Na companhia dos homens | Company of men

Josephine Leask escreve sobre dança e é professora no London Studio Centre.

Tradução de Simone Guimarães.

No transcurso do ano passado, três importantes companhias britânicas de dança contrataram novos diretores artísticos. Os atuais ocupantes dos postos são todos ex-dançarinos, com carreira no Reino Unido e que já passaram da fronteira dos 40 anos, uma idade na qual os dançarinos tendem a reavaliar suas carreiras e, eventualmente, a trocar as sapatilhas por mais autoridade e status. Mark Baldwin, Darshan Singh Bhuller e Ashley Page carregam o manto artístico da Rambert Dance Company, do Phoenix Dance Theatre e do Scottish Ballet, respectivamente. Além de serem homens de certa idade, possuem em comum carreiras bem sucedidas como dançarinos e coreógrafos, além de experiência – nos casos de Baldwin e Bhuller – na condução de suas próprias companhias de dança. Em conversações com os três, descobri um pouco como os membros dessa nova geração de líderes encaram seus papéis. Enquanto cada uma dessas companhias ocupa um lugar único na ecologia da dança britânica, o que todos os três novos diretores compartilham é um desejo de estabelecer identidades mais nítidas para suas companhias e de melhor moldar sua expressão externa. Ao assumir companhias grandes e médias, que fazem tours e são detentoras de longa história ou de perfis anteriores bem definidos, essa trindade de novos diretores artísticos se propõe a promover mudanças, com uma feição própria, porém, para cada companhia.

O principal objetivo de Ashley Page é estabelecer o Scottish Ballet mais como uma companhia de balé verdadeiramente contemporâneo do que como uma companhia tradicional de grande escala. Ele entra tanto com sua experiência dos dias de número um do Royal Ballet como com um vasto conhecimento da dança contemporânea, adquirido pelos seus relacionamentos profissionais com a Rambert Dance Company, com Richard Alston e com outros dançarinos contemporâneos de renome. Adicionalmente, o interesse de Page nas artes visuais e a ênfase no aspecto e desenho de suas obras têm tudo para emprestar glamour ao repertório do Scottish Ballet. Seu histórico de colaboração com artistas visuais, como Howard Hodkin e Bruce McLean, e designers como Antony McDonald e Jon Morrell, prenuncia um bom período para a companhia.

Page pretende expandir o repertório do Scottish Ballet, trabalhando com coreógrafos que, em sua opinião, criaram obras do tipo “clássicos do final do século vinte”. Inclui sob tal rótulo coreógrafos que se projetaram na década de 1980, uma época na qual houve uma explosão de trabalhos no país, tanto quanto na América e na Europa. Page percebe que essa geração de coreógrafos contemporâneos estabelecidos, em torno da qual cresceu, foi tristemente esquecida. As obras desses artistas foram marginalizadas em favor de uma perspectiva contemporânea um tanto retrógrada e eclipsadas por trabalhos novos, tidos como da moda.

Page sente-se desiludido com o panorama atual da dança na Grã-Bretanha; considera que a dança moderna teve uma queda nos anos 90 e acredita que as companhias britânicas sofreram uma diluição da imagem ao apresentarem todas elas trabalhos semelhantes produzidos pelo mesmo núcleo de coreógrafos.Tem opiniões análogas quanto à globalização do repertório de balé, que levou as companhias de balé a se apoiarem nos mesmos coreógrafos europeus, como Mats Ek e Jiri Kiliàn. Quando interrogado sobre sua intenção de estabelecer uma nova identidade para a companhia, Page discorre sobre a montagem de um repertório que possua um aspecto diferente do de outros grupos e fala com confiança de uma individualidade que surgirá a partir de uma aliança anglo-americana.

