta de entrada. Safa, uma mulher bastante pequena e frágil, estava em casa com as crianças. Urrou que para ocupar o seu apartamento, primeiro eles tinham que matá-la. Uma troca de ameças se seguiu. Safa telefonou a seus amigos israelenses para dizer que, se fosse morta, teria sido por querer proteger sua casa e não porque fosse terrorista. Os soldados se olharam hesitantes; perto da porta, olhavam Safa e suas filhas que tremiam agarradas a ela. Safa disse à Nai, a mais jovem, que não devia ter medo e que ela podia intimidar os soldados olhando-os olho no olho. Nai o fez e descobriu que aquilo funcionava… Depois, os amigos israelenses de Safa conseguiram dissuadir as autoridades militares de ocupar o apartamento.

Estou em Ramallah para dirigir um workshop com os membros de El-Funoun. A companhia apresenta espectáculos de dança inspirados nas tradições palestinas. Já há algum tempo eles queriam dar uma forma mais contemporânea às suas peças. Não é tão simples, porque por um lado não querem de jeito algum copiar uma ou outra corrente européia. Por outro, seu público não tem de forma alguma o hábito da linguagem coreográfica contemporânea. O assunto surgiu em discussões animadas com os bailarinos vendo trechos de espectáculos do Les Ballet C. de la B. que eu reuni numa fita de vídeo.

Ainda que aos nossos olhos aquilo pareça bem ultrapassado, a procura da identidade e o seu reconhecimento são de uma importância essencial para os palestinos. A ocupação incessante, a opressão e as humilhações que a acompanham, sem qualquer perspectiva de melhoria, apenas reforçam esta necessidade. Cada ação de cada palestino que encontrei é impregnada disso. Não é surpreendente, porque tudo que é feito, visto ou vivido na Palestina é dominado pela ocupação. Desde a hora de acordar até o momento de deitar.

Com exceção de um assalariado, todos os membros de El-Funoun são voluntários. Estudam ou trabalham durante o dia e ensaiam à noite. Quando o toque de recolher é decretado (o que acontece regularmente e sempre de maneira inesperada), ninguém tem mais o direito de sair. “A situação”, como se diz ali, paira permanentemente sobre os ensaios e as apresentações. Frequentemente, os bailarinos não podem ensaiar porque não puderam chegar até lá, ou então não poderão voltar para casa. Para os que vivem fora da cidade há também o problema de passar os postos de controle. Nunca se está completamente certo de que estarão abertos ou se deixarão passar a todos.

Sábado 29.11

Safa me leva a Jerusalém. Em tempos normais, o trajeto tomaria apenas 15 minutos de carro. Atualmente, é necessário em média uma hora e meia. Habituar-se à presença dos postos de controle é absolutamente impossível. Geralmente são guardados por jovens soldados fortemente armados. Em função do seu humor (e do seu grau de angústia), os controles de identidade podem ser muito difíceis ou sem nenhum problema. As histórias sobre o que se passa nestes postos de controle são inacreditáveis. Recentemente, soldados israelenses ousaram quebrar o silêncio sobre as humilhações e torturas infligidas aos cidadãos palestinos nos postos de controle, ou mesmo sobre os muitos palestinos que foram mortos aleatoriamente. Jornalistas judeus universalmente respeitados como Gideon Levy ou Amira Hass cada vez mais publicam estes testemunhos. Recentemente saiu um livro do sargento Liran Ron Furer, intitulado I punched an Arab in the face (eu dei um soco na cara de um árabe). Furer conta como, recém-saído da Thelma Yellin High School of Arts, o trabalho nos postos de controle o modificou rapidamente; de um jovem sensível, se tornou um sádico violento que batia nos palestinos porque não se mostravam suficientemente servis. Chama-se a este fenômeno “síndrome dos postos de controle”. O site da organização israelense de defesa dos direitos humanos, B’ Tselem (www.btselem.org), tem uma longa lista de testemunhos do mesmo tipo.

Jerusalém é uma cidade magnífica e fascinante, onde cada pedra respira história. O setor oriental é palestino, a parte ocidental é israelense. Mas na Jerusalém Oriental, vejo ainda muito mais judeus ortodoxos que da última vez. É sabido que eles põem imediatamente a mão em cada casa que se libera, por menor que seja, e que as autoridades israelenses “abençoam” esta iniciativa. Além disso, apesar dos acordos internacionais e as objecões expressas por outros países, este mesmo governo persevera no estabelecimento de novas colônias em território palestino.

