A Cooperação começa em casa | La Cooperación empieza en casa
Texto oferecido pelo Instituto Goethe
Os organizadores nos mandaram uma série de vetores para elaborar a palestra e, cada vez que pensava neles, sentia a tremenda necessidade de modificá-la. O que significa que possivelmente, se pudesse, esclareceria muitas das coisas que vou dizer, mas acredito que isso é bom, posto que fala do caminho de busca no qual estou, no caminho que estamos todos aqueles que pensamos sobre a cooperação cultural. Creio sinceramente que viemos a estes encontros para nos fazer mais perguntas, não para encontrar respostas.
Uma das coisas que nos sugeriram era que deveria existir um Decalogo da Cooperação Cultural. A UNESCO tentou algo parecido na Conferência Geral da Organização, celebrada no dia 4 de novembro de 1966 em Paris. Uma declaração na qual, através de seus onze artigos, deixou claro e de manifesto pontos que por sorte já estão inseridos em quase todos os planos de ação:
– A dignidade de toda a cultura acompanhada do direito e do dever de desenvolvê-la.
– A tentativa de equilíbrio na hora de conseguir uma harmonia entre o desenvolvimento cultural, o progresso técnico e a elevação intelectual e moral da humanidade.
– Os objetivos principais podem ser difundir conhecimentos, desenvolver relações pacíficas, facilitar