Por dentro da Cooperativa Paulista de Dança

A Cooperativa Paulista de Dança vem desde 2005 atuando no cenário da dança paulista. Sua equipe é formada pelos bailarinos e coreógrafos Carmen Gomide (presidente) e Raymundo Costa (vice) contando também com o apoio dos profissionais: Maria Inês (secretária), Zuannon (web designer, www.coopdanca.com.br) e o Planej Escritório de Contabilidade (consultoria jurídica).

Com objetivos de incentivar a produção da dança; pesquisar conjuntamente novas expressões de linguagem corporal e outras formas artísticas; de produzir espetáculos de dança, workshops, oficinas e cursos; participar de projetos e licitações públicas para captar recursos, trabalhando com base na colaboração recíproca a cooperativa de dança, a entidade tem a responsabilidade política de representação legalmente constituída de seus cooperados. “Sem uma representação legal constituída é como se não existíssemos. Essa é a grande diferença entre sermos uma instituição ou um movimento”, diz Gomide.

Trabalhando juntos desde 1995, Carmen e Raymundo participaram da equipe da primeira cooperativa de dança de São Paulo (Cooperativa dos Bailarinos – Coreógrafos). Em 2001, Carmen assumiu a presidência da antiga cooperativa e por problemas legais e contábeis foi levada a fundar a atual. Funcionando com maior eficiência, a nova cooperativa conta hoje com 110 associados.

Em quatro anos de atuação, a cooperativa organizou quatro eventos, três edições do Cooperativa em Cena, uma mostra de dança realizada em abril, maio e junho de 2005, no Centro de Encontro das Artes e também promoveu o Na Galeria com Quintana, o projeto de lançamento da cooperativa, realizado em novembro de 2006 na Galeria Olido, e em dezembro do mesmo ano no Centro Cultural São Paulo. Este último evento mobilizou os cooperados a criarem ações performáticas baseadas em contos do Mário Quintana e teve a colaboração da atriz Ondina Castilho.

A experiência na gestão das atividades da cooperativa levou a uma mudança no foco de atuação e a deliberação de que o Conselho Administrativo não deveria organizar eventos e sim apoiá-los. A tarefa principal desta instituição é a de garantir que suas obrigações legais e financeiras estejam sempre em dia, desse modo o cooperativado pode contar sempre com a representação jurídica da instituição junto a editais, contratos temporários de trabalho e emissão de faturas.

A cooperativa fornece fatura para realização de trabalhos, sua sede com secretária, contador, internet, impressora, telefone, o nome do cooperativado publicado em seu site, a intermediação de contratos, administração geral de contabilidade e da parte jurídica – serviços que, pagos de forma independente, custariam mais de R$ 2 mil, segundo informa Gomide. Hoje a cooperativa paulista já faz parte do conselho de entidades que atuam por políticas públicas mais inclusivas, sendo consultada, por exemplo, sobre a constituição de comissões de seleções de projetos como o PAC-Dança (Plano de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo), o Fomento à Dança Para a Cidade de São Paulo, e para o fomento à dança concedido pela Funarte através edital Klauss Vianna.

Para se associar à cooperativa é necessário preencher uma ficha cadastral disponível no site, cópias do RG; CPF; comprovante de endereço; comprovante de dependentes (se for o caso, certidão de nascimento); uma foto 3×4; currículo; PIS/PASEP; número do DRT; INSS e CCM, (os três últimos documentos podem ser providenciados após a filiação). É necessário o pagamento da joia no valor de R$ 50, que faz parte do capital social da cooperativa; uma mensalidade de R$ 32, sendo que grupos até 4 pessoas pagam R$ 22 e de 5 pessoas em diante pagam R$ 17 por pessoa. As taxas cobradas sobre as notas fiscais são de 5% para solos, 4% para grupos até 4 pessoas e 2,5% para grupos com 5 pessoas ou mais. Sua sede encontra-se na Avenida São João 324, sala 4008-B. O telefone é (11) 3225-9585 e o email coopdanca@coopdanca.com.br.

Mesmo depois de quatro anos de atuação, a cooperativa ainda enfrenta algumas dificuldades básicas. A mais séria, segundo seus dirigentes, é a não adesão por parte dos grupos e criadores mais atuantes no estado de São Paulo. Grande parte destes grupos e criadores são associados à cooperativa de teatro. Dessa maneira, suas contribuições fortalecem e financiam eventos de teatro. Gomide desabafa: “A classe de dança não consegue enxergar que somos nós que temos que mudar, não são os políticos ou curadores, mas nós mesmos na nossa atitude como classe e como pessoas”.

Outra dificuldade encontrada no trabalho realizado pela equipe da cooperativa de dança é a falta de compreensão do trabalho cooperativado, ou seja, da cooperação recíproca. Alguns dos cooperativados agem como se este fosse um serviço contratado perdendo a dimensão que a presidência realiza um trabalho voluntário. Essas dificuldades ameaçam a atuação e sobrevivência deste importante órgão uma vez que os serviços por ele oferecidos dependem da contribuição mensal dos associados e que as reivindicações e encaminhamento das questões da classe dependem da participação de todos.