Safa quer que eu visite a mesquita Al-Aqsa, coberta por uma cúpula dourada impressionante, mas a entrada é guardada por guardas israelenses que nos proíbem o acesso. Safa não pode entrar porque não está usando um chador; eu não posso entrar porque sou estrangeiro, mas sobretudo – ironicamente – os soldados querem nos proteger de eventuais atos de violência por parte de judeus extremistas…

Domingo 30.11

O workshop começa hoje mais tarde. Passeio por Ramallah. Por toda parte, vejo vestígios de violência. Marcas de tanques blindados sobre a calçada; passeios, árvores e postes elétricos destruídos; construções onde os morteiros e as balas abriram buracos; onipresença de trabalhadores que fazem reparos. Muito perto do centro fica o quartel-general de Arafat, inteiramente devastado. Não vejo realmente onde ainda se pode viver nesta ruína, mas suponho que tomem efetivamente conta dele. A oposição a Arafat e ao seu governo amplifica-se continuamente aqui. Muitos dos palestinos desejam há muito tempo que o líder desapareça da circulação. A geração dos homens de 70 anos (à qual pertence também Sharon) tornou-se tão odiosa e inflexível que enquanto estes homens estiverem no poder, nenhuma esperança de mudança é possível.

Nos cafés ao redor de El-Manara (o lugar central ornado com estátuas de leões), as pessoas gostam de conversar com os estrangeiros. Os belgas são muito apreciados aqui. Ninguém fala da chuva e do tempo; os horrores que cada família sofre diariamente é o único assunto de conversação. Me pergunto realmente onde estas pessoas encontram ainda sua gentileza e sua paciência.

Tenho um encontro no escritório de Omar. Ele conta como, na primavera 2002, os soldados invadiram os escritórios, os destruíram ou saquearam. Deixaram excrementos sobre os computadores e depositaram saquinhos de urina nas gavetas.

O desenrolar da oficina é agitado. Há um certo clima. Trabalha-se pesado, ri-se muito e discute-se com muito ardor. O sentido das tradições, por exemplo, ou até onde pode-se ir na provocação do público. Espetáculos de dança contemporânea européia entediantes e pretensiosos que acabaram de ver. Suas razões para dançar apesar de tais circunstâncias.

À noite, uma rajada de fuzis me desperta. O exército israelense invadiu uma casa ocupada por pessoas que se supõe possam ter relações com o Hamas.

Segunda-feira 01.12

Tenho encontro com Samira, que me leva à universidade de Birzeit, na periferia de Ramallah. A estrada é fechada por barricadas: duas pilhas de areia, rochas e pedras impedem os automóveis continuar. À primeira barricada, todos devem descer. A seguir, é necessário andar durante mais ou menos um quilômetro e meio. Depois da segunda barricada, tomamos um táxi para prosseguir. É uma das numerosas barricadas absurdas cujo único objetivo é irritar as pessoas. Ramallah e Birzeit encontram-se ambos em território palestino. As barricadas, portanto, não são justificadas pela segurança. As milhares de pessoas que trabalham ou estudam na universidade, no entanto, são obrigados a sofrer isso todos os dias. As ambulâncias também não passam. Os pacientes são colocados sobre uma maca e levados ao outro lado, onde espera uma outra ambulância. Geralmente, não há soldados nas barricadas, mas isso não significa que se possa liberar a estrada; assim que se faz uma tentativa neste sentido, as escavadeiras aparecem para restabeleceê-las. Às vezes, há efetivamente soldados, a quem cabe decidir de repente que ninguém pode passar – durante os exames, por exemplo, ou o dia de anúncio dos resultados. A universidade de Birzeit fez um contundente documentário em vídeo sobre a situação, intitulado “A caged bird’ s song”.

Enquanto percorro à pé um quilômetro e meio em companhia de Samira, ouço uma explosão. Uma grande nuvem negra ascende imediatamente sobre o centro de Ramallah. Todos compreendem imediatamente o que aquilo quer dizer e telefonam para seus amigos e parentes para saber o que aconteceu. O exército israelense explodiu um edifício de apartamentos porque suspeitava que um simpatizante do Hamas morava ali.

Em Birzeit, recebemos uma delegação de professores holandeses. Participo da visita guiada e da discussão com alguns estudantes. Uma vez mais, ouço uma sucessão sem fim de relatos pessoais que evocam os horrores e humilhações sofridos. Por um momento, tenho náusea; constato a mesma reação nos holandeses.