Além de novos coreógrafos, Page trouxe para sua companhia um grupo de dançarinos internacionais, com o sentido de contribuir para a nova feição internacional pretendida por ele. Simultaneamente, tem grande interesse em reforçar os laços entre o Scottish Ballet e a sua escola para que esta venha a fornecer mais dançarinos à companhia no futuro. Este plano se alimenta da convicção de Page de que as companhias de dança com identidade mais caracterizada são aquelas que mantêm laços estreitos com suas escolas, como o Royal Danish Ballet, o New York City Ballet e o Kirov.

Um outro desafio de que fala resolutamente é o de ampliar o público da companhia, o qual, em Glasgow, é ainda dominado por velhos seguidores que cresceram com o Scottish Ballet e que preferem o balé tradicional ao moderno. Embora Page preveja que estes possam se mostrar resistentes a mudanças no repertório e ambivalentes quanto a alguns dos trabalhos contemporâneos “mais fortes” que pretende apresentar, seu plano é incluir uma nova forma de abordar os clássicos do século dezenove. Ele se sente otimista quanto ao intenso relacionamento com artistas visuais e compositores modernos, passível de atrair novas platéias em uma cidade como Glasgow, possuidora de uma prestigiosa escola de artes e de uma florescente comunidade artística. Page gostaria que seus programas fossem bastante flexíveis para poderem ser apresentados em uma gama de diferentes teatros e, ao mesmo tempo, serem capazes de caber na programação de um dos espaços cênicos menos tradicionais de Glasgow.

O Scottish Ballet está, no momento, protegido dos olhos do público, enquanto atravessa um período de treinamentos e ensaios intensos para a temporada de outono, quando Page espera já ter em parte conferido um novo perfil à companhia. A temporada de outono inclui uma programação de obras assinadas por coreógrafos de categoria (não necessariamente clássicos), como Richard Alston, Siobhan Davies e Stephen Petronio, além do próprio Page, em um repertório eclético que dará o tom da companhia para os próximos anos. Em termos de turnês e com vistas ao futuro, Page pretende viajar para outros países quando tiver o perfil da companhia já delineado de uma forma que o agrade.

Existem idéias de expandir a companhia para poder apresentar produções maiores, mas, no momento, Page está contente com seus 36 dançarinos, que considera formarem um grande conjunto. Demonstra satisfação por estar trabalhando em uma companhia com um tamanho suficientemente limitado de modo a transmitir um ambiente familiar e tem por meta proporcionar a cada dançarino uma fração das luzes da ribalta para que todos se sintam importantes. Resumindo suas ambições para o grupo, diz que sua esperança é produzir a mesma qualidade de dança com um repertório variado, seja contemporâneo ou clássico, e criar uma identidade marcante, mas flexível, pegando o público de surpresa quanto aos trabalhos a serem apresentados pela companhia.

Quando assumiu o cargo de diretor artístico, Mark Baldwin trouxe para a Rambert Dance Company sua variada carreira internacional, além de uma boa experiência profissional nesta companhia, da qual foi um antigo participante. Dirigir uma das mais antigas companhias britânicas de dança é uma perspectiva atemorizadora e Baldwin admite que se sentiu inicialmente bastante assustado. Tem diante de si a ambiciosa tarefa de conservar o enorme legado da companhia enquanto implementa modificações “orgânicas”. Para tanto, planeja ampliar o repertório e manter um fluxo balanceado de obras (da mesma forma que Page pretende com o Scottish Ballet): entre o antigo e o novo, “o incomum e o clássico moderno”. Quando indagado sobre o sentimento de poder em seu novo status, Baldwin responde negativamente, admitindo, ao invés, que se considera “culpado e responsável”. Enfatiza, contudo, que tem recebido um bom apoio do pessoal e dos administradores da Rambert, o que alivia parte do estresse.

