Hamburger Lessons | Der Tänzer: ein Prophet

Este texto é oferecido em português pelo Goethe Institut.

Tradução de Peter Naumann.

O bailarino é um pobre coitado. Pode-se ver isso no seu corpo magro e pálido. Mendigo crônico, ele é identificado pelos seus joggings, que usa até no supermercado, onde a grana dá apenas para comprar um iogurte. Bailarinos, conta o hamburguês Jochen Roller, são encontrados mais raramente nos palcos do que na H&M, onde dobram camisetas segundo um sistema patenteado, a 7,15 Euros por hora. Podem ser vistos em serviços de escort, nos quais acompanham seus clientes para a discotecas e sobretudo para fora delas. São ouvidos nos call centers da viação férrea, onde um fone de ouvido com infravermelho lhes permite dar informações mesmo enquanto fazem o seu aquecimento. No Kampnagel em Hamburgo, Jochen Roller dança em “perform performing”, sua trilogia – por enquanto de duas partes – sobre o “sentido e falta de sentido de ver na dança um trabalho”.

Ele cita a própria dança com brevidade e sem cobrar direitos autorais entre os bestsellers do neoliberalismo, colocados no palco (“The spirit to serve”, “Como candidatar-se corretamente”, “Manipular com esperteza”). Eles formam o estoque básico de uma biblioteca para a sobrevivência nos tempos de redução de subsídios. Jochen Roller sabe do que fala. Verbas de incentivo à cultura, no montante de 6000 Euros, lhe foram cortadas em Berlim num prazo tão curto (ballet-tanz 11.02) que o seu solo “Being Christina Aguilera” teve de ser elaborado em ensaios de três horas no período da manhã, financiados por um bico de seis horas no período da tarde em uma empresa de discos, para vender CDs de Christina Aguilera. Os 1200 Euros assim ganhos ele reinvestiu nos ensaios da sua peça de 20 minutos. Se dividirmos 1200 Euros por 20 minutos, cada minuto da sua coreografia não-subsidiada custou 60 Euros. A serem lançados na coluna “Deve”. Mas como bailarino de uma companhia francesa subsidiada ele ganhou 1300 Euros na criação da peça de 70 minutos “Parfaitement moi”, o que deu, na verdade, apenas 12 Euros por minuto. Em troca, o dinheiro lhe foi lançado na coluna “ter”. Foi seu ganho, não seu investimento.

Foi a sua renda, não um valor fictício. Roller enfatiza essa pequena diferença, pois mesmo bailarinos compreendem raramente que um preço de 60 Euros por minuto representa um valor que se aproxima tendencialmente dos custos de um minuto de transmissão pela TV. A dança é um artigo sem saída. Roller calcula isso no palco assim como outros bailarinos contam seus passos. Demonstra por A + B aos comerciantes ricaços de Hamburgo, exímios nas contas, como seu bom dinheiro remetido ao fundo de cultura está sendo queimado em um esforço meramente muscular. Roller se compadece. E envelopa cartas durante três minutos, enquanto dança – financiado com cinco Euros por uma empresa real, isto é, não de fachada, de trabalho a domicílio. Esses cinco Euros ele entrega a um contribuinte na platéia. Um gesto de respeito. A dança paga as despesas, mas não se amortiza.

