Nova oportunidade para assistir ‘O banho’, na retrospectiva de 20 anos de carreira de Marta Soares

Histéricas fotografadas pelo médico e cientista Jean-Martin Charcot, uma mulher internada por mais de quatro décadas em sua própria casa após diagnóstico de doença mental e projeções  de vídeos. Estes elementos criam a linguagem da instalação coreográfica O Banho, solo criado e interpretado por Marta Soares, que se passa dentro de uma banheira cheia de água. O público terá nova oportunidade para assistir o trabalho, que foi apresentado em São Paulo pela última vez em 2012. A instalação coreográfica volta em cartaz na comemoração dos 20 anos de carreira da artista. As sessões acontecem de 31 de março a 16 de abril, de quinta a sábado, às 20h, na Oficina Cultural Oswald de Andrade.

O solo é constituído por projeções de vídeos em formato de tríptico (três imagens lado a lado). Com 50 minutos de duração e instalação sonora de Lívio Tragtenberg, a partitura coregrafica foi concebida em loopings, estrutura transposta para a iluminação,  sonorização e vídeo. Os movimentos executados por Marta foram inspirados pelas fotografias de mulheres histéricas do médico e cientista Jean-Martin Charcot no início do século passado.

A apresentação é feita inteiramente em uma banheira de louça, estilo clássico, de aproximadamente 180 quilos e capacidade de 100 litros. Imersa na água durante a performance, Marta também esteve imersa durante seis meses  na historia de Dona Yayá (Sebastiana de Mello Freire), mulher da elite paulistana, que ao ser diagnosticada doente mental, teve a sua casa na Bela Vista, São Paulo (hoje tombada pelo patrimônio histórico) parcialmente transformada em um hospital psiquiátrico privado e nela permaneceu isolada por ordens médicas por 42 anos (entre 1919 e 1961).

Os vídeos exibidos são imagens captadas por Marta, especialmente de reflexos do seu corpo fundidos ao espaço, a partir do solário de vidro existente na casa da Dona Yayá. “O Banho é um ritual de limpeza e cura, um memorial para mulheres que viveram e vivem situações semelhantes a da Dona Yayá”, conta Marta.

 

O Banho

De 31 de março a 16 de abril.
Quintas, sextas e sábados, às 20h
Classificação: 12 anos.
Duração: 60 minutos.
Capacidade: 40 lugares.
Oficina Cultural Oswald de Andrade.
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro – São Paulo, SP.

Entrada gratuita.
(Ingressos disponíveis 30 minutos antes da apresentação no local.)

 

[Foto: João Caldas.]