O atual repertório da Rambert é dominado pelos trabalhos do diretor artístico Christopher Bruce, que deixou o cargo, e este é um terreno delicado para Baldwin. Consta da sua agenda um fluxo de coreógrafos diferentes e há listas de nomes adornando as paredes do seu escritório. Alguns deles serão escolhidos para dar sua contribuição a uma programação que é uma mistura “do familiar, do novo e do excitante”. Baldwin assinala que por que companhias de balé como a English National Ballet e a The Royal Ballet começaram recentemente a incluir trabalhos de coreógrafos contemporâneos como, por exemplo, Wayne McGregor, seguindo, assim, os passos de companhias contemporâneas como a Rambert, sua intenção é apresentar alguns “outros ” coreógrafos. Baldwin acha que todos os três diretores artísticos são produtos de uma cultura que não tem produzido coreógrafos para trabalhar em grande escala. Esse é o motivo pelo qual não existe um número suficiente para desempenhar este papel e há uma forte demanda pelos suspeitos de sempre, como Mats Ek, William Forsythe e Jiri Kyliàn.

Do mesmo modo que Page, Baldwin espera que, operando em suas conexões com os mundos das artes visuais e da música, será capaz de atrair platéias de ambas as áreas. Durante a entrevista, Baldwin enfatizou que a temporada de primavera da Rambert não produziria quaisquer grandes surpresas (com a possível exceção da parceria do coreógrafo Rafael Bonachela com a “pop star” Kylie Mynogue), mas que futuras temporadas incluirão novas criações de artistas como Javier de Frutos, Fin Walker e Henri Oguike. Até mesmo a “bad girl” do mundo artístico, Tracy Emin, está nos planos, mas só depois que ele tiver conquistado as platéias. Embora conheça muita gente influente e da moda, Baldwin assinala que só convidaria um coreógrafo a trabalhar com a companhia se conhecesse sua capacidade de puxar por algo diferente nos dançarinos que fosse bom para eles.

Assim, como será a mudança, no futuro, da Rambert? Parte da visão de Baldwin em relação à Rambert é a da criação de um perfil muito marcante, o qual segundo ele, deve estar vinculado ao local onde é assistida e onde vive normalmente – ou seja, uma companhia com base em Londres. Com planos de mudança para uma construção atrás do National Theatre, porém sem recursos no momento e apenas com pedregulhos nas fundações da nova Rambert House, a companhia provavelmente não trocará de sede por algum tempo. Da mesma maneira que Page no Scottish Ballet, Baldwin também pretende desenvolver uma relação mais forte com a Rambert School e trazer mais dançarinos formados por ela. Ele discorre com admiração sobre como os seus dançarinos são tecnicamente fortes, tanto no estilo contemporâneo como no clássico, com a possibilidade ainda de se desenvolverem tecnicamente em outras “técnicas menos dolorosas”. Enquanto Baldwin se dedica a moldar um perfil mais marcante para a Rambert em Londres e, com isso, atrair uma platéia mais variada, expressa as mesmas ambições quanto à identidade da Rambert em turnês. Atualmente, a Rambert se apresenta com maior freqüência fora de Londres do que na capital, e, nessas turnês há uma identificação da companhia com “clássicos” como Rooster e Ghost Dances, de Bruce. Assim, um outro desafio diante de Baldwin passa a ser o de mudar as expectativas das platéias no circuito das turnês.

Darshan Singh Bhuller, ex-dançarino do London Contemporary Dance Theatre, coreógrafo e produtor de filmes, descreve como assumiu o Phoenix Dance Theatre (antes Phoenix), de Leeds: “partindo do zero”. Quando o entrevistei, a companhia tinha recém-terminado o árduo processo de mudança de nome e trocado o seu logotipo em toda publicidade por outro com uma impressionante chama horizontal, simbólica do fogo que anima suas novas diretrizes. Bhuller acha que teve muita obstinação para não levar consigo muito do velho Phoenix, nem aceitar suas antigas responsabilidades, passando, assim, um atestado de que a companhia realmente necessitava começar de novo.

Nomeado no último verão, Bhuller formou uma nova companhia de oito dançarinos, uma mistura internacional, muito embora vários deles sejam oriundos da Northern School of Contemporary Dance. Quando os estava selecionando, procurava dançarinos contemporâneos com flexibilidade para poderem atuar e improvisar e que fossem capazes de se adaptar ao seu estilo particular de teatro dançado, assim como aos de outros coreógrafos contemporâneos.