A dança é o contrário daquela performance calculada pelo setor privado: como fator do seu faturamento. Performance, afirma um texto colocado no palco, acontece quando alguma coisa “é vendida de forma inteligente e bem bolada”. Por que isso não vale para a dança? Na segunda parte, Jochen Roller aparece como gigolô da arte em terno chique. Conta as poltronas ocupadas. 60 espectadores, uma cota miserável, a nossa presença arruina a sala de teatro. A culpa é do interesse minoritário, elitista pela dança. Se o público não tivesse comparecido, teríamos economizado muito dinheiro. Arte elitista, quer dizer, dança, é coisa de consumidores que bebem vinho, que aparecem ainda mais raramente no teatro pelo qual já pagaram do que no “Rei Leão”. O cidadão desconhece a diferença entre um musical livre e o Teatro Municipal, pois em ambos os casos ele paga ingressos que não podem ser distinguidos no seu montante. Assim resta apenas uma esperança: somente quando o carregador de sacos de batatas no porto de Hamburgo souber (e Roller carrega três sacos de batatas para o palco) que “Roller apresenta tendus legais pra caralho que ele também precisa ver um dia” (Roller ensaia um tendu, bem…), o teatro funcionará – em termos econômicos. Eis o neoliberalismo real existente na política cultural, que aguarda, bem-comportada, todos os carregadores de batatas e todos os bailarinos geniais, mas não percebe quão raras se tornaram as duas profissões. Agora o hamburguense Jochen Roller passa fome nas delicadas mãos da real existente Secretária de Cultura de Hamburgo, Sra. Horakova, cujo liberalismo adoraria confiar os fundamentos da arte a uma Sociedade Anônima. Como, porém, o shareholder value da arte é assustadoramente reduzido, começamos a entender porque a Cidade Hanseática se preocupa tanto com a sua própria segurança. O medo ronda a cidade. Os coreógrafos podem contratar matadores de aluguel, para acabar com o último coreógrafo concorrente na luta para abocanhar um pedaço do orçamento praticamente não mais identificável para as atividades culturais. Decerto a falta de cultura, objetivada em Hamburgo, poderia compensar os gastos a mais nos efetivos de segurança, mas o mais tardar em 2045, conforme profetiza Roller, será fundada uma seita na nave de uma igreja, abençoada como pista de dança. Seus membros serão forçados ao trabalho para apresentar as danças consideradas sagradas do ano 2003, com um luxo e custo cada vez maiores. Depois do esgotamento de todas as verbas de fomento, a dança tornar-se-á uma religião, com capacidade financeira como a Scientology ou a igreja católica. A idéia não é tão boba assim, pois todas as danças, que hoje ainda parecem estar incontestadas no seu vigor econômico, têm mais de quarenta anos. Do balé a comunidade espera essa benção do passado, quando a arte ainda parecia deitar no berço esplêndido e na segurança do consenso burguês. Desse consenso não-questionado vive o balé – mesmo os colegas críticos comprometidos com a modernidade se prostram, cada vez mais humildes, diante dos “clássicos”. Pois o futuro da dança em épocas de crise, afirma Jochen Roller, está precisamente nos “tendus legais pra caralho”. E para possibilitá-los, por meio da santificação da modernidade como arte redentora no ano 2045, ele pede sem ruborizar: “Reivindico o corte de todas as verbas de fomento”. E já, para não viver eternamente na miséria. Ele deseja o tiro final, de misericórdia. A redenção. Tão mal as coisas andam para a dança livre.Der Tänzer ist ein armer Wicht. Man sieht es an seinem ausgemergelten Körper. Man erkennt ihn an seinen Trainingsklamotten, die er als gelerntes Sparbrötchen noch im Supermarkt trägt, wo sein Geld nur für einen Joghurt reicht. Tänzer, erzählt der Hamburger Tänzer Jochen Roller, finde man seltener auf der Bühne als bei H&M, wo sie für 7.15 Euro/Stunde T-Shirts durch Patentfaltung in Form bringen. Man erlebt sie im Escort-Service, die ihre Kunden in die Disco und vor allem wieder hinaus begleiten. Man hört sie im Call-Center der Bahn, wo es ein Infrared-Headset ermöglicht, Auskünfte auch dann zu geben, wenn sie ihr Aufwärmtraining absolvieren. Auf Kampnagel in Hamburg tanzt Jochen Roller in seiner bislang zweiteiligen Trilogie “perform performing” den “Sinn und Unsinn, Tanz als Arbeit zu betrachten”.

Den Tanz selbst zitiert er in urheberrechtlich kostenfreier Kürze zwischen Bestsellern des Neoliberalismus (“The spirit to serve”, “So bewerbe ich mich richtig”, “Clever manipulieren”) – dem auf der Bühne aufgebauten Grundstock einer Survival-Bibliothek in Zeiten des Subventionsabbaus. Jochen Roller weiß, wovon er spricht. Zugesagte 6000 Euro Kulturförderung wurden ihm in Berlin so kurzfristig wieder abgesagt (ballet-tanz 11.02), dass sein Solo “Being Christina Aguileira” in morgendlich dreistündigen Proben entstehen musste, finanziert durch einen sechsstündigen Job nachmittags bei einer Plattenfirma, um Christina Aguileiras zu verkaufen. Die so verdienten 1200 Euro reinvestierte er in die Proben seines 20-minütigen Stücks. Jede Minute seiner unsubventionierten Choreografie kostete umgerechnet – 1200 Euro geteilt durch 20 Minuten – 60 Euro. Auf der Soll-Seite. Als Tänzer einer subventionierten französischen Kompanie dagegen verdiente er 1300 Euro bei der Entwicklung des 70-minütigen Stücks “Parfaitement moi”, was zwar nur noch 12 Euro pro Minute ergab. Doch dafür wurde ihm das Geld auf die Haben-Seite überwiesen. Es war sein Verdienst, nicht seine Investition.

