Panorama de Dança 2007 – Comportamento em voga na terça-feira

A programação do dia começa às 13h, no Oi Futuro, num encontro com convidados da companhia catarinense, que se apresentou no Panorama no último sábado. Na conversa intitulada Predeterminação e adaptabilidade: dança e tecnologia em função do corpo do Cena 11, o grupo fará demonstrações práticas e exibirá trechos de suas obras em vídeo, onde são criadas interfaces entre corpo e tecnologia através da utilização de sensores, câmeras, acelerômetro, robôs e outros equipamentos.

A próxima atração vem do Rio Grande do Sul. O bailarino, maitre e coreógrafo Ney Moraes leva à Sala Multiuso do Espaço Sesc, às 17h30, o espetáculo Inferência. “Com a realização desse trabalho possibilitei dar continuidade a mais uma etapa da minha linha de pesquisa ‘Body Motion’, desta vez, direcionada para o viés da psicomotricidade, abordando três estados do comportamento humano (infância, juventude e maturidade).
No processo de construção deste projeto, apostei na transversalidade, privilegiando o diálogo entre diferentes áreas do conhecimento, o que gerou não somente um produto cênico, mas um resultado multidisciplinar, do qual tenho certeza muitos outros caminhos despontarão”, conta Ney.

Já Juliana Moraes e Anderson Gouvêa, de São Paulo, estréiam no Rio, mais precisamente às 18h no Oi Futuro, a performance Um corpo do qual se desconfia. “Nós quisemos investigar a idéia do corpo como culturalmente condicionado e passamos a desconfiar de todo movimento que criávamos – de onde será que eles vinham? A partir desse impasse, fomos nos colocando pequenos questionamentos que deram origem a estados corporais muito estranhos, como se formas familiares de movimentos cotidianos se tornassem esquisitas pelo esfacelamento de seus significados”, explica Juliana Moraes sobre o processo de criação do espetáculo, que possui um cenário composto por três mil revistas de moda e estilo, empilhadas em 36 colunas. “Esse espaço altamente organizado surgiu da vontade de elaborar um tipo de ‘paisagem’ tridimensional de um objeto muito cotidiano, as revistas, que ditam enormemente as formas que o corpo adota hoje em dia. Pensamos que a nossa geração cresceu no meio desse espelhamento, ou seja, no desejo de se construir como os corpos estampados nessas revistas (e também em outdoors, posters, etc). E esse corpo estampado tem uma forma bastante especial: a bidimensionalidade. Então resolvemos investigar isso também, como se existisse um certo ‘achatamento’ do corpo em função do desejo de se colocar sempre como imagem para os outros”, completa a artista. Com 120 minutos de duração, o público pode entrar e sair do espaço a qualquer momento. A idéia é dar ao espectador a possibilidade de ver a performance de todos os ângulos possíveis.”Pensamos que dessa forma poderíamos dividir com o público a responsabiidade pelo tempo do olhar. E assim ficamos bem mais livres pois não temos o ‘peso’ de manter o interesse do espectador, o que é um martírio às vezes para o artista”, finaliza. A apresentação no Rio de Janeiro é subsidiada pelo Programa Rumos Itaú Cultural Dança.

Fechando o dia 6 de novembro, a egípcia Karima Mansour e o português Miguel Pereira se encontram (ou desencontram?) em Karima meets Lisboa meets Miguel meets Cairo. A obra é um dos resultados do projeto Encontros 2005/2006, co-produzido pelo Alkantara de Lisboa e o Panorama de Dança. Durante o desenvolvimento do trabalho, os artistas trocaram diversas cartas sobre o processo de criação e impressões sobre as etapas da parceria. Como funcionam juntos? A conferir no Teatro Glaucio Gill, às 21h!