Morena Nascimento estreia espetáculo na Galeria Olido em São Paulo

Após quatro meses de ensaios, a bailarina e coreógrafa Morena Nascimento estreia dia 10 de março, na Galeria Olido, o espetáculo Antonia: como se em sua dança quisesse reinventar o exaustivo ciclo do nascer e morrer. Em seguida, ainda em março, haverá temporadas curtas no Teatro Arthur Azevedo e no Teatro Municipal Paulo Eiró.

Em cena, dez bailarinos de diferentes idades e com experiências em diferentes estilos de dança, que foram escolhidos numa audição em novembro do ano passado. Ela conta: “Não os escolhi pela técnica ou pela trajetória na dança, e sim pelas combinações que imaginava entre eles”.

Essa diversidade é também um dos aspectos que se fizeram mais presentes no processo de criação. Diferente de seus dois trabalhos mais recentes, Rêverie e Clarabóia, que partiam de imagens e temáticas bem específicas, Antonia é fruto de um processo de criação intuitivo construído a partir da interação entre os bailarinos. Desta forma, a relação entre indivíduo e coletividade foi se tornando central. Pequenos solos de cada um dos intérpretes se destacam em meio a ações do grupo.

Morena – que por diversas vezes integrou, como bailarina, grupos e companhias conhecidos no Brasil e fora do país, como o Primeiro Ato e a Tanztheater Wuppertal Pina Bausch – propôs um processo de criação que começasse do zero, e diz que esse foi o maior desafio do trabalho.

A dramaturga e atriz Carolina Bianchi, que volta a trabalhar com Morena nesta obra – ela dividiu a direção e a autoria com a artista em Rêverie  – , criou textos que são citados pelos bailarinos em cena. “Minha criação dramatúrgica não corresponde apenas à criação textual, mas de cenas, situações, coreografias, sensações. O texto verbal é uma parte da dramaturgia”, explica Carolina.

Uma das referências importantes durante a criação foi o livro Há mundo por vir? – Ensaio sobre o medo e os fins, da filósofa Déborah Danowski e do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro. “As dinâmicas dos corpos nos ensaios foram super intensas. Os bailarinos ocuparam todos os espaços, correram por ele e isso fazia parecer que estavam falando sobre o fim, sobre o devir, algo que chega ao limite para possibilitar a chegada do novo. Não havia uma conclusão”, conta a coreógrafa.

Uma residência artística em Piracaia, Interior do Estado de São Paulo, também foi um momento fundamental. Além de possibilitar o isolamento e a concentração no trabalho, a geografia e a paisagem do local também foram imporantes. “Havia um morro bem alto e, no topo, era possível avistar uma paisagem muito vasta das colinas e da represa do sistema Cantareira. Essa ideia de vastidão também entrou no trabalho. Havia uma sala de dança, mas utilizamos muito mais esse espaço para ensaiar”.

 

Antonia: como se em sua dança quisesse
reinventar o exaustivo ciclo do nascer e morrer

De 10 a 13 de março
Quinta a sábado, às 20h e domingo, às 19h
Galeria Olido
Avenida São João, 473 – Centro, São Paulo, SP

De 18 a 20 de março
Sexta-feira e sábado, às 21h e domingo, às 19h
Teatro Municipal Arthur Azevedo.
Av. Paes de Barros, 955 – Mooca, São Paulo, SP
Entrada gratuita

De 25 a 27 de março
Sexta-feira e sábado, às 21h e domingo, às 19h,
Teatro Municipal Paulo Eiró.
Av. Adolfo Pinheiro, 765 Alto da Boa Vista – Santo Amaro

Entrada gratuita
Classificação: 14 anos

[Foto: Processo de criação de Antonia. Imagem de Mayra Azzi.]