Danças estão tomando conta das salas de cinema

Neste último mês, diversos filmes sobre dança têm ocupado as salas de cinema de algumas capitais do país. A comédia “Frances Ha” (EUA, 2013), o híbrido de documentário e ficção “Esse amor que nos consome” (2013) e os documentários “A alma da gente” (2012) e “Da cabeça aos pés” (2013), são exemplos desse momento de visibilidade da dança no cinema.

“A alma da gente” (2013), dirigido por Helena Solberg e David Meyer, acompanha aulas, ensaios e preparação para espetáculos do Grupo de Dança da Maré, sediado no Complexo da Maré, Rio de Janeiro, coordenado e dirigido por Ivaldo Bertazzo, com patrocínio, dentre outras instituições, da Petrobrás. Além disso, apresenta depoimentos dos integrantes do Grupo, em 2002, enquanto o projeto acontecia, e dez anos, quando o projeto não existe mais.

“Ia ser um filme sobre o Grupo de Dança da Maré e, com a passagem do tempo, acabou sendo uma outra coisa. Foi muito melhor para nós, porque deu uma outra dimensão. Tomou uma reflexão filosófica sobre a vida, sobre o destino. O que você sonha ser e o que você acaba sendo é uma questão universal.”, comenta Solberg.

O Grupo de Dança da Maré foi composto por cerca de 69 adolescentes entre 13 e 20 anos, e desenvolveu três espetáculos: Mãe gentil (2000); Folias Guanabara (2001); e Danças das Marés (2002).

O documentário, que integrou o Festival É Tudo Verdade 2013, fica em cartaz por mais uma semana no Rio de Janeiro e em Salvador. Já esteve em cartaz em Curitiba, Florianópolis e São Paulo. Ainda não há previsão para lançamento de DVD, nem de disponibilização na internet.

 

Comédia em preto e branco

Frances, interpretada por Greta Gerwig, vive em Nova York e sonha em ser bailarina profissional.

Frances, interpretada por Greta Gerwig, vive em Nova York e sonha em ser bailarina profissional.

Ela não é a bailarina mais talentosa de sua companhia. Tem 27 anos e não consegue pagar sozinha suas contas, nem manter seu cabelo ou quarto arrumados. Frances, interpretada por Greta Gerwig, vive em Nova York e sonha em ser bailarina profissional. É protagonista de “Frances Ha” (EUA, 2013), dirigido por Noah Baumbach, diretor de “A lua e a baleia” (2005).

A monocromia p&b do longa-metragem, a ambientação Nouvelle Vague, se assemelham à monotonia do figurino da personagem, que usa praticamente a mesma roupa todos os dias o que só intensifica a sensação de confusão mental dela ao longo de quase todo o filme. Frances vive o “limbo” tão conhecido por artistas, ou por quem trabalha com cultura. Está em busca de algo que não sabe exatamente o que é, nem como irá se dar. Apesar de ver seus amigos se estabilizando profissionalmente, se tornando “adultos”, e de quase nada dar certo para ela, Frances nunca perde o bom humor.

O filme fica em cartaz por pelo menos mais três semanas e está previsto para ser exibido em Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Campinas, Vitória e Florianópolis.

 

“Esse amor que nos consome”

Rubens Barbot interpreta ele mesmo, em híbrido de ficção e documentário.

Rubens Barbot interpreta ele mesmo, em híbrido de ficção e documentário.

O filme inicia quando a Rubens Barbot Teatro de Dança, companhia que se dedica há mais de 20 anos a danças afro-brasileiras, consegue se instalar em um casarão antigo na Lapa, Rio de Janeiro. Alugam o casarão na condição de terem de sair, caso seja vendido. Mas os orixás dizem pelos búzios à Rubens Barbot, diretor da companhia, que não há por que se preocupar, pois aquele lugar é deles.

Esse é o primeiro longa-metragem do cineasta carioca Allan Ribeiro. Ele vem trabalhando com a cia. Rubens Barbot, desde 2006, e explica que não denomina o filme como “documentário”: “Ele foi filmado como uma ficção. As filmagens aconteceram em apenas nove dias e toda a passagem de tempo que o filme sugere foi pensada no roteiro. Não deixa de ser um documentário também, pois os atores interpretam eles mesmos e os acontecimentos são quase todos encenações sobre o ‘real’.”.

Ribeiro cria uma atmosfera de tempo próxima ao cotidiano, sem cortes abruptos ou mudanças de planos. Foi realizado de maneira cooperativa com a companhia, método próprio ao cinema independente brasileiro. Gatto Larsen, diretor executivo da cia., foi quem ficou responsável pelo roteiro.

“Esse amor que nos consome” já ganhou prêmios em festivais nacionais e internacionais como de melhor e melhor direção de arte, no 45o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, e de melhor filme (júri jovem), no 7o Panorama Internacional Coisa de Cinema de Salvador.

Fica em cartaz por mais algumas semanas no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Búzios, Belo Horizonte e Porto Alegre. Além do filme, a companhia Rubens Barbot acaba de lançar um livro sobre sua trajetória: “Imagens para alguma paisagem”, coordenado pela bailarina e pesquisadora Claudia Ramalho.

 

“Da cabeça aos pés”

No dia 29 de setembro, será realizada pré-estréia do documentário “Da cabeça aos pés”, no Festival de Cinema do Rio de Janeiro. Dirigido por Rafael Dragaud, diretor de, entre outros documentários, “Nenhum motivo explica a guerra” (2006), junto com Cacá Diegues, sobre o Afrorreggae, o documentário acompanha jovens que dançam o chamado “passinho”, que virou febre em favelas e bairros populares do Rio de Janeiro.

O filme foi idealizado pelo cantor, produtor, compositor e ativista cultural Rafael Naike, nascido e criado em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, que foi quem deu visibilidade nacional à Batalha do Passinho. É uma realização da Globonews e será exibido no canal fechado ao longo do mês de outubro.