A oficina começa no início da noite, num clima de agitação e apreensão. Houve perturbações no posto de controle de Qualandia, pararam cerca de trinta pessoas em Ramallah e houve quatro mortes, inclusive uma criança de sete anos. É o que se chama aqui de um fim de semana relativamente calmo. Uma das bailarinas se desculpa porque não consegue se concentrar. Passou o dia procurando o primo e sua mulher: foram tirados da cama na noite anterior e levados a uma prisão israelense. Desde então, mais ninguém teve notícias. Paramos antes da hora, porque a tensão é grande demais. Vamos ver a construção que foi destruída esta tarde. Os estragos são imensos, o edifício de quatro andares literalmente foi arrasado. Os soldados tinham dado apenas alguns minutos aos habitantes para deixar o lugar antes da explosão. Aí estão quatro famílias que perderam tudo porque suspeitava-se que neste prédio residia um simpatizante do Hamas.

Terça-feira 02.12

Em Ramallah, o comércio está fechado. Chora-se os quatro mortos de ontem, que serão enterrados hoje.

Volto a Jerusalém. No posto de controle, sou precedido por uma família cuja avó, extremamente idosa, está sentada numa cadeira de rodas. Obriga-se esta mulher a levantar-se e cruzar a barricada à pé – poderia estar sentada sobre um objeto suspeito! Vejo que o jovem soldado mal suporta a cena, os quatro membros da família que apóiam a mulher doente e pesada. O pequeno grupo tem efetivamente necessidade de vinte minutos para cobrir vinte metros. Sei que não devo reagir – não por mim, porque não arrisco muito, mas por eles. Porque não seria a primeira vez que os palestinos à frente ou atrás de mim tiveram que suportar as consequências de tal reação eventual.

Em Jerusalém, tenho um encontro com uma colaboradora do Consulado da Bélgica. Conto-lhe minhas experiências; ela apenas agita a cabeça. Sabe o que se passa, sente há muito tempo que a situação está sem saída, mas presta uma ajuda discreta onde é possível.

Constato o mesmo desânimo em R., uma judia que trabalha para Taayush (www.taayush.org), uma associação que tenta incentivar a colaboração entre judeus e palestinos. Ela também não não tem muita esperança a oferecer. Só uma pergunta: para que serve tudo isso? Não há nenhum sinal animador no horizonte. Pelo contrário: o muro do apartheid tornou-se quase uma realidade; quase todos os dias, novas colônias são instaladas em território palestino; alteram-se as leis à força – logo, será mesmo impossível a um palestino que vive em Israel casar com um habitante dos territórios ocupados; a radicalização intensifica-se à olho nu, tanto entre judeus como entre palestinos…

Quando pergunto à R. o que podemos fazer, ela responde: “Continuar a vir nos territórios ocupados e fazer pressão sobre os governos para boicotar Israel,” como se fez ao governo branco da África do Sul no tempo do Apartheid. Porque aqui a situação não é diferente, é pior.” Eis as palavras de uma judia de Tel Aviv.

Omar e Safa dão uma festa de adeus para mim. Se dança, canta, ri e fala imensamente sem que ninguém tenha necessidade da mais mínima gota de álcool. Nurra reencontrou a mulher do seu primo. Foi interrogada durante 24 horas e em seguida liberada. Seu marido continua na prisão. Os bailarinos me dizem que tiveram imenso prazer no workshop. Mas eu parto com muito mais perguntas do que quando cheguei.

Quarta-feira 03.12

Safa está com uma inflamação no ombro. Devia me levar ao aeroporto, mas não é possível. Reorganiza-se. Omar tira meio dia de folga, me conduz ao posto de controle de Qualandia, desce do automóvel e continua à pé enquanto nós, de carro, fazemos uma volta de meia hora para passar por outro posto de controle. Recolhemos Omar do outro lado, e em seguida devemos contornar várias novas barricadas sobre a estrada, onde acontecem os controles de identidade. Uma hora e meia depois, chegamos à Jerusalém, onde deixamos Safa no hospital. Omar continua para Tel Aviv. No caminho, mostra-me como em Jerusalém-Oriental (em território palestino), instalam-se ilegalmente inúmeros colonos judeus ao redor de aldeias palestinas e casas isoladas. Ao longo da estrada, mostra-me também os grandes campos de cactus. Para ele, cactus são um símbolo cheio de sentidos. Antes, os palestinos cultivavam cactus ao redor dos seus jardins e campos, como uma espécie de cerca natural. Os judeus que hoje tomam seu lugar tentam erradicar os cactus, mas isso se revela impossível. Omar vê os cactus como um sinal de resistência silenciosa por parte da natureza.