Bhuller, em alguns aspectos, é um tradicionalista da dança contemporânea. Os dançarinos se preparam para os ensaios, executando um treinamento diário de ginástica concebida pelo osteopata e ex-dançarino Peter Dunlevy, baseado em técnicas de aptidão física. O próprio Bhuller ensina ao grupo técnicas de Graham e relaxamento. È um fã de Graham e guardião de sua técnica, que não deseja ver morta. Para ele, trata-se de uma “técnica interna e visceral”, que se vale da gravidade para alimentar a emoção, ao contrário do balé. Bhuller não está interessado em balé e nem seleciona seus dançarinos a partir do balé, o que é animador numa época em que muitos coreógrafos contemporâneos ficam de namoro com companhias de treinamento clássico. O ioga é também algo que ele incentiva os dançarinos a fazer, por achar que tem ligações com a técnica de Graham, por exemplo, na respiração e no travamento, solidez e leveza da pélvis. Como muitos em sua geração de diretores artísticos, que se sujeitaram a condições de trabalho duro e extenso, acredita que forçar excessivamente os dançarinos é contraproducente, daí facilitar-lhes fins de semana livres e muitos feriados.

O Phoenix foi originalmente fundado como uma companhia exclusivamente de negros a um tempo, nos anos 80, em que os dançarinos negros necessitavam de mais reconhecimento; é claro que alguns sobrolhos se franziram pela decisão de Bhuller de não mais manter o Phoenix como um grupo negro. Bhuller acha que não existe mais a mesma necessidade política de conservar a companhia como negra e que alguns ex-dançarinos do Phoenix com quem conversou estavam cansados de serem vistos como negros, em primeiro lugar, e como dançarinos, em segundo. Bhuller assinala que o Phoenix é, no entanto, uma companhia multicultural e se vê totalmente comprometido em manter a sua diversidade cultural. Embora tenha crescido na Inglaterra, Bhuller nasceu na Índia e se viu obrigado a enfrentar alguns problemas de racismo na qualidade de dançarino asiático nos anos 70 e 80. Ele crê com otimismo que a Grã-Bretanha já tenha ido muito longe em sua adesão à diversidade racial para que não exista mais a necessidade de se colocar a identidade cultural antes da artística.

Outras mudanças a serem implementadas no Phoenix incluem a fixação de um perfil internacional por meio de turnês no exterior, apresentando trabalhos que sejam realmente expressões de teatro dançado — uma dança capaz de contar histórias, em uma época na qual o teatro dançado parece ter cedido espaço para uma coreografia mais formalista. Em termos da inclusão de sua própria obra, Bhuller pretende reencenar Planted Seed, uma peça de teatro dançado que usa atores e dançarinos para traçar um quadro violento e realista das vítimas de estupro na Bósnia devastada pela guerra. Como outra de suas paixões é o cinema (sendo ele um bem sucedido documentarista e editor, com uma companhia produtora própria, a Singh Productions), gostaria de utilizar mais o cinema em seu trabalho. Seus métodos de trabalho se baseiam muito nos do cinema; por exemplo, utiliza um roteiro de ação cena por cena, no qual cria personagens em sua imaginação e trabalha os seus perfis emocionais antes de ensaiar com os dançarinos.

Sua nova e variada programação, que estreou em Leeds e foi lançada em Londres em abril, incluiu sua nova obra, Requiem, uma mistura de dança e filme, com música encomendada à celebrada compositora Jocelyn Pook, um dueto de Fin Walker e colaboração no trabalho do nova-iorquino Jeremy Nelson. Outros coreógrafos, com os quais Bhuller está interessado em trabalhar no futuro e cujos nomes foram lembrados por ele em nossa conversa, incluem Rui Horta, Maresa von Stokhert e Henri Oguike.

