Ocupação traz perspectivas contemporâneas da cultura afrobrasileira, em São Paulo

Até 29 de maio, a Nave Gris Cia Cênica e Visível Grupo de Criação ocupam a Sala Renée Gumiel, na Funarte, na cidade de São Paulo. Ao longo do mês a Sala recebe espetáculos, uma oficina e bate-papos, organizados pelas duas companhias, que partilham o interesse por pensar a dança contemporânea a partir das culturas afrobrasileiras e das culturas populares.

Outra característica comum é o interesse pelo que chamam de “teatralidades expandidas”, abrangendo diversas linguagens cênicas na contemporaneidade. Essas características estão nos dois espetáculos que cumprem temporada durante a ocupação: Dikanga Kalunga, da Nave Gris, e Negro de Estimação, da Visível.

A última é um solo do pernambucano Kleber Lourenço, que parte da adaptação de contos do livro Contos Negreiros, do também pernambucano Marcelino Freire, revelando quadros que mostram a evolução do corpo negro, desde informações históricas aos questionamentos atuais. O corpo se desdobra em personagens que contam suas estórias e em movimentos fragmentados do universo das manifestações populares. Fala-se de identidade racial, religiosidade, exploração sexual, violência e racismo, permeados com humor, acidez e poesia, características fortes na obra de Marcelino.

Dikanga Calunga (Mar distante), solo de dança negra contemporânea da bailarina Kanzelumuka, trata das relações entre ancestralidade e contemporaneidade, partindo, para sua construção dramatúrgica e coreográfica, do estudo dos arquétipos femininos presentes nas mitologias e manifestações tradicionais de origem banto (congo-
angolanas), tendo como maior referencial o Candomblé Angola. A concepção de tempo, espaço e humanidade para os povos banto constituem o cerne do espetáculo, na busca por instaurar um ritual cênico em que sagrado e profano se cruzam e a tradição se mistura a referências contemporâneas como a disco-umbanda, o street dance, o jazz, presentes tanto na coreografia, como na música, que é tocada ao vivo.

Dramaturgias do corpo: (Re) inventando tradições é uma oficina gratuita que propõe investigar a criação cênica por meio do estudo de dramaturgias corporais e do exercício da releitura de elementos das manifestações populares. Será ministrada pela bailarina e pesquisadora Kanzelumuka (Nave Gris Cia Cênica) e é uma parceria com o Grupo Terreiro de Investigações Cênicas do Programa de Pós-graduação em Artes da Unesp. Os Interessados devem enviar currículo reduzido e carta de interesse, até 30 de abril, para o e-mail: visivelmaisnave@gmail.com

Além disso, a ocupação também apresenta espetáculos recentemente estreados e em processos de pesquisa, dos grupos Akwaaba (Bárbara Freitas), Ouvindo Passos Cia de Dança e dos artistas Fredyson Cunha, Débora Marçal, Flip Couto e Ana Musidoro, na mostra Espaço Encruzilhada.

Veja a programação:

Sexta e sábado, dias 6 e 7, às 20h, e Domingo, dia 8, às 19h
Dikanga Kalunga, com Nave Gris Cia Cênica

Quarta, dia 11, às 19h
Oficina Dramaturgias do Corpo: (Re)Inventando tradições

Quinta e sexta, dias 12 e 13, às 20h
ESPAÇO ENCRUZILHADA: Iwosan, com Débora Marçal e Ana Paula Padrão, com Ana Musidora

Sábado, dia 14, às 20h, e domingo, dia 15, às 19h
Negro de Estimação, com o Visível Núcleo de Criação

Quarta, dia 18, às 19h
Oficina Dramaturgias do Corpo: (Re)Inventando tradições

Quinta, dia 19, às 20h
ESPAÇO ENCRUZILHADA: Brevidade, com Fredyson Cunha

Sexta, sábado (20 e 21) às 20h e domingo (22) às 19h
Dikanga Calunga, com a Nave Gris Cia Cênica

Quarta, dia 25, às 19h
Oficina Dramaturgias do Corpo: (Re) inventando tradições

Quinta,dia 26, às 20h
ESPAÇO ENCRUZILHADA: Sobre glúteos, cadeiras e histórias, com a Ouvindo Passos Cia de Dança

Sexta e sábado, dias 27 e 28, às 20h, e domingo, dia 29, às 19h
Negro de Estimação, com o Visível Núcleo de Criação

Ingressos a R$30 e 15 (meia entrada)

Funarte – Sala Renée Gumiel
Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos
A bilheteria abre 1h antes (não aceita cartões)