Para Luka com amor | Luka with love

Este texto é oferecido em português pelo Goethe Institut.

Traduzido por Peter Naumann

Na pista de dança podemos ler: “Reggae, Techno, TripHop – No fun / Rock, Punk – Dead dead dead”. Por isso ouvimos os sons do doce electro pop. Um doce de mulher eleva a sua doce voz. “Don’t shoot me up if can’t shoot me down / Don’t count on me if you can’t count me out”. A voz insinua-se de mansinho, o verso do estribilho se repete, volta mais uma vez, e a canção também se repete. É um truque de marketing. Em incessantes repetições, entra nas nossas cabeças como que a golpes de martelo a mesma canção, da qual se afirma já ter feito inúmeras vezes a felicidade dos produtores de discos em clubes berlinenses e colonenses, antes da sua liberação oficial para o comércio em 16 de janeiro. O pré-release foi seguido de apresentações no palco. As salas não se ajustam bem ao esquema da música pop: o Teatro De Vorst em Tilburg, o Ludwig-Forum em Aquisgrana, o Teatro Nes em Amsterdã – nenhum clube anunciado, nenhum serviço de bar com ambiente underground, mas pistas de dança bem varridas e enceradas, proibição de fumar, cadeiras dispostas em retângulos. A banda carrega na percussão, tortura a guitarra, sobe à arena com trajes de corte nobre, projetados por um designer – e sabe dançar mesmo. Veste uniformes militares cinzentos com aplicações feitas de panos vermelhos, removíveis peça por peça. A citação do desfile de moda também é um truque de marketing. A exibição de roupas da etiqueta JOFF de Amsterdã não é anunciada como arte, tampouco a dança. A relação das obras do coreógrafo britânico Martin Butler (Puppet Máster, Morality Play, ballet-dança 07.01) é simplesmente omitida; no seu lugar enfatiza-se o trabalho verdadeiro ou fictício para as etiquetas de moda Diesel e Lee.

Por um lado, a dança ocupa um lugar central. Butler entende de coreografia. Mas não se gasta uma só palavra, não se faz uma só referência à arte da dança, que na consciência pop só pode ser sinônimo de decoração MTV, ornamento dos ramos da moda e da música. A dança é secundária, pois o que importa em primeiro lugar é festejar a last celebrity, uma festa da beleza, não da arte de bailar da solista e cantora LUKA.

LUKA é sexy, LUKA é selvagem, LUKA é vulnerável, LUKA é a last celebrity, LUKA rasteja como um animal pelo palco, enquanto bailarinas pisam ao seu redor, executando um catwalk exagerado em forma de quadrado, chilreiam nos microfones sobre exposure e atenção. LUKA as acompanha, cabeça abaixada como um cavalo, resfolegando desejo puro e dançando. Tudo isso quer dizer apenas uma coisa: A star is born. A Song is born. A Style is born. Seria, porém, esforço baldado afirmar ‘nasce também uma coreografia’. Só moda, música, manequins e, acima de tudo, LUKA como etiqueta personificada de um estilo de vida. Nessa arte bem como no mundo restante, a dança não tem outro sentido senão o de providenciar um fundo praticamente invisível. Assegura que entre os produtos industriais feitos de música e mídia ainda existe um ser humano. E este é mantido longe das pessoas, de acordo com todas as regras do métier. Quem é, afinal, LUKA? Estudou dança e arte performática no SNDO em Amsterdã. Origem: talvez Indonésia. Ela mesma afirma ser produto do mundo globalizado, criada em meio às peças de bagagem dos seus pais: “my home is my homepage: www.lukalove.net”, um diário público, que confere à new Born star a aparência de ser humano, assim como a sua dança, seus movimentos sensualmente animalescos no palco, comercializam a mera aparência de ser ela uma mulher sexualmente desejável.

“Give me everything I need”, canta ela. “Give me everything in my life”, canta ela, “Give me everything I want”, canta ela, e o repórter fica ávido de conhecer a jovem estrela num clube adrede escondido (“secret”) depois do show. Que honra! Ela lhe dirá exatamente o que conta aos magazines das cidades, de moda, de música, ao rádio e à TV, pois não precisa sonhar que é uma estrela, precisa apenas afirmá-lo e elevar-se acima do asfalto ordinário com sua voz infinitamente suave e o doce embalo de olhos e membros. Seria um contrasenso falar sobre dança com ela, a bailarina. Como de costume no ramo do pop, tais informações não podem ser encontradas em nenhum roteiro.

