O mito de Nossa Senhora Aparecida é inspiração para dança-teatro em Florianópolis

O ano era 1717. Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, Conde de Assumar e governante da capitania de São Paulo e Minas de Ouro, estava de passagem pela cidade de Guaratinguetá. Um grupo de pescadores
resolve descer o Rio Paraíba, em seus barcos, a fim de pescar peixes para oferecer ao nobre. Desceram o rio até o Porto Itaguaçu, sem obter sucesso. Quando estavam prestes a desistir, um deles pesca uma imagem, de aproximadamente 40 cm, da Virgem Maria. Inicialmente, o que aparece na rede é só o corpo da imagem, sem a cabeça.

Ao lançarem a rede novamente, veio a cabeça da imagem, que foi envolvida em um lenço. Após terem recuperado as duas partes da imagem, a figura teria ficado tão pesada que eles não conseguiam mais movê-la. A partir daquele momento, os três pescadores apanharam tantos peixes que se viram forçados a retornar ao porto, uma vez que o volume da pesca ameaçava afundar as embarcações. Esta foi a primeira intercessão atribuída à santa, que ficou conhecida popularmente como Nossa Senhora Aparecida, e dois séculos depois foi proclamada padroeira do Brasil, pelo Papa Pio XI.

1717 é também o nome do espetáculo que a Dois Pontos Cia de Dança-Teatro apresenta no dia 21, em Florianópolis, inspirada pela devoção que o povo brasileiro nutre pela santa. Dividida em quatro atos – “Anunciação” (a feitura em barro da mãe de Jesus e sua aparição no rio), “Peregrinação” (fé a caminho do santuário ou de si mesmo), “Pedidos e Agradecimentos” (profusão de milagres) e “Destruição e Coroação” (tempestade de pecados e a nova rainha) – a peça estreou em outubro do ano passado na Catedral Metropolitana de Florianópolis, mais precisamente no dia 12, feriado nacional dedicado a Nossa Senhora Aparecida.

Esta é a primeira montagem da companhia, que foi criada no início do ano passado. Com direção de Alexandra Klen e Ricardo Tetzner, a peça é apresentada agora numa versão adaptada, mais curta, de 45 minutos, considerando também o novo espaço, o auditório da Federação das Indústrias, no bairro de Itacorubi. A coreografia costura vários estilos musicais, como samba, danças urbanas, forró, com músicas que vão de Chico Buarque a Vivaldi. O improviso aparece com jogos teatrais, em formações que ora se apresentam em duos, ora em grupo. O elenco inclui também uma tradutora e intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais), que faz parte do contexto e da composição coreográfica.

1717, com a Dois Pontos Cia de Dança-Teatro
Dia 21 de julho, quinta, às 19h

Auditório da Fiesc
Av. Admar Gonzaga, 2765 – Itacorubi – Florianópolis, SC
Ingressos: Grátis
Duração: 45 minutos
Classificação: livre