Os controles no caminho do aeroporto de Tel Aviv tomam duas horas e meia. Quem sai dos territórios ocupados ganha tratamento especial “exclusivo”: uma longa série de perguntas, as bagagens passadas no pente fino (os agentes de segurança manuseiam, como se fosse uma cueca suja, o livro The New Intifada. Resisting Israel’ s Apartheid, no qual colaboraram Noam Chomsky, Robert Fisk e Edward Said, recentemente falecido), as mesmas perguntas repetidas por outras pessoas, a busca corporal, um novo interrogatório… Tal tratamento especial tem também as suas vantagens: ganha-se uma guarda pessoal que nos passa a frente na fila.

Considerações:

É necessário talvez que acabe enfim esta linguagem hesitante que serve para esconder o sentimento de culpa que há anos certos membros da comunidade judaica exploram. Gritam contra o anti-semitismo, freqüentemente a justo título, mas freqüentemente também com demasiado ardor, a demasiado facilidade. É a lei do silêncio. Recuso a me submeter a isso. O governo israelense é culpado e o governo americano é cúmplice; é necessário gritar alto e extremamente. Da mesma maneira que tivemos êxito em pôr de joelhos o regime do apartheid sul-africano impondo um boicote de grande envergadura mundial, devemos também pôr termo à política israelense de colonização e humilhação. Aquilo não é somente importante para a região; é essencial para a política mundial futura e por conseguinte também para nós, aqui na Europa. Estou convencido disso.

Os palestinos que encontrei sonham em definitivo com um Estado único ondecada um tenha os mesmos direitos e deveres, “cada pessoa um voto”.

Entretanto, nada impedirá de continuar a trabalhar – como faço há seis anos – com artistas judeus que aprecio imensamente. Porque, como sabem os pais de Jenna e Nai: não há maus judeus. Há na verdade um regime israelense que pratica uma política execrável e esta, infelizmente, é apoiada por muitos judeus.Le jeudi 27.11

C’était mon troisième voyage en Palestine, dans ce qui, pour le moment, s’appelle toujours “les territoires occupés”. Je n’étais pas à l’aise cette fois-ci. Récemment, la scène des drapeaux de “Wolf”, notre dernière production, avait eu des répercussions pour notre réputation (dans “Wolf”, les acteurs mettent le feu à deux drapeaux rappelant ceux des États-Unis et d’Israël). L’ambassade israélienne en Belgique en avait été informée, et je supposais qu’on en avait également eu des échos au pays.Il faut toujours passer par Israël pour aller en Palestine. Et à l’arrivée à l’aéroport de Tel Aviv, les services de sécurité décident si l’on peut poursuivre son chemin ou non. Plusieurs membres (belges) d’ONG ou de Human Rights Watch ont déjà été renvoyés. Mais pour moi, tout se passe avec une facilité étonnante. On me pose les habituelles questions intimidantes, bien entendu, mais on s’y fait après deux fois. Je peux donc sortir relativement vite. Omar m’attend. Comme il était au courant de mon incertitude, il commençait déjà à s’inquiéter. En effet, comme le vol avait pris du retard et comme nos téléphones portables n’étaient pas encore synchronisés, nous n’avions pu nous joindre pendant un certain laps de temps. Oui, pour la première fois, je suis muni d’un portable. Je suppose que je dois être le seul habitant d’Europe occidentale à ne pas en posséder un. Mais compte tenu des péripéties de mes visites précédentes en Palestine, mes collègues des Ballets avaient préféré que je reste joignable. La semaine précédant mon départ, j’avais donc mis de l’ambiance – et provoqué l’hilarité – au bureau en me faisant expliquer le fonctionnement par nos administratrices de tournée Lies et Iris, et aussi par Peter, Erna, Herwig et Christine.

Omar et Safa, qui m’accueillent, vivent à Ramallah avec leurs deux enfants, Jenna, 11 ans, et Nai, 7 ans. Omar est ingénieur et l’un des deux chorégraphes de la compagnie de danse El-Funoun. Depuis le début de la seconde Intifada (en septembre 2000; elle fut notamment déclenchée par la visite provocatrice de Sharon au Rocher du Dôme à Jérusalem) il n’est pas simple de se déplacer en Israël pour les Palestiniens des territoires occupés. Il existe en ce moment 18 types différents de laissez-passer pour les Palestiniens. Ces laissez-passer donnent le droit de faire certaines choses, mais pas d’autres. Lorsque Omar et Safa veulent retourner en Palestine depuis Israël, ils doivent rentrer chacun par un autre poste de contrôle, car ils disposent de laissez-passer différents. Safa dépose alors Omar au poste de contrôle de Qualandia, qu’il passe à pied. Pendant ce temps-là, Safa effectue en voiture un large détour autour de Ramallah avant d’entrer en ville par un autre poste de contrôle. Elle va ensuite chercher Omar et ils rentrent ensemble à la maison. Depuis le temps, ils en ont l’habitude…

