Marcela Banguela: personagem, espetáculo e estratégia de sobrevivência

Quando chegou a São Paulo, em 2010, a ribeirão-pretense Natália Mendonça se deparou com um mundo novo. Novas rotinas, encontros, relações, trabalhos, caminhos e pessoas. Ao confrontar-se com a capital, lançou mão de algumas estratégias, compartilhadas por várias amigas e mulheres em situações semelhantes. Ali surgia Marcela Banguela, personagem e estratégia de sobrevivência que acabou se tornando também um espetáculo solo, que estreia dia 13, na Oficina Cultural Oswald Andrade.

Andar com roupas muito largas, ter um caminhar masculinizado, sair gritando na rua escura, correr como se estivesse atrasada para algo, usar chapéu tampando o rosto – foram algumas das estratégias que Natália se percebeu adotando como maneira de esconder, se preservar da violência e do desconhecido. Ela começou a perceber seus próprios comportamentos como material de pesquisa artística durante o projeto Área Reescrita, da companhia de dança J.Gar.Cia, da qual fazia parte na época. O projeto previa a realização de experimentos cênicos na rua e, ali, com o suporte de Jorge Garcia, diretor da companhia, começou a se delinear o perfil da Marcela Banguela.

Natália – que hoje integra a Cia. Perversos Polimorfos, e já trabalhou com artistas como Marta Soares, Cristian Duarte, Clarice Lima, com o grupo Primeiro Ato – se mistura à figura de Marcela Banguela nessa sua primeira peça solo motivada pela vontade de entender quais as diferenças entre apresentar e representar uma personagem em cena.

“Diante dessas questões, me interessa pesquisar esse borramento entre pessoa e personagem. O que muda quando entro em cena para dançar a Marcela Banguela? O que, de fato, pertence às duas? O que eu acho que pertence à Marcela que ainda não existe em mim, e vice-versa? O que de lá pra cá perdeu-se ou se transformou? A personagem afeta meu corpo ou o que afeta meu corpo reverbera na personagem?”, questiona.

Marcela Banguela
13 a 22 de junho
Segundas, terças e quartas-feiras, às 20h
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro – São Paulo/SP

Lotação: 20 lugares
Classificação: 18 anos

Entrada franca
Distribuição de ingressos uma hora antes do espetáculo.