Híbrido de flores e criatividade em Ipatinga

Informação, técnica e criatividade performaram dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, em Ipatinga, quando a Híbridus Dança recebeu a mexicana Anadel Lynton para um workshop de performance com artistas da região. Cheia de fôlego aos 74 anos, Anadel propõem uma ação que se baseia em formas criativas de expressão, não se preocupando tanto com uma técnica específica.  Mas quer, sim, que a dança se comunique com o público. Para a artista, a questão central para a criação em dança é a sensação, os movimentos, a criatividade que se expressa através das soluções do corpo para sequências coreográficas.

Durante o encontro com os bailarinos, Anadel enfatizou sua preocupação com a comunicação dos artistas contemporâneos com o público.

“É preciso pensar cada vez mais na relação entre emissor e receptor. Quem recebe a arte também participa do processo e isso precisa ser levado em conta”, disse a artista.

Residente no México, ela faz parte do Centro de Investigação, Documentação e Informação da Dança José Limón, que é ligado ao Instituto nacional de Belas Artes. Anadel saiu dos Estados Unidos aos 18 anos disposta a encontrar uma dança mais humanizada. Diz que a cena norte-americana de dança da época era de uma competitividade quase agressiva, o que não lhe interessava nem interessa até hoje.

Talvez por isso saia à rua com flores na cabeça, como fez na performance coletiva, a céu aberto, no Centro de Ipatinga, ao final dos dois dias de trabalho. Parecia uma pós-hippie. O mesmo astral mantido no contato com seus alunos: humor e leveza, disposição para a troca. Por isso, também enfatizou no workshop que hierarquia não cabe muito na arte.  Sintomático para uma artista cujas ações artísticas com frequência pedem a participação do público, têm caráter lúdico e de conteúdo sócio-político.

“A nova economia leva à hierarquização das coisas. Desta forma, o artista está acima da plateia que deve apenas aplaudir”, afirmou Anadel em entrevista, destacando ainda que a contemporaneidade parece ter escolhido os ambientes virtuais como espaço de relações. Mas ela acredita que nada substitui o olhar, a interatividade instantânea dos gestos.

Em sua segunda visita a Ipatinga, a primeira foi em 2006, a criadora também relatou que o México vive um bom momento na área da dança contemporânea, registrando o crescimento das licenciaturas de dança nas universidades. Nesse contexto, embora existam muitos bailarinos, há uma carência de coreógrafos.

O contato entre a criadora mexicana mobilizou os integrantes da Híbridus, que completou 12 anos em 2012. A data será comemorada com novas criações e a visita de Anadel Lynton serviu de incentivo às criações dos quatro integrantes da companhia. Eles estão criando solos para estreia na temporada entre 27 a 29 de abril, no teatro do Centro Cultural Usiminas. Luciano Botelho, Maria Cloenes, Rosângela Sulidade e Wenderson Godoi, convidaram outros quatros artistas cada um, Marco Paulo Rolla, Marcos Nauer, Marcelo Evelyn e Dudude Herman para juntos criarem os solos.