Será interessante observar qual rumo cada um desses três homens seguirá com a sua companhia, quão extensa será a justaposição em termos de coreógrafos e repertórios, como serão os novos públicos e as diferenças entre as três companhias daqui a alguns anos. Essa nova liderança é parte de uma transição maior pela qual parece estar passando atualmente a dança na Grã-Bretanha ou representa apenas mais daquilo que já temos?Josephine Leask is a freelance dance writer and lectures in cultural studies at the London Studio Centre.

Over the course of last year, three major British dance companies acquired new artistic directors. The people that now fill these positions are all British based ex-dancers who have passed the landmark age of 40 – an age at which dancers tend to re-evaluate their careers and perhaps hope to exchange their dancing shoes for more authority and status. Mark Baldwin, Darshan Singh Bhuller and Ashley Page carry the artistic mantle for Rambert Dance Company, Phoenix Dance Theatre and Scottish Ballet respectively. As well as all being men of a certain age, what they have in common are successful careers as dancers and choreographers, and experience, in the case of Baldwin and Bhuller, in running their own dance companies. In conversations with all three, I found out a little about how the members of this new generation of leaders feel about their roles. While each company occupies its own unique place within the British dance ecology, what all three new directors share is a desire to establish clearer identities for their companies and spruce up company images. In taking on mid- to large-scale touring companies which either have long histories or pre-existing well-defined profiles, this trinity of new artistic directors propose to make changes, but the developments are tailored to each company.

Ashley Page’s main goal is to establish Scottish Ballet as a truly contemporary ballet company rather than a traditional large-scale ballet company. He brings to the company both his experience from his days as a principal with The Royal Ballet and a wide knowledge of contemporary dance and contemporary dance making, picked up through his working relationships with Rambert Dance Company, Richard Alston and with contemporary trained dancers. In addition, Page’s interest in visual art and the emphasis on the look and design of his works is bound to glamorise Scottish Ballet’s repertoire. His history of collaborating with visual artists such as Howard Hodgkin and Bruce McLean, and designers such as Antony McDonald and Jon Morrell, bodes well for the company.

Page intends to expand Scottish Ballet’s repertoire by working with choreographers who, in his opinion, have created works that are ‘late twentieth-century classics’. By this he means choreographers who came to prominence in the 1980s, a time during which there was an explosion of work created nationally as well as in America and Europe. Page feels that this generation of established contemporary choreographers, around which he grew up, has been sadly forgotten; their work has been marginalised in favour of a somewhat retrograde contemporary dance outlook and has been eclipsed by new work that is considered fashionable.

Page is disillusioned with the current British dance scene; he feels that modern dance fell apart in the 1990s and believes that British companies have suffered a watering down of image because they all present similar works by the same pool of choreographers. He has similar views on the globalisation of the ballet repertoire, in which ballet companies have been bolstered by the same European choreographers such as Mats Ek and Jiri Kyliàn. When asked about his intended new identity for the company, Page talks about building up a repertoire that has a different look to that of other ballet companies and talks confidently about an identity that will arise through an Anglo-American alliance.

As well as bringing in new choreographers, Page has brought in a number of international dancers to the company to contribute to the new international look to which he aspires. At the same time, he is keen to strengthen links between Scottish Ballet and its school so that more dancers will feed from the school into the company in the future. This plan is fuelled by his conviction that the dance companies with the strongest identity are those which have close links with their schools, such as the Royal Danish Ballet, New York City Ballet and the Kirov.

Another challenge about which he talks resolutely is that of broadening the audience for the company that, in Glasgow, is still dominated by older followers who have grown up with Scottish Ballet and prefer traditional ballet to modern. While Page anticipates that they may be resistant to change in the repertoire and ambivalent to some of the ‘tougher’ contemporary works that he intends to introduce, he plans to include a fresh look at nineteenth-century classics. He feels optimistic that his strong relationship with visual artists and modern composers will attract new audiences in a city like Glasgow which has a prestigious art school and thriving arts community. Page would like his programmes to be flexible enough to be presented in a range of different theatres and to be able to fit into one of Glasgow’s less traditional performance spaces.

