Amanhecer / Foto: Jodie Coston

E 2010 vai chegando ao fim…

No ano em que os brasileiros foram às urnas e escolheram a primeira mulher para governar o país, a democracia também deu passos largos na área da dança Brasil afora. Claro que ainda há muito a ser feito, mas 2010 viu um grande avanço nas políticas públicas culturais com a aprovação, no Congresso Nacional, do Plano Nacional de Cultura. Tanto ele quanto os planos setoriais são uma vitória pois garante metas a serem cumpridas na área cultural nos próximos 10 anos.

Antes da aprovação,  porém, o fechamento dos Planos Setoriais já havia ocorrido num contexto inédito no Brasil: cerca de 2 mil pessoas representando 14 linguagens artísticas se reuniram durante as Pré-Conferências Setoriais, em março, em Brasília, para discutir as diretrizes de cada setor que deveriam aparecer no Plano Nacional de Cultural. Da dança estiveram reunidas 150 pessoas, entre professores, artistas e gestores de todas as regiões brasileiras. Foi um espaço inédito para a discussão e troca de informações e de onde saiu o texto final do Plano Nacional de Dança.

Se a nível nacional o avanço foi significativo, em muitos estados a relação artistas-poder público foi conflituosa em 2010. Uma das grandes polêmicas do ano aconteceu em São Paulo. Com obras previstas para começar em 2011, o Complexo Cultural – Teatro da Dança foi pivô de um embate entre a classe artística e a Secretaria de Estado de Cultura de São Paulo. Com investimentos milionários, o projeto despertou a desconfiança da classe artística, que escreveu carta aberta ao então governador José Serra e secretário de Estado de Cultura, João Sayad. O documento resultou numa reunião em que os artistas entregaram propostas para uma gestão pública que atenda aos anseios da classe.

No início de novembro, mais uma polêmica envolveu o poder público e a classe artística em São Paulo com a publicação do Decreto 51.300, que prevê mudanças nas leis de fomento à cultura no município. Entre as novas regras estão: aumento da carga tributária dos projetos fomentados e conversão dos trabalhos prestados em convênios. A situação segue indefinida.

Se em 2009 perdemos dois grandes nomes da dança – Merce Cunningham e Pina Baush -, 2010 também sofreu com a morte de uma figura importante: Kazuo Ohno, aos 103 anos. O último grande mestre do butoh ainda vivo morreu dia 1º de junho, em Yokohama, de insuficiência respiratória. Ao longo do ano a dança também perdeu a coreógrafa Roseli Rodrigues (em 18 de março) e o bailarino e um dos fundadores do Grupo Cena 11 Cia. de Dança, Anderson João Gonçalves (em 17 de janeiro).

Importantes nomes da dança mundial passaram pelo Brasil em 2010, como a Trisha Brown Dance Company, que incluiu o país na turnê em comemoração pelos 40 anos de atividades da companhia; o alemão Raimund Hoghe; e Mikhail Baryshnikov, que apresentou seu último trabalho, ao lado da bailarina Ana Laguna. No rol dos nacionais, a Lia Rodrigues Companhia de Danças comemorou com um programa de repertório os 20 anos de atividades do grupo.

Pelo país afora 2010 viu surgir uma penca de boas iniciativas no que diz respeito à democratização da informação. O Movimento Dança Recife promoveu a Plataforma Itinerante de Dança, que consistiu numa série de 12 seminários realizados em municípios do interior de Pernambuco para discutir questões relativas a financiamento e organização política.

Em Salvador foi realização do 1º Congresso da Associação Nacional de Pesquisadores em Dança (ANDA), no início de dezembro. Também na capital baiana aconteceu, em julho, o 1º Encontro de Dança Inclusiva. O que é isso?, reunindo artistas, professores e pesquisadores ligados ao trabalho com dança inclusiva.

Mais duas parcerias que deram frutos: numa iniciativa inédita que uniu as Universidades Federais do Piauí (UFPI) e da Bahia (UFBA), em abril foi realizado o 1º Fórum Nacional 1 Minuto para a Dança, em Teresina, para discutir o pensamento e a formação na área de dança; e a expansão da Bienal Internacional de Dança do Ceará para Cabo Verde, onde foram apresentados 14 espetáculos brasileiros e 11 locais dentro da programação do festival.

Isso tudo sem falar na proliferação de seminários discutindo a economia da dança e temas relacionados por diversos estados. Durante o Festival Panorama – que plantou a semente em 2008 – foi realizada a 3ª edição do Seminário Economia da Dança. Boas iniciativas que, esperamos, sobrevivam em 2011!

Idança lançou nova publicação

A grande novidade do idança em 2010 foi o lançamento do idança.txt, projeto de publicação em pdf que abre espaço para a reflexão sobre as artes performativas na contemporaneidade. O primeiro número foi lançado no fim de setembro, com textos escritos por artistas e pesquisadores de vários países e regiões do mundo e com diferentes formações, proporcionando uma diversidade de conceitos e olhares sobre as artes performáticas na atualidade.

O idança.txt foi feito com fundos da Prince Claus Fund (fundação holandesa que fomenta iniciativas culturais) e é uma parceria com a revista eletrônica Questão de Crítica, a revista Obscena e a IETM. O próximo número já está no forno, quase pronto!

Fechamos o ano comemorando cerca de 250 mil visitas durante todo 2010, uma média de 800 pageviews (visualização por página). Além de mais de 1.100 seguidores no twitter e mais de 1.400 amigos no Facebook, o que mostra que o idança está antenado com o crescimento das redes sociais.

Às vésperas de completar dois anos de vida (em março), o www.movimento.org, rede social bilíngüe (espanhol e português) criada numa parceria entre o idança e a Red Sudamericana de Danza está bem próximo de alcançar os 4 mil membros! Ela vem cumprindo seu papel de encurtar as distâncias dentro da comunidade de dança sulamericana. Os números comprovam esse crescimento: atualmente a rede contabiliza mais de 1.300 posts publicados, 1.800 vídeos e mais de 18 mil fotos.

Observando a importância crescente da ferramenta, nós do idança desejamos estreitar ainda mais os laços com nossos vizinhos sulamericanos em 2011 publicando mais conteúdos que despertem o interesse dos profissionais da dança da região.

Para manter as atividades no próximo ano, o portal contará, pelo quarto ano consecutivo, com o patrocínio da Petrobras. Em 2010 também comemoramos a aprovação na seleção pública de projetos na área de mídia digital – websites promovida pela Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro (SEC).

Feliz ano novo a todos!

O idança quer saber: Qual foi o fato mais marcante na dança em 2010?