Le vendredi 28.11

Au petit déjeuner, Safa raconte qu’il n’y a pas longtemps, un groupe de soldats israéliens étaient entrés de force dans leur appartement. La région était agitée et, comme d’habitude, l’armée avait investi la ville. À la recherche d’endroits stratégiques pour poster des tireurs, des soldats avaient repéré leur appartement; ils en avaient tout simplement fracassé la porte d’entrée. Safa, une femme assez petite et frêle, était à la maison avec les enfants. Elle sortit de ses gonds et hurla que pour occuper son appartement, ils allaient d’abord devoir la tuer. Un échange de vociférations menaçantes s’ensuivit. Safa appela ses amis israéliens pour leur dire que, si elle était abattue, ce serait parce qu’elle avait voulu protéger son logement et non parce qu’elle était une terroriste. Les soldats se mirent à hésiter; restés près de la porte, ils visaient Safa et ses filles tremblantes, qui se blottissaient contre elle. Safa dit à Nai, la plus jeune, qu’elle ne devait pas avoir peur et qu’elle pouvait embarrasser les soldats en les regardant droit dans les yeux. Nai le fit et découvrit que ça marchait… Depuis, les amis israéliens de Safa ont pu dissuader les autorités militaires d’occuper l’appartement.

Je suis à Ramallah pour diriger un stage avec les membres de El-Funoun. La compagnie présente des spectacles de danse inspirés des traditions palestiniennes. Depuis quelque temps déjà, elle voulait donner une forme plus contemporaine à ses pièces. Ce n’est pas si simple, car d’une part, elle ne veut en aucun cas copier l’un ou l’autre courant européen, et d’autre part, son public n’a pas du tout l’habitude du langage chorégraphique contemporain. Cela fut d’ailleurs évoqué lors des discussions animées qu’eurent les danseurs en regardant des extraits de spectacles des Ballets que j’avais réunis sur une bande vidéo.

Même si à nos yeux, cela semble bien dépassé, la quête de l’identité et sa reconnaissance sont d’une importance essentielle pour les Palestiniens. L’occupation incessante, l’oppression et les humiliations qui l’accompagnent, dénuées de toute perspective d’amélioration, ne font que renforcer cette nécessité. Chaque action de chaque Palestinien que j’ai rencontré, en est imprégnée. Ce n’est pas étonnant, car tout ce que l’on fait, voit ou vit en Palestine est dominé par l’occupation. On y est confronté dès le réveil et jusqu’au moment d’aller se coucher.

À l’exception d’un seul salarié, tous les membres d’El-Funoun sont des bénévoles. Ils font des études ou travaillent pendant la journée et répètent le soir. Quand le couvre-feu est décrété (ce qui arrive régulièrement et toujours de façon inattendue), personne n’a plus le droit de sortir. “La situation”, comme on dit là-bas, pèse en permanence sur les répétitions et les représentations. Souvent, les danseurs ne peuvent pas participer aux répétitions parce qu’ils n’ont pu arriver jusque-là, ou alors ils ne peuvent plus rentrer chez eux. Pour ceux qui vivent en-dehors de la ville s’y ajoutent l’obligation de passer les postes de contrôle. On n’est jamais tout à fait sûr que ceux-ci seront ouverts et qu’on y laissera passer tout le monde.

Le samedi 29.11

Safa m’emmène à Jérusalem. En temps normal, le trajet ne prend que 15 minutes en voiture. Actuellement, il faut compter en moyenne une heure et demie. S’habituer à la présence des postes de contrôle est absolument impossible. Ils sont le plus souvent gardés par de jeunes soldats lourdement armés. En fonction de leur humeur (et de leur degré d’angoisse), les contrôles d’identité se déroulent soit très difficilement, soit sans aucun problème. Les histoires à propos de ce qui se passe à ces postes de contrôle sont insensées, parfois difficiles à croire. Récemment, des soldats israéliens ont osé rompre le silence à propos des humiliations et des tortures infligées aux citoyens palestiniens à ces postes de contrôle, voire des nombreux Palestiniens qui y ont été abattus “par hasard”. Des journalistes juifs universellement respectés tels que Gideon Levy ou Amira Hass arrivent progressivement à faire publier ces témoignages. Récemment est sorti un livre du Sergeant Liran Ron Furer, intitulé I punched an Arab in the face (J’ai donné un coup de poing dans la figure d’un Arabe). Furer y raconte comment, jeune diplômé de la Thelma Yellin High School of Arts, le travail aux postes de contrôle l’a rapidement métamorphosé; d’une jeune homme sensible, il est devenu un sadique violent qui battait les Palestiniens parce qu’ils ne se montraient pas assez serviles. On appelle ce phénomène “le Syndrome du Poste de contrôle”. Le site de l’organisation israélienne de défense des droits de l’homme, B’Tselem (www.btselem.org), reprend une longue liste de témoignages du même genre.