Scottish Ballet is currently shielded from the public eye while it goes through a period of intense training and rehearsal for its autumn tour, by which time Page hopes that the new look of the company will be partly moulded. The autumn tour includes a programme of vintage works by ‘classic’ (rather than classical) choreographers – including Richard Alston, Siobhan Davies and Stephen Petronio, as well as Page himself – in an eclectic programme that will set the tone for the company for the next few years. In terms of touring and looking into the future, Page intends to tour internationally when he has restyled the company with a look that pleases him.

There are ideas to expand the company in order to present bigger productions but, at present, Page is happy with his 36 dancers which, he says, feels like a large ensemble. He is pleased to be working in a company which is contained enough to have a family atmosphere and he aims to give each dancer their share of the limelight so that they all feel important. Summing up his ambitions for the company, he says he hopes to achieve the same quality of dancing across a range of repertoire, be it contemporary or classical, and establish a strong but flexible identity and keep ‘the public on the hop’ as to what works the company is going to present.

In taking up the position of artistic director, Mark Baldwin has brought to Rambert Dance Company his varied international career as well as a good working experience of the Company as he is a former member. To take over one of the oldest British dance companies is a daunting prospect, and Baldwin admits that he initially felt quite overwhelmed. He is faced with the ambitious task of maintaining the Company’s huge legacy while implementing ‘organic’ changes. In order to do this, he plans to widen the repertoire and keep a balanced flow of work (as Page intends to do with Scottish Ballet): between the old and new, ‘the unusual and the modern classic’. When asked about whether he feels he has power in his new status, he replies in the negative and instead admits to feeling rather ‘guilty and responsible’. He does, however, emphasise that he has been well supported by the Rambert staff and board, which has alleviated some of the stress.

Currently Rambert’s repertoire is dominated by outgoing artistic director Christopher Bruce’s works, and Baldwin has to tread delicately here. A flow of different choreographers is on the agenda and lists of names adorn the walls of Baldwin’s office – some of whom will be picked to contribute to a programme that is a mixture of ‘the familiar, the new and the exciting’. Baldwin stresses that because ballet companies like English National Ballet and The Royal Ballet have recently begun to include works by contemporary choreographers such as Wayne McGregor, thus treading on the toes of contemporary companies like Rambert, he intends to introduce some ‘other’ choreographers. Baldwin feels that all three artistic directors are products of a culture that hasn’t developed choreographers who work on a large scale. This is why there are not enough to go round, and the usual suspects like Mats Ek, William Forsythe and Jiri Kyliàn are heavily in demand.

Similarly to Page, Baldwin hopes that through working with his connections in the visual art and music worlds he will be able to attract audiences from both areas. When we talked, Baldwin stressed that Rambert’s spring season would not produce any big surprises (with the possible exception of choreographer Rafael Bonachela’s teaming with pop star Kylie Mynogue) but future seasons will include new work by artists such as Javier de Frutos, Fin Walker and Henri Oguike, and Baldwin says that even art world bad girl, Tracy Emin, is on the cards, but only after he has wooed audiences. While he knows many influential and trendy people, Baldwin stresses that he would only ask a choreographer to work with the company if he knew they could bring out something different in the dancers which would be good for them.

So how much will Rambert change in the future? Part of Baldwin’s vision for Rambert is to create a very strong profile for the company which he says must be to do with where they are seen and where they currently live – i.e. as a London based company. With plans to move to a building site behind the National Theatre, but currently with no funds and only rubble as foundations for the new Rambert House, they are not likely to move venues for some time. Like Page with Scottish Ballet, Baldwin also intends to build a stronger connection with Rambert School and take more dancers into the company from it. He talks with admiration about how technically strong the company’s dancers are in both contemporary and classical styles, but that they could be technically developed in other ‘less painful techniques’. And while Baldwin is keen to create a stronger profile for Rambert in London and attract a more varied audience, he has the same ambitions for Rambert’s touring identity. Currently Rambert performs more frequently outside London than within the capital, and on tour the Company is identified with such ‘classics’ as Bruce’s Rooster and Ghost Dances; so another challenge for Baldwin is to change audience expectations on the touring circuit.