Es war sein Einkommen, keine Wertstellung. Roller betont diesen kleinen Unterschied, weil selbst Tänzer selten verstehen, dass ein Minutenpreis von 60 Euro einen Wert darstellt, der sich tendenziell den Kosten von einer Minute Sendezeit im Fernsehen nähert. Tanz ist ein Ladenhüter. Roller rechnet das auf der Bühne so, wie andere Tänzer Schritte zählen. Er rechnet dem im Rechnen hervorragenden Hamburger Pfeffersack summasummarisch vor, wie sein schönes Geld, das er ans Kultursäckel überwies, in reiner Muskelarbeit vernichtet wird. Roller hat Mitleid. Und tütet drei Minuten lang beim Tanzen Briefe ein – von einer realen Heimarbeitsfirma mit fünf Euro finanziert. Diese fünf Euro überreicht er einem im Publikum sitzenden Steuerzahler. Eine Geste des Respekts. Tanz rechnet sich zwar, aber amortisiert sich nicht.

Tanz ist das Gegenteil jener Performance, die sich die Wirtschaft ausrechnet: als Faktor ihres Umsatzes. Performance, heißt es in seiner auf der Bühne aufgestellten Lektüre, entsteht durch das, was “klug und gut konzipiert an den Mann gebracht wird”. Warum gilt das nicht für den Tanz? Im zweiten Teil zählt Jochen Roller als Kunstgigolo in feinem Anzug die Plätze durch. 60 Zuschauer, eine miserable Quote, unsere Anwesenheit ruiniert das Theater. Das minoritäre, elitäre Interesse am Tanz ist Schuld. Wäre das Publikum erst gar nicht gekommen, hätte man viel Geld gespart.

Elitäre Kunst, also Tanz, ist eine Angelegenheit weintrinkender Konsumenten, die in dem von ihnen bereits bezahltem Theater noch seltener erscheinen als im “König der Löwen”. Der Bürger kennt nicht den Unterschied zwischen einem freien Musical und einem städtischen Theater. Denn in beiden Fällen zahlt er Eintrittspreise, die in ihrer Höhe ununterscheidbar sind. So bleibt nur die Hoffnung: Erst wenn der Kartoffelsackschlepper am Hamburger Hafen erfährt (Roller schleppt drei Kartoffelsäcke herein), dass “Roller so derart arschgeile Tendus macht, dass er da auch mal hin muss”, (Roller tanzt ein Tendu, na ja) funktioniert das Theater – wirtschaftlich. Das ist der real existierende Neo-Liberalismus in einer Kulturpolitik, die artig auf all die Kartoffelschlepper wartet, und auf all die genialen Tänzer, aber nicht sieht, wie rar beide Berufe geworden sind.

Nun hungert der Hamburger Jochen Roller in den zarten Händen der real existierenden Kultursenatorin Horakova, deren Liberalismus die Fundamente der Kunst am liebsten einer Aktiengesellschaft übergeben möchte. Weil dieses Shareholder-Value der Kunst aber beängstend gering ist, ahnt man, warum sich die Hansestadt so sehr um ihre eigene Sicherheit sorgt. Angst geht um. Choreografen könnten Auftragskiller bestellen, um noch den letzten choreografierenden Konkurrenten am kaum mehr zu erkennenden Kulturbudget zu erledigen. Die in Hamburg angestrebte Kulturlosigkeit könnten zwar die Mehrausgaben in Sicherheitskräfte kompensieren, aber spätestens im Jahr 2045, so prophezeit Roller, gründet sich eine Sekte in einem Kirchenschiff, eingesegnet als Tanzfläche. Ihre Mitglieder würden zur Arbeit gezwungen, um die als heilig erachteten Tänze aus dem Jahr 2003 immer aufwändiger und immer prächtiger zu gestalten. Tanz nach dem Ende aller Fördergelder würde eine Religion werden, finanzkräftig wie Scientology oder die katholische Kirche. Ganz dumm gedacht ist das nicht. Denn alle Tänze, die in ihrer Wirtschaftskraft heute noch unangefochten scheinen, sind älter als vierzig Jahre. Vom Ballett erhofft sich die Gemeinde jenen Segen aus der Vergangenheit, als die Kunst sich noch in der Sicherheit des bürgerlichen Einverständnisses zu wiegen schien. Von diesem unhinterfragten Einverständnis lebt das Ballett – selbst die der Moderne mitverpflichteten Kritikerkollegen gehen im Angesicht der “Klassik” immer demütiger in die Knie. Denn die Zukunft des Tanzes in Zeiten der Krise – so Jochen Roller – besteht eben in einem “arschgeilen Tendu”. Und um diesen zu ermöglichen, durch die Heiligsprechung der Moderne als eine Erlöserkunst im Jahr 2045, fordert er ohne zu erröten: “Ich beantrage die Streichung aller Fördergelder”. Sofort. Um nicht ewig zu darben. Er will den finalen Schuss. Die Erlösung. So schlimm steht es um den freien Tanz.