Jérusalem est une ville superbe et fascinante, où chaque pierre respire l’histoire. Le secteur oriental est palestinien, la partie occidentale est israélienne. Mais à Jérusalem-Est, je vois encore beaucoup plus de Juifs orthodoxes que la dernière fois. Il est bien connu qu’ils mettent immédiatement la main sur la moindre maison qui s’y libère, et que les autorités israéliennes “bénissent” de telles entreprises. De plus, malgré les accords internationaux et les objections exprimées par d’autres pays, ce même gouvernement persévère dans l’établissement de nouvelles colonies en territoire palestinien.

Safa veut me faire visiter la mosquée Al-Aqsa, coiffée d’un dôme doré impressionnant, mais l’entrée est gardée par des gardes israéliens qui nous en interdisent l’accès. Safa ne peut pas entrer parce qu’elle ne porte pas de foulard; moi, je ne peux pas entrer parce que je suis étranger, mais surtout – ô ironie – les soldats veulent nous protéger d’éventuels actes de violence de la part de Juifs extrémistes…

Le dimanche 30.11

Le stage commence aujourd’hui, mais plus tard dans la journée. Je flâne à Ramallah. Partout, je vois des traces de violences. Des empreintes de chenilles de blindés sur la chaussée, des trottoirs, arbres et poteaux électriques détruits, des bâtiments où les mortiers et les balles ont ouvert des trous béants, l’omniprésence d’ouvriers effectuant des réparations. Tout près du centre se situe le quartier général d’Arafat, entièrement dévasté. Je ne vois pas vraiment où on peut encore vivre dans cette ruine, mais je suppose qu’on prend bien soin de lui. L’opposition à Arafat et à son gouvernement s’amplifie continuellement ici. Bon nombre de Palestiniens souhaitent depuis longtemps que le leader disparaisse de la circulation. La génération des hommes de 70 ans (à laquelle appartient aussi Sharon) est devenue tellement haineuse et rigide que tant que ces hommes seront là, aucun espoir de changement ne sera possible.

Dans les cafés autour d’El-Manara (la place centrale ornée de statues de lions), les gens aiment discuter avec les étrangers. Les Belges sont très appréciés ici. Personne ne parle de la pluie et du beau temps; les horreurs que chaque famille subit quotidiennement est l’unique sujet de conversation. Je me demande vraiment où ces gens trouvent encore leur gentillesse et leur patience.

J’ai rendez-vous au bureau d’Omar. Il me raconte comment, au printemps 2002, les soldats ont envahi les bureaux et y ont tout détruit ou emporté. Ils ont laissé des excréments sur les ordinateurs et déposé des sachets d’urine dans les tiroirs.

Le déroulement du stage est agité. Il y a “de l’ambiance”. On travaille d’arrache-pied, on rit beaucoup et on discute avec beaucoup d’ardeur. Du sens des traditions, par exemple, ou de jusqu’où on peut aller dans la provocation du public. Des pièces de danse contemporaines européennes ennuyeuses et prétentieuses qu’il leur arrive de voir. De leurs raisons de danser malgré tout dans de telles circonstances.

La nuit, des fusillades me réveillent. L’armée israélienne a fait irruption dans une maison occupée par des gens dont on suppose qu’ils pourraient avoir des liens avec Hamas.

