Projeto científico cria prótese especial para bailarina

Inédita, a prótese do pé na posição de ponta foi produzida por médico em Campinas (SP)

11/03/2016 - Cidades - Janaína - Primeira prótese bailarina - Na Imagem: Melina Reis - que recebeu a prótese. Foto : Divulgação

Melina Reis com a prótese. (Divulgação)

Após um acidente de carro em 2002 e novas complicações em 2014, a ex-bailarina Melina Reis, de 31 anos, teve que passar por uma cirurgia de amputação de sua perna esquerda. Seu desejo de voltar a dançar chegou até o fisioterapeuta, ortoprotesista e doutor em Ciências da Cirurgia pela Unicamp José André Carvalho, que aceitou o desafio de construir a prótese de um pé especificamente na posição de ponta. Referência dentro do país na área, Carvalho é fundador do Instituto de Prótese e Órtese – IPO, que cuida de amputados, entre os quais muitos se tornaram atletas.

Feita a partir de molde de gesso do pé da bailarina, para projetar a prótese para o outro pé amputado de Melina foram precisos estudos de alinhamento, conceitos de biomecânica e cálculos matemáticos para permitir o equilíbrio do peso da ponta da sapatilha, de aproximadamente 250 gramas. A produção da peça de resina, fibra de carbono e gesso demorou cerca de quatro semanas e foi feita no próprio consultório em Campinas.

Ainda em fase de testes para ajustes, o empenho no desenvolvimento da prótese garantiu o retorno da ex-bailarina novamente às aulas em menos de uma semana após a fase de adaptação. Sem custos, por se tratar de um estudo de caso, a peça ainda não está sendo comercializada, mas abre diversas possibilidades para a redescoberta da movimentação em pessoas que sofreram uma amputação.

Dança, tecnologia e superação

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Adrianne em apresentação com a prótese especial durante uma conferência TED em 2014, no Canadá. (James Duncan Davidson / AP)

Apesar da prótese de Melina ser a primeira do tipo, esta não é a primeira vez que uma bailarina volta a dançar com a ajuda de tal artefato. Nos Estados Unidos, a bailarina Adrianne Haslet-Davis, 33, perdeu parte de sua perna esquerda quando participava da Maratona de Boston, em 2013, onde a explosão de duas bombas na linha de chegada deixou três pessoas mortas e diversas feridas.

Ainda hospitalizada, Adrianne conheceu Hugh Herr, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e diretor de biomecânica da fundação TED, que teve suas duas pernas amputadas após um acidente em uma escalada em 1982. Decidido a ajudá-la, Herr levou a frente uma pesquisa que estudou as dinâmicas da dança na movimentação e na aplicação da força feita pelos bailarinos.

Ao lado de um grupo de cientistas especializados em próteses, robótica e biomecânica, Hugh desenvolveu uma perna biônica que possibilitou Adrianne retomar sua carreira.

 

[Fotos: Reprodução / EPTV]