Hi, how are you?

johnston50 palavras para a neve é uma tradução livre do título do último disco da cantora inglesa Kate Bush, 50 words for snow. A artista toma o caminho complexo da reflexão, propondo 50 formas de hashtaguear a neve: “véu do ladrão”, “à deriva”, “ruim para trens”, e outras 47 probabilidades. Com faixas que variam de 6’49” à 13’32”, o álbum estica tanto o tempo da dúvida que deixa de ser programado nos horários populares da FM.

“Quando se cresce em uma cidade do interior, a gente pensa: nenhuma celebridade teria nascido por aqui”, diz a primeira faixa do disco, Songs for Drella, homenagem de Lou Reed e John Cale a Andy Warhol. Daniel Johnston nasceu em Sacramento, Califórnia, e cresceu em New Cumberland, Virgínia Ocidental. A banda Porcas Borboletas, nascida em Uberlândia, Minas Gerais não sabe mais onde mora.

Laurie Anderson disse para o jornal The New Yorker que ela se define como uma “artista multimídia”: “Escolhi essa descrição porque ela não significa nada. Quem não é multimídia nesses dias? Mas isso me permite trabalhar de muitas maneiras – música, escrita, performance, filme, tecnologia e pintura – sem provocar a polícia da arte, que adora mandar os artistas permanecerem em suas categorias”.

Tappi Tíkarrass tocou em CD, no início dos anos 2000, nas festinhas Lado B, em Uberlândia. A banda islandesa, que surgiu em 1981 e terminou em 1983, combinando a música punk e o pop, tinha Björk como integrante. O significado do seu nome proveio de uma frase do pai do baixista. Ele classificou a banda como “uma rolha no cu de uma puta”. A partir dessa consideração, os 4 integrantes decidiram chamar a banda de Tappi Tíkarrass, em português, “entupa o cu da puta”.

O Danislau, que nasceu músico, um dia desses lançou seu livro, Hotel Rodoviária. A narrativa contém uma frase que reproduz a sensação de se ouvir um ruído branco: “quem ama, esfola”.

“Eu vou gravar um outro disco e sem você vai ficar difícil. Eu queria lhe convidar, fale com o Guilherme Araújo”. Quase todo mundo sabe (sempre falta um) que Jards Macalé deveria ter sido creditado pela direção musical do disco Transa de Caetano Veloso e, na época, não foi. Segundo o Jards, “a transa vingou no som, mas não vingou como obra”.

Glenn Gould, aos cinco anos, disse que queria ser um pianista de concertos, mas, após assistir a apresentação de Josef Hofmann pela primeira vez, ficou assombrado. Relembrando essa experiência quando adulto, afirmou: “a única coisa que realmente posso me lembrar é que, quando estava voltando de carro para casa, eu estava naquele maravilhoso estado de semiconsciência, no qual você ouve todos os tipos de sons incríveis atravessando a sua mente. Eram todos sons orquestrais, mas eu é quem estava tocando todos eles e, subitamente, eu era Hofmann. Estava encantado.”

Segundo Lou Reed, ou você faz aquilo que ama, ou vai preso.

 

Wagner Schwartz dança e escreve em São Paulo e Paris.