Le lundi 01.12

J’ai rendez-vous avez Samira, qui m’emmène à l’université de Birzeit, juste en dehors de Ramallah. La route est fermée par des barrages: deux tas de sable, de gros rochers et des pierres empêchent les voitures de continuer. Au premier barrage, tout le monde doit descendre. Ensuite, il faut marcher pendant à peu près un kilomètre et demi, puis, après le second barrage, prendre un taxi pour poursuivre le trajet. C’est l’un des nombreux barrages absurdes dont l’unique but est d’irriter les gens. En effet, Ramallah et Birzeit se trouvent tous deux en territoire palestinien. Les barrages ne sont donc pas justifiés par la sécurité. Les milliers de gens qui travaillent ou étudient à l’université sont néanmoins obligés de les subir tous les jours. Les ambulances ne passent pas non plus. Les malades sont donc placés sur un brancard et portés de l’autre côté, où les attend une autre ambulance. D’habitude, il n’y a pas de soldats aux barrages, mais cela ne signifie pas pour autant qu’on peut dégager la route; dès que l’on fait une tentative dans ce sens, les bulldozers apparaissent pour rétablir les barrages. Parfois, il y a effectivement des soldats, à qui il arrive de décider soudain que personne ne peut passer – pendant les examens, par exemple, ou le jour de la proclamation des résultats. L’université de Birzeit a réalisé un document vidéo poignant concernant cette situation, intitulé “A caged bird’s song”.

Tandis que je parcours à pied le kilomètre et demi en compagnie de Semira, j’entends une déflagration tonitruante. Un gros nuage noir s’élève aussitôt au-dessus du centre de Ramallah. Tout le monde comprend immédiatement ce que cela veut dire et appelle ses amis et parents pour savoir ce qui s’est passé. L’armée israélienne a fait sauter un immeuble d’appartements parce qu’elle soupçonnait un sympathisant de Hamas d’y habiter.

À Birzeit, on reçoit une délégation d’enseignants néerlandais. Je participe à la visite guidée et à la discussion avec quelques étudiants. Une fois de plus, j’écoute une succession sans fin de récits personnels évoquant des terreurs et humiliations subies. Par moments, j’en ai la nausée; je constate la même réaction chez les Néerlandais.

Le stage commence en début de soirée, dans un climat d’agitation et d’inquiétude. Il y a eu des troubles au poste de contrôle de Qualandia, on a arrêté une trentaine de personnes à Ramallah et il y a eu quatre morts, dont un enfant de sept ans. C’est ce qu’on appelle ici un week-end relativement calme. L’une des danseuses présente ses excuses parce qu’elle a du mal à se concentrer. Elle a passé la journée à chercher son cousin et sa femme; ils ont été tirés du lit la nuit précédente et emmenés dans une prison israélienne. Depuis, plus personne n’a eu de leurs nouvelles. Nous arrêtons avant l’heure, car la tension est trop grande. Nous allons voir le bâtiment qui a été détruit cet après-midi. Les dégâts sont immenses, l’immeuble de quatre étages a été littéralement rasé. Les soldats n’avaient donné que quelques minutes aux habitants pour quitter les lieux avant l’explosion. Voilà quatre familles qui ont tout perdu parce qu’on soupçonnait que dans ce bâtiment résidait un sympathisant de Hamas.

Le mardi 02.12

À Ramallah, tous les commerces sont fermés. On pleure les quatre morts d’hier, qui sont enterrés aujourd’hui.

Je me rends à Jérusalem. Au poste de contrôle, je suis précédé par une famille dont la grand-mère extrêmement âgée est assise dans un fauteuil roulant. On oblige cette femme à se lever et à franchir le barrage à pied – elle pourrait être assise sur un objet suspect ! Je vois que le jeune soldat a du mal à supporter la scène, les quatre membres de la famille qui soutiennent la femme malade et lourde. Le petit groupe a bien besoin d’une vingtaine de minutes pour faire vingt mètres. Je sais que je ne dois pas réagir – non pas pour moi, car je ne risque pas grand-chose, mais pour eux. Car ce ne serait pas la première fois que les Palestiniens devant ou derrière moi aient à supporter les conséquences d’une telle réaction éventuelle.

À Jérusalem, j’ai rendez-vous avec une collaboratrice du Consulat de Belgique. Je lui raconte mes expériences; elle se contente de hocher la tête. Ils savent ce qui se passe, ils sentent depuis longtemps que la situation est sans issue, mais ils apportent une aide discrète là où c’est possible. Je constate le même découragement chez R., une Juive qui travaille pour Taayush (www.taayush.org), une association qui tente d’encourager la collaboration entre Juifs et Palestiniens. Elle non plus n’a pas beaucoup d’espoir à offrir. Elle a juste une question : à quoi sert tout ça ? Car aucun signe encourageant ne pointe à l’horizon. Au contraire : le mur de l’apartheid est presque devenu une réalité; quasiment tous les jours, de nouvelles colonies sont installées en territoire palestinien; on modifie les lois à tour de bras – bientôt, il sera même impossible à un(e) Palestinien(ne) vivant en Israël d’épouser un(e) habitant(e) des territoires occupés; la radicalisation s’intensifie à vue d’œil, tant chez les Juifs que parmi les Palestiniens…Lorsque je demande à R. ce que nous pouvons faire, elle me répond : “Continuez à venir dans les territoires occupés et faites pression sur vos gouvernements pour boycotter Israël, comme on l’a fait vis-à-vis du gouvernement blanc d’Afrique du Sud au temps de l’apartheid. Car ici la situation n’est pas différente, elle est même pire.” Voilà les paroles d’une Juive de Tel Aviv.