LUKA é um produto. A única coisa que falta ao seu pseudônimo é um mito, e.g. o da mutação permanente, tal como Kylie Minogue o cultivou recentissimamente no seu novo livro “Kylie. La la la”, e o encarna como ícone gay, cópia de Brigitte Bardot, Ofélia e geisha, como performer onipresente nos seus vídeos, figurinos, posters de garota da capa que enfatizam a maquiagem para encenar a sua pessoa de modo que a música e a dança se tornam inteiramente secundárias. Justamente esse é o objetivo de Martin Butler. Seria um contrasenso recapitular a sua coreografia em detalhes, pois ela não é nem embriagante nem ruim, mas apenas um meio para atingir um fim inteiramente distinto: o espaço público popular, com algumas diferenças mínimas em relação ao pop business existente. Essa diferença quase invisível é festejada pelos holandeses como subversiva, “fun on the pop culture”, como afirma Paul Derksen, o dramaturgo de Butler, mas esse fun há muito tempo já está contido no próprio pop.

Em contraste, os berlinenses não avançaram tanto, mas quase chegaram lá. Yoshiko Waki, ex-bailarina de Kresnik, não é nenhuma celebridade, mas festeja as estrelas que já o são. Na sua peça mais recente, Motherfackel, a estrela é Sophie Rois, heroína do teatro Volksbühne. Em vez deles mesmos afirmarem ser estrelas, os bailarinos afirmam que são Martin Wuttke, Sophie Rois ou Yoshiko Waki. Em vez de se apresentarem na célebre tenda da modista Lucy Orta, dançam em tendas de camping que podem ser adquiridas nas lojas especializadas. Em vez de serem músicos de verdade, transmitem songs de Laurie Anderson & Cia. O resultado é semelhante ao de um concerto dançado de LUKA, mas na simples inversão das identidades Yoshiko Waki acaba produzindo sempre teatro, o concerto acaba sendo apenas um baú repleto de citações e a dança está a tal ponto no primeiro plano que as pessoas curtem o prazer popular de imaginar quão atleticamente sexy acharão Tanya Pamukov, quão soberanamente sexy Thomas Langkau, quão vigorosamente sexy Mathias Richter, e qual dos originais femininos concorrentes, Katrin Schwyns e Susanne Czuga, poderia efetivamente chegar ao estrelato – se fossem percebidos como elas mesmas e não sempre apenas como suas encenações. Pois esta é a questão: há muito tempo o teatro não cita mais a cultura pop, mas transforma-se sem alternativa de diferenciação em uma encenação pop. Para tal fim os bailarinos somente precisam tornar-se estrelas e não mais representá-las.Auf dem Tanzboden steht zu lesen: “Reggae, Techno, TripHop – No fun / Rock, Punk – Dead dead dead”. Darum erklingt süßer Elektro-Pop. Eine süße Frau hebt ihre süße Stimme: “Don’t shoot me up if can’t shoot me down / Don’t count on me if you can’t count me out”. Die Stimme schleicht sich ein, die Refrainzeile wiederholt sich, und wiederholt sich noch einmal, und der Song wiederholt sich auch. Ein Promo-Trick. Unablässig wiederkehrendes Einhämmern des einen Lieds, von dem es heißt, es wäre schon vor seinem offiziellen Release am 16. Januar in Berliner und Kölner Clubs so oft gelaufen, wie sich das nur Plattenproduzenten wünschen können. Dem Pre-Release folgten Bühnenauftritte. Die passen nicht ganz so ins Popmusikschema: Das De Vorst Theater in Tilburg, das Ludwig Forum in Aachen, das Nes-Theater in Amsterdam – keine angesagten Clubs, kein Barbetrieb mit Underground-Ambiente, sondern sauber gewischter Tanzboden, Rauchverbot, Bestuhlung im Rechteck. Die Band haut ins Schlagzeug, quält die Gitarre, steigt in edlem Designeroutfit in die Arena und – kann richtig tanzen. Graue Militärkleider mit roten Stoffapplikationen, die einzeln abnehmbar sind. Das Modenschau-Zitat ist auch ein Promo-Trick. Das Vorführen von Kleidern des Amsterdamer Labels JOFF wird nicht als Kunst behauptet. So wenig wie der Tanz. Die Werkliste des in Amsterdam lebenden britischen Choreografen Martin Butler (Puppet Master, Morality Play; ballet-tanz 07.01) wird einfach ausgespart, stattdessen betont man seine wahre oder unwahre Tätigkeit für die Modelabels Diesel und Lee.

Tanz ist zwar zentral, das Choreografieren ist das, was Butler kann. Aber kein Wort, kein Hinweis ergeht an die Tanzkunst, die im Pop-Bewusstsein nur MTV-Dekorum sein kann, ein Beiwerk ist für die Mode- und die Musikbranche. Tanz ist sekundär, weil es in erster Linie um die Feier der Last Celebrity geht, eine Feier der Schönheit, nicht der Tanzkunst der Solistin und Sängerin LUKA.

