MOVIMENTOS REVELAM HISTÓRIAS DE BAILARINAS MÃE E FILHA

O grupo Pró-Posição apresenta o espetáculo Vis-à-Vis nos dias 31 de maio (sexta), 20h, e 1º e 2 de junho, 19h, na Funarte. Com recursos do teatro e da música, a acordeonista Janice Vieira e a atriz Andréia Nhur (mãe e filha) acertam as contas entre o engajamento artístico dos anos 1960/70 e o movimento radical chic, enquanto dançam. Em sua terceira parceria na concepção e interpretação, histórias viram gestos, palavras e sons.

No palco, caminhos contrários. O que antes fazia sentido para a mãe – pensar a arte como protesto, não é mais preciso; já para a filha se reportar àquele tempo, ela tem de imaginar como seria fazer dança política.

Um exemplo das diferenças entre as gerações se dá pelo resgate das memórias infantis. Andréia Nhur lembra o Michael Jackson, enquanto Janice Vieira dança o baião. “Tudo que apresentamos resulta da história de nossos corpos e está atravessada pela coletividade. As nossas vivências conversam com as de outras pessoas que dançaram as mesmas coisas”, fala Andréia.

Além de uma citação de Billie Jean (faixa de Thriller, de Jackson) sobreposta ao Baião, ruídos de alerta e canções com tom revolucionário, como as Czardas (Vittorio Monti), compõem a trilha. Responsável pela criação musical, Janice toca ao vivo, em alguns momentos, num pequeno acordeom. No repertório, uma composição própria, Valsa Maia (1999).

Em 2008, as duas “reativaram” o grupo fundado em 1973 por Janice. O uso do nome é uma forma de rememorar o que há pouco foi dito (ou dançado).  O espetáculo é híbrido e mais próximo das propostas do Pró-Posição naquela época, por suas escolhas estéticas. “A dança atual está opaca e busca fugir da tirania dos significados, da representação, das mensagens, optando por uma plástica do quase nada”, diz Janice Vieira.

A dança daqueles tempos no Brasil — que era marcada pela ditadura militar e também pelos ecos de mudança no mundo todo – vem à cena pelo testemunho da mãe, que recorda, e pelo olhar historiográfico da filha, que investiga o passado.

Serviço:

Dias: 31 de maio (sexta) às 20h; 1 e 2 de junho às 19h.
Local: Funarte (Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos. Tel. (11)3662-5177. Sala Renée Gumiel. 60 lugares)
Ingressos: R$ 5 e R$ 2,50 (estudantes e aposentados).
Horário de funcionamento da bilheteria: uma hora antes da apresentação. Acessibilidade para portadores de deficiência física
Duração: 45 minutos
Recomendação etária: livre