Duo aposta no diálogo que nasce do vazio | Duo deals with the dialogue that is born out of emptiness

A performer e coreógrafa carioca Marcela Levi estreia seu primeiro duo nesta quinta-feira (19/11), no Rio de Janeiro. Quem conhece a sua trajetória vai perceber mudanças significativas em Em redor do buraco, tudo é beira. Marcela, que sempre trabalhou com solos em continuidade, agora explora o vazio e a narrativa não linear. “É meu primeiro duo e quis partir de ações potentes e autônomas, solavancadas, sem pensar numa narrativa linear. Minha aposta é que nossa conversa se dá no espaço da ausência. Somos duas em cena, mas dançamos juntas em apenas um momento”, explica a artista, que divide a cena com Flávia Meireles.

O vazio e a instabilidade de que ela trata estão presentes também no nome do espetáculo: o buraco remete ao vazio e a beira, à situação instável e incompleta.

O processo de Em redor do buraco, tudo é beira começou há cerca de dois anos, quando a artista estava na Espanha participando de uma residência artística a convite do programa Artistas en ResidenciaLa Casa Encendida e Universidad de Alcalá de Henares (Madri). Lá, ela percebeu que seu papel era de provocadora. “A partir daí a Flávia entrou no processo, propus improvisações, ela foi me trazendo material e eu retrabalhei. Criamos um diálogo dentro e fora de cena. Hoje sinto que meu vocabulário está mais extenso por ter usado a história de uma outra pessoa”, avalia Marcela.

Além da colaboração de Flávia, Marcela também contou com a colaboração dramatúrgica da artista visual Laura Erber para este projeto. “A Laura acompanhou os ensaios, me trouxe livros, povoou meu imaginário. Também foi uma forma de diálogo”, diz Marcela. Entre as referências que aparecem no trabalho estão o filme Eraserhead, de David Lynch, Alice, versão tcheca de Alice no país das maravilhas, o funk Morto, vivo, do Bonde do Tigrão, e principalmente o livro Conversa infinita, de Maurice Blanchot.  “Essas referências aparecem de forma direta ou indireta. Todas me ajudaram de algum modo a explorar a ideia da morte, da violência, num corpo que se move sem parar”, completa.

Em redor do buraco, tudo é beira fica em cartaz no mezanino do Espaço SESC até dia 29 de novembro. De quinta-feira a domingo, às 20h; sextas-feiras e sábados, às 21h30. Excepcionalmente haverá sessão também no dia 25 de novembro, às 20h. O Espaço SESC fica na Rua Domingos Ferreira 160, Copacabana. Telefone: (21) 2547-0156.

Marcela Levi, performer and choreographer from Rio de Janeiro, premieres her first duo this Thursday (19/11) in Rio de Janeiro. Those who know her work will see there are some significant changes in Em redor do buraco, tudo é beira. Marcela, who has always worked with solos in continuity, now explores emptiness and non-linear narrative. “It´s my first duo and I wanted to work with potent and autonomous actions, without thinking about linear narrative. My bet is that our conversation takes place in absence. We are two on stage, but we only dance together in one moment”, explains the artist, who shares the stage with Flávia Meireles.

The emptiness and instability she talks about are also present in the name of the show: the hole refers to emptiness and the borderline, to the unstable and incomplete situation.

The process of Em redor do buraco, tudo é beira started about two years ago, when the artist was in Spain taking part in an artistic residency, invited by the program Artistas en ResidenciaLa Casa Encendida and Universidad de Alcalá de Henares (Madri). There, she realized that her role was that of provocateur. “From that point on, Flávia got into the process, I proposed improvisations, she kept bringing me material and I reworked it. We created a dialogue inside and outside the stage. Today I feel my vocabulary is richer because I used someone else’s story”.

Besides the collaboration with Flávia, Marcela also counted on the dramaturgic collaboration of visual artist Laura Erber. “Laura followed the rehearsals, brought me books, filled my imagination. It was also a kind of dialogue”, says Marcela. Among the references that appear in the piece, there are David Lynch’s Eraserhead, Alice, a Czech version of Alice in wonderland, Bonde do Tigrão’s funk song Morto, vivo and mainly Maurice Blanchot’s book Conversa infinita. “These references appear in a direct and in an indirect way. All of them somehow helped me to explore the idea of death, violence, in a body that moves non-stop.”

Em redor do buraco, tudo é beira is running in the mezzanine of Espaço SESC until November 29. From Thursday to Sunday, at 20h; Fridays and Saturdays, at 21h30. Exceptionally, there will be an extra session on November 25, at 20h. Espaço SESC is located at Rua Domingos Ferreira 160, Copacabana. Phone number: (21) 2547-0156.