Seminário abre espaço para discussão da gambiarra nas artes cênicas em Recife

O Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (CAC/UFPE) recebe nesta quarta-feira, 16, o seminário Fuleiragens na fronteira, que propõe um espaço de discussão sobre as aproximações entre dramaturgia, brincadeira e fuleiragem. O evento traz como ponto de partida o espetáculo PEBA, resultado de pesquisa continuada de um ano desenvolvida em 2013 pela bailarina e performer Iara Sales, que tanto faz referência à fronteira Pernambuco-Bahia, quanto à precariedade gambiárrica no jeito de se organizar, pesquisar e pensar-fazer dança.

Com duração de duas horas, a programação conta com a palestra performada Para uma Dramaturgia PEBA, ministrada pelo dramaturgo e professor Sérgio Andrade (UFRJ), em parceria com os artistas Iara Sales (PE) e Tonlin Cheng (PE), além de debate aberto a intervenções do público com a participação da diretora e coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo, do Grupo Grial de Dança (PE) e mediação da professora Gabriela Santana (UFPE). Esse formato oportuniza o acompanhamento dos trajetos que configuraram a dramaturgia de PEBA, bem como compartilha referências que dialogam com a obra. A entrada para o seminário é gratuita, mas para receber o certificado é preciso fazer inscrição através do blog projetopeba.blogspot.com.

Corpo, memória e estado

A memória autobiográfica de 1999, que impulsionou a inquietação inicial para o pensamento de PEBA, foi a explosão de um botijão de gás interrompendo dolorosamente a brincadeira de um carnaval, cravada nas cicatrizes desenhadas na pele de Iara. Além do jogo com as siglas dos estados Pernambuco e Bahia, “peba” também uma palavra indígena que significa: baixo, nanico, anão, curto das pernas (geralmente usada para animais) – peba, peva, péua, nanipeba e nhapeua.

Nas gírias entre Pernambuco e Bahia, “peba” é também um adjetivo usado para indicar precariedade ou baixa qualidade, como um produto de fabricação ruim e barata, mas que resolve ainda que provisoriamente uma demanda emergente. O trabalho faz assim, em cena, emergir uma fuleiragem boa traduzida tanto na corporeidade dançada como na cenografia e arquitetura sonora do espetáculo, montadas a partir de amarrações, gambiarras, reaproveitamento de caixas de som e outros objetos rearranjáveis em cada espaço performado.

Dias 17 e 18, quinta e sexta-feira, a programação da temporada itinerante de PEBA têm apresentações às 20h, no atelier Arte da Terra, em Casa Forte. A caminhada continua em outubro, na galeria Janete Costa, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, nos dias 10 e 11. Serão ao todo 12 apresentações até o final da temporada, incluindo ainda a realização do seminário.

Foto: Iara Sales em PEBA (C) Lara Per Labfoto VIVADANCA 2015

SERVIÇO

Seminário Fuleiragens na Fronteira

Data: 16 de setembro
Horário: 19h às 21h
Local: Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (CAC/UFPE) – Av. Prof. Moraes Rego, 1235 – Cidade Universitária, Recife – PE
Entrada gratuita. Inscrições para certificado em projetopeba.blogspot.com.

PEBA, de Iara Sales

Dias 17 e 18 de setembro
Horário: 20h
Local: Atelier Arte da Terra – Av. 17 de Agosto, n° 2527, em Casa Forte.

Dias 10 e 11 de outubro
Local: Galeria Janete Costa/Parque Dona Lindu – Av. Boa Viagem, Recife

Duração: 40 min aprox.
Classificação: Livre
Ingressos: Como política de discussão sobre a sustentabilidade do ser artista, há três valores de ingressos disponíveis para o público. O ingresso solidário por R$ 5,00, o ingresso justo por R$ 20,00 e o ingresso abundante, para quem quiser contribuir mais, a partir de R$ 21,00.