Em sua terceira edição, Festival Atos de Fala consagra programação de palestras-­intervenções e vídeos-­ensaios

Festival pioneiro animado pela força de ação política e poética das palavras, o Atos de Fala, iniciativa inédita alinhada às tendências artísticas mundiais, em sua terceira edição, investiga o mote Volta à Futuridade. O evento, que teve sua primeira edição realizada em 2011 e a segunda em 2014, este ano convidou artistas brasileiros e internacionais para especular nossas perspectivas de futuro em plataformas diversas.

Encontrando uma dinâmica própria ainda pouco explorada no país, tanto pelos artistas quanto pela academia, as palestras-intervenções são tendência mundial no campo da performance. São híbridos de obra e processo: o artista percebe sua consciência do movimento, as maneiras e caminhos de se utilizar da tecnologia e suas potenciais elaborações teóricas. Considerados seu correspondente no audiovisual, o festival volta a explorar em sua plataforma os vídeos?ensaios e disponibiliza também ao público esculturas-arquivos – peças autônomas que remetem ao acontecimento do dia anterior (arquivo), na medida em o espectador que não esteve presente à palestra-intervenção possa apreciá-la (escultura).

“As palavras estão constantemente criando nossos corpos, nossas formas de agir no mundo, e por isso pensamos numa plataforma que investigue artisticamente essa performance. O que nos interessa é como a representação cria mundos e não como ela o substitui. Neste sentido, o mote ‘Volta à Futuridade’ nos ajuda bastante, pois ter o Futuro como um horizonte é uma maneira de trazer sua força para o presente, e me parece que esta é a grande disputa que vivemos nesse momento no país, mas certamente de maneira global”, observa Felipe Ribeiro, que assina ao lado de Cristina Becker  a direção geral e artística e co-curadoria do festival.

O Museu de Arte do Rio – MAR recebe o espetáculo inédito Supernatural, uma produção suíça dos artistas Simone Aughterlony, Antonija Livingstone & Hahn Rowe. Com machados, madeira, violino, eletrônicos e o corpo nu, os performers encenam um inquérito sobre algumas questões vibrantes. Um debate quente sobre a ecologia política das coisas e as percepções de gênero.

No  Oi  Futuro  Ipanema,  a  Galeria  1  será  ocupada  pelo  vídeo-­ensaio  Vida-Veste-­Ruídos,  criado especialmente para o festival por Flávia Naves e Sebastian Wiedemann, e pela instalação sonora A Conversa Infinita-­Sala Escura, de Alexandre Veras. A Galeria 2 recebeu as palestras-­intervenções Gentileza de um Gigante ­? viagem a uma planície enrugada, de Gustavo Ciríaco, Jogo de Varetas, um Livro de Guerra, de Manoel Ricardo, e Ectoplasma, de Luísa Nóbrega. As esculturas-arquivo por eles criadas ocupam, compõe e transformam o espaço até o último dia do festival.

A programação, que segue até o dia 22 de maio, terá também uma noite especial no clube social Turma Ok, a mais antiga casa LGBT em atividade do mundo, criada em 1961, na Lapa, com uma performance da diva Sharon Shisnayder.

SERVIÇO:

Festival Atos de Fala 2016

Oi Futuro Ipanema
Rua Visconde de Pirajá 54, Ipanema, Rio de Janeiro – tel. 3131-­? 9333 – Entrada Franca

Galeria 1 (1º andar)
13    (sexta) a 22 (domingo) de maio, de terça a domingo, 13h às 21h, classificação etária: livre
-­ Vida-­Veste-­Ruídos, videoensaio de Flavia Naves e Sebastian Wiedemann.
Uma correspondência entre dois amigos. Uma performer envia uma carta pelo correio para um cineasta que só pode lhe responder com imagens e sons.
-­ A Conversa Infinita-­ Sala Escura, instalação de Alexandre Veras.
Em travesseiros brancos colocados sobre a parede da galeria, nos quais estão acoplados aparelhos de áudio, são reproduzidas 80 conversas sobre o cansaço.

20, 21 e 22 de maio (sexta a domigo), 13h – 21h, classificação etária: livre Esculturas-­?Arquivos de Gustavo Ciríaco, Manoel Ricardo e Luísa Nóbrega.

MAR – Museu de Arte do Rio
Praça Mauá, 5, Centro -­? Rio de Janeiro – tel. 3031 2741.
20 (sexta), 19h, e 21 de maio (sábado), 18h, entrada franca (distribuição de senhas: 1h antes do início do espetácul0), classificação etária: 12 anos

Supernatural, de  Simone Aughterlony, Antonija Livingstone & Hahn Row
Observar o sobrenatural concede acesso a um corpo caleidoscópico compartilhado. Humanos e não humanos atuantes acampam em um terreno rosa quente sob um céu fluorescente grande e arregalado. Com machados, madeira, violino, eletrônicos e o corpo nu, Simone Aughterlony, Antonija Livingstone e Hahn Rowe encenam um inquérito sobre algumas questões vibrantes. Um debate quente sobre a ecologia política das coisas. Qual a diferença entre ser excitado, ser excitante e ser excitado com?
Criação & Performance: Simone Aughterlony, Antonija Livingstone, Hahn Rowe
Conceito: Simone Aughterlony. Som: Hahn Rowe
Conselho Dramatúrgico: Saša Bozic, Jorge León. Figurino: Antonija Livingstone, Judith Steinmann. Desenho de luz: Florian Bach. Diretor técnico: Ursula Degen
Gerência de Produção: Nicole Barras, Michael Nijs
Agradecimentos: Vladimir Miller, Anna Mülter, Lucie Tuma, Tobaron Waxman
Produção: Simone Aughterlony / Verein für allgemeines Wohl
Coprodução: Gessnerallee Zurich, HAU Hebbel am Ufer Berlin, Künstlerhaus Mousonturm Frankfurt, Theater Freiburg
Apoio: NATIONALES PERFORMANCE NETZ (NPN), fundo de coprodução para dança, financiado pelo Comissário de Cultura e Mídia do Governo Federal com base numa decisão do Bundestag alemão, Stadt Zürich Kultur, Kanton Zürich Fachstelle Kultur e Conselho de Artes Suiço Pro Helvetia.

Turma Ok
Rua dos Inválidos, 39, Centro – tel. 3177-­?0181
22 de maio (domingo), 20h, R$ 20,00, classificação etária: 18 anos

Shisnayder show, performance de Sharon Shisnayder.

 

[Fotos: Supernatural – Simone Aughterlony/Antonija Livingstone/Hahn Rowe (1) © A. Donadio (2) © Jorge León]