Darshan Singh Bhuller, ex-dancer with London Contemporary Dance Theatre, choreographer and film producer, describes taking over the Leeds-based company, Phoenix Dance Theatre (formerly Phoenix) as ‘like starting from scratch’. When I spoke to him, the company had just finished the arduous process of re-branding and had changed their logo on all their publicity to one which included an impressive burning horizontal flame, symbolic of new fiery directions. He feels that he has been quite hard-nosed in not taking much of the old Phoenix with him, not taking on their responsibilities, but recognising that they really needed to start anew.

Appointed last summer, Bhuller has styled a new company of eight dancers, an international mix, although several of them are from Northern School of Contemporary Dance. While he was auditioning he was searching for flexible contemporary dancers who could act and improvise and who would be able to cope with his particular brand of dance theatre as well as the styles of other contemporary choreographers.

In some ways Bhuller is a contemporary dance traditionalist – not someone who follows the whims of fashion. The dancers are prepared for rehearsals by doing a daily gym workout which has been devised by osteopath and ex-dancer Peter Dunlevy, based on fitness techniques. Bhuller himself takes a company class in Graham technique and release techniques. He is a Graham fan and a guardian of the technique that he doesn’t want to see die out. He sees it as an ‘internal, visceral technique’ and – with its use of gravity – one which feeds emotion, unlike ballet. He is not interested in ballet and does not audition his dancers in ballet, which is refreshing at a time when many contemporary choreographers are flirting with classically trained companies. Yoga is also something that he encourages the dancers to do as he feels it has links with Graham, for example in the breath and the pelvic locks, groundedness and lightness. Like many of this generation of artistic directors, who have been subjected to tough, long working conditions, he believes that working the dancers too heavily is counter-productive and gives his dancers weekends off and plenty of holidays.

Phoenix was originally founded as an exclusively black company at a time when black dancers needed more recognition in the 1980s, and there have been a few raised eyebrows at Bhuller’s decision not to keep Phoenix a black company. Bhuller feels that there is no longer the same need politically to be a black company and that some of the ex-Phoenix dancers that he had spoken to were tired of being seen as black first and dancers second. Bhuller stresses that Phoenix is nevertheless a multicultural company and is totally committed to keeping it culturally diverse. While Bhuller grew up in England, he was born in India and has had to face some racist issues while being an Asian dancer in the 1970s and 1980s. He optimistically believes that Britain has moved on so far in its embracing of racial diversity that there is not the same need to establish your cultural identity before your artistic identity.

Other changes that Bhuller will implement at Phoenix include establishing an international profile by touring abroad and presenting work that really is dance theatre – dance that is able to tell stories at a time when dance theatre seems to have given way to more formalist choreography. In terms of including his own work, he plans to restage Planted Seed, a dance theatre work which used actors and dancers and drew a violent, realistic picture of rape victims in warring Bosnia. As another of his passions is film (he is an accomplished documentary maker and editor with his own production company, Singh Productions), he would like to work more with film in his work. His ways of making work is very much informed by film, for example he uses a story board scene-by-scene in which he creates characters in his mind and works out their emotional profiles prior to rehearsing with the dancers.

His varied new programme which premiered in Leeds and opened in London in April, included his new work which mixes dance and film, Requiem, with a commissioned score by the celebrated composer Jocelyn Pook, a duet by Fin Walker and company work by New Yorker Jeremy Nelson. Other choreographers whom he is interested in working with in the future – and whose names he slipped in to our conversation – include Rui Horta, Maresa von Stokhert and Henri Oguike.

It will be interesting to see what direction each man will take with his company, how great the overlap will be in terms of choreographers and repertory, who the new audiences will be and how different the companies will look in a few years time. Is this new leadership part of a greater transition that British dance seems to be making at present or does it represent more of what we have already?