Sem poder se igualar à cooperativa de teatro – que hoje possui 4 mil cooperados e por esse motivo recebe mais contribuições e pode manter o custo das taxas cobradas aos cooperados mais barato que o valor cobrado pela cooperativa de dança -, a cooperativa de dança existe para representar a classe de dança, lutando por suas questões, que são bem distintas das da classe de teatro. A classe de dança precisa se afirmar em sua singularidade perante o mercado da arte. Carmen afirma que, se os bailarinos e criadores que hoje estão filiados à cooperativa de teatro migrassem para a cooperativa de dança seria possível uma equivalência dos custos das taxas, pois esse fato acarretaria no aumento do ativo da cooperativa.

O campo da organização trabalhista da classe de dança no Brasil é mais um dos que necessita de organização e políticas próprias. O trabalho da Cooperativa Paulista de Dança, sem dúvida, pode dar alguns passos nessa direção, mas essa é uma tarefa coletiva que pode ser encaminhada por representantes que deliberam o que um coletivo discutiu e acordou, portanto, é prerrogativa do exercício democrático da participação desenvolver entre os profissionais da dança o senso de cidadania.

Cooperativa Paulista de Dança (“São Paulo Dance Cooperative”) has been acting since 2005 in São Paulo’s dance environment. Its staff is composed by dancers and choreographers Carmen Gomide (president) and Raymundo Costa (vice-president) and also has the support of Maria Inês (secretary), Zuannon (webdesing, www.coopdance.com.br) and Planej Escritório de Contabilidade (legal consulting).

Aiming to encourage dance production; jointly research new body language expressions and other artistic forms; producing dance shows, workshops and courses; participate in public projects and biddings to raise funds, working based on reciprocal collaboration, the dance cooperative has the political responsibility to legally represent its associates. “Without legal representation, it´s like we don´t exist. That’s the big difference between being an institution or a movement”, says Gomide.

Carmen and Raymundo have worked together since 1995, they were part of São Paulo’s first dance cooperative (Dancers – Choreographers Cooperative). In 2001, Carmen assumed the presidency of the old cooperative and because of legal and accounting problems, she decided to establish the current one. Working more efficiently, the new cooperative now has 110 members.

During the four years of activities, the cooperative organized four events: three editions of Cooperativa em Cena, a dance showcase that took place in April, May and June of 2005, at Centro de Encontro das Artes and Na Galeria com Quintana, the launching project of the cooperative, was produced in November 2006 at Galeria Olido and in December of the same year at Centro Cultural São Paulo. The latter event counted on the collaboration of actress Ondina Castilho and mobilized the cooperative members to create performing actions based on Mário de Andrade’s short stories.

The experience of managing the cooperative’s activities led to a shift in the action scope and the resolution that the Board should not organize events but rather support them. The main task of the institution is to assure its legal and financial obligations are always up to date, so that the member can always count on the institution’s legal representation in selection processes, temporary work contracts and issuing invoices.

The cooperative provides the following services: invoices for production work; headquarters staffed with a secretary and an accountant and equipped with internet and printers; the member’s name published in the website; mediation in contracts, general accounting and legal management. According to Gomide, such services would cost over R$2.000,00. Currently, the cooperative is already part of the board of entities that push for more inclusive public policies. It was consulted, for instance, about the formation of selection committees such as PAC-Dança (State of São Paulo Culture Office’s Cultural Action Plan), Fomento à Dança Para a Cidade de São Paulo and the grants for dance projects awarded by FUNARTE (National Artist Foundation), through the Klauss Vianna award.

In order to become a member of the cooperative, the artist must fill a registration form, available at the website and send copies of personal identification documents, proof of address, proof of dependents, 3×4 photo, CV, social security number, worker registration number. It´s also necessary to pay a R$50,00 fee, which is part of the cooperative’s social capital; a R$32 monthly individual fee. Members of groups with up to 4 people must pay R$22,00 and for groups with more than 5 people, each person must pay R$17,00. The fees charged for invoices are 5% for solos, 4% for groups with up to 4 members and 2,5% for groups with 5 members or more. Its center is located at Av. São João, 324 sala 4008-B, the phone number is 11-3225-9585 and the e-mail is coopdanca@coopdanca.com.br.

Even after four years of activities, the cooperative still faces some basic challenges. The most serious one, according to its directors, is the lack of commitment of the most active groups and creators in the state of São Paulo. Most part of these groups and creators are members of the theater cooperative. In this way, their contributions strengthen and finance theater events. “The dance community doesn´t understand that we are the ones who must change, not the politicians or curators, but ourselves as a community and as people.”

Another difficulty faced by the work carried out by the dance cooperative staff is the lack of understanding about the cooperative work, meaning, of mutual cooperation. Some of the members of the cooperative act as if this were a hired service, losing sight that the presidents work on a voluntary basis. These difficulties threaten the action and the survival of this important organization, since the services offered by them depend on the members’ monthly contribution and that the requests and the handling of the issues of the community depend on everyone’s participation.

Unable to level with the theater cooperative, which has 4000 members and for that reason receives more contributions and are able to keep the fees lower that those of the dance cooperative, the dance cooperative exists to represent the dance community, fighting for its issues, which are very different from of the theater community . The dance community must establish its singularity within the art market. Carmen states that if the dancers and creators that are currently associated with the theater cooperative migrated to the dance cooperative, it would be possible to lower the fees, because it would result in an increase of he cooperative’s cash flow.

The field labor organization in Brazil’s dance community needs its own organization and policies. The work of São Paulo’s Dance Cooperative can definitely take some steps in that direction but this is a collective task that must be carried out by representatives that deliberate about what a group discussed and agreed upon, therefore developing a sense of citizenship among dance professionals is a prerogative of democratic participation.