Omar et Safa donnent une fête d’adieu pour moi. Une ambiance du tonnerre. On danse, chante, rit et parle énormément sans que quiconque ait besoin de la moindre goutte d’alcool. Nurra a retrouvé la femme de son cousin. Elle a été interrogée pendant 24 heures, puis relâchée. Son mari est toujours en prison. Les danseurs me disent qu’ils ont pris un immense plaisir au stage. Mais moi, je repars avec bien plus de questions que je n’en avais en arrivant.

Le mercredi 03.12

Safa souffre d’une inflammation à l’épaule. Elle devait me conduire à l’aéroport, mais ce n’est pas possible. On se réorganise. Omar prend une demi-journée de vacances, nous conduit au poste de contrôle de Qualandia, descend de voiture et continue à pied tandis que nous, en voiture, faisons le détour d’une demi-heure pour passer par un autre poste de contrôle. Nous reprenons Omar de l’autre côté, puis nous devons contourner plusieurs nouveaux barrages sur la route où ont lieu des contrôles d’identité. Une heure et demie après, nous arrivons à Jérusalem, où nous déposons Safa à l’hôpital. Omar continue vers Tel Aviv. En chemin, il me montre comment à Jérusalem-Est (donc en territoire palestinien), on installe illégalement d’innombrables colons autour de villages palestiniens et de maisons isolées. Le long de l’autoroute, il me montre aussi les grands champs de cactus. Pour lui, les cactus sont un signe plein de sens. Avant, les Palestiniens cultivaient des cactus autour de leurs jardins et champs, comme une espèce de haie naturelle. Les Juifs qui ont à présent pris leur place, tentent d’éradiquer les cactus, mais cela s’avère impossible. Omar voit donc les cactus comme un signe de résistance silencieuse de la part de la nature.

Les contrôles à l’aéroport de Tel Aviv prennent deux heures et demie. En sortant des territoires occupés, on bénéficie d’un traitement spécial, “en exclusivité” : une longue série de questions, les bagages passés au peigne fin (les agents de sécurité en retirent, comme s’il s’agissait d’un slip sale, le livre The New Intifada. Resisting Israel’s Apartheid, auquel ont notamment collaboré Noam Chomsky, Robert Fisk et Edward Said, récemment décédé), les mêmes questions répétées par d’autres personnes, la fouille corporelle, un nouvel interrogatoire… Un tel traitement spécial a aussi ses avantages; on se voit attribué un garde du corps personnel qui vous évite de faire la queue.

Considérations:

Il faut peut-être qu’il cesse enfin, ce langage hésitant servant à cacher le sentiment de culpabilité qu’exploitent depuis des années certains membres de la communauté juive. Ils crient à l’antisémitisme, souvent à juste titre, mais souvent aussi avec trop d’empressement, trop de facilité. C’est l’argument massue, la loi du silence. Je refuse de m’y soumettre. Le gouvernement israélien est coupable et le gouvernement américain est complice; il faut le crier haut et fort. Tout comme nous avons réussi à mettre à genoux le régime de l’apartheid en imposant un boycott d’envergure mondiale, nous devons aussi mettre fin à la politique israélienne de colonisation et d’humiliation. Cela n’est pas seulement important pour la région; c’est essentiel pour la politique mondiale future et donc aussi pour nous, ici. J’en suis persuadé.

Les Palestiniens que j’ai rencontrés rêvent en définitive d’un État unique où chacun ait les mêmes droits et devoirs, “one person one vote”.

Entre-temps, rien ne m’empêchera de continuer à travailler – comme je le fais depuis six ans – avec des artistes juifs que j’apprécie énormément. Car, comme l’apprennent leurs parents à Jenna et Nai : il n’y a pas de mauvais Juifs; il y a juste un régime israélien qui pratique une politique exécrable et celle-ci, malheureusement, est soutenue par de trop nombreux Juifs.