LUKA ist sexy, LUKA ist wild, LUKA ist verletztlich, LUKA ist die Last celebrity, LUKA kriecht wie ein Tier über die Bühne, während Tänzerinnen in übertriebenem Catwalk im Karee um sie herum stampfen, an Mikrofonen von Exposure und Aufmerksamkeit zwitschern, LUKA dazu gesenkten Kopfes wie ein Pferd reines Desire schnaubt und tanzt. Alles will nur eins bedeuten: A Star is born. A Song is born. A Style is born. Vergeblich aber die Mühe zu behaupten, es wäre auch eine Choreografie geboren. Nur Mode, Musik, Mannequins, und über allem LUKA als personifiziertes Livestyle-Label. Tanz hat in dieser Kunst wie in der Welt sonst keinen anderen Sinn als eine nahezu unsichtbare Grundierung zu sein. Tanz als die Versicherung, dass inmitten der industriellen Produkte aus Musik und Medium noch ein Mensch da ist. Und der wird nach allen Regeln der Kunst vom Menschen ferngehalten. Wer ist denn LUKA? Als Tänzerin und Performerin ausgebildet am SNDO in Amsterdam, Herkunft: vielleicht Indonesien. Sie selbst sagt, sie sei das Produkt der globalen Welt, aufgewachsen im Reisegepäck ihrer Eltern, und «my home is my homepage: www.lukalove.net» – ein öffentliches Tagebuch, das dem new born Star den Anschein von Menschsein ebenso verleiht wie ihr Tanz, sich sinnlich-tierisch auf der Bühne zu bewegen, den bloßen Anschein vermarktet, eine sexuell begehrende Frau zu sein.

«Give me everything I need», singt sie, «Give me everything in my life», singt sie, «Give me everything I want», singt sie, und der Reporter ist begierig, den jungen Star in einem eigens als «secret» versteckten Club nach der Show kennenlernen zu dürfen. Was für eine Ehre: Sie wird ihm genau das erzählen, was sie Stadtmagazinen, Modemagazinen, Musikmagazinen, dem Radio und Fernsehen erzählt. Sie muss eben nicht davon träumen, ein Star zu sein, sie muss es nur behaupten, und sich mit ihrer unendlich weichen Stimme und ihrem süßen Augen- und Gliederspiel über den Asphalt des Gewöhnlichen heben. Mit ihr, der Tänzerin, über Tanz zu sprechen ist Unsinn. Sowas steht, wie in der Pop-Branche üblich, in keinem Script.

LUKA ist ein Produkt. Ihr Pseudonym braucht nur noch einen Mythos; etwa den der ständigen Verwandlung, wie ihn Kylie Minogue zuletzt in ihrem neuen Buch «Kylie. La la la» pflegt – und als Gay-Inkone, Brigitte-Bardot-Imitat, Ophelia und Geisha die allgegenwärtige Performerin ist in ihren Videos, Kostümen, in Make-Up-betonenden Covergirl-Bildern, um ihre Person derart zu inszenieren, dass Musik und Tanz völlig nebensächlich werden. Genau darum geht es auch Martin Butler: Es wäre Unsinn, seine Choreografie en detail nachzuvollziehen, sie ist weder berauschend noch schlecht, sie ist nur ein Mittel, um etwas ganz anderes zu erreichen: Populäre Öffentlichkeit durch ein paar minimale Differenzen zum bestehenden Popgeschäft. Diese fast unsichtbare Differenz feiern die Holländer als subversiv, als «fun on the pop culture», wie Butlers Dramaturg Paul Derksen behauptet, aber dieser fun ist im Pop längst selbst enthalten.

In Berlin, zum Kontrast, ist man nicht ganz so weit. Aber fast. Yoshiko Waki, die Ex-Kresnik-Tänzerin, ist keine Celebrity, sonden feiert solche Stars, die es bereits sind: In ihrem jüngsten Stück «Motherfackel» ist es die Volksbühnenheldin Sophie Rois. Statt selber ein Starsein zu behaupten, behaupten die Tänzer, sie seien Martin Wuttke, Sophie Rois oder Yoshiko Waki. Statt im berühmten Zelt-Outfit der Modekünstlerin Lucy Orta tanzen sie in handelsüblichen Campingzelten. Statt richtige Musiker zu sein, kolportieren sie Songs von Laurie Anderson und Co. Das Resultat ist zwar ähnlich wie bei LUKA ein getanztes Konzert, aber im bloßen Verkehren der Identitäten wird bei Yoshiko Waki daraus noch immer Theater, wird aus dem Konzert nur eine Zitatenkiste, und der Tanz steht derart im Vordergrund, dass man sich das populäre Vergnügen macht, zu denken, wie athletisch-sexy man Tanja Pamukow wohl findet, wie souverän-sexy Thomas Langkau, wie kraftvoll-sexy Mathias Richter, und welche der beiden im Wettkampf befindlichen weiblichen Originale, Katrin Schwyns und Susanne Czuga, tatsächlich ein Star werden könnte – wenn man sie selbst und nicht immer nur ihr Theater sähe. Denn darum geht es: Das Theater zitiert längst nicht mehr die Popkultur, sondern wird ununterscheidbar selbst zu einer Pop-Inszenierung. Dazu müssen Tänzer bloß Stars werden und sie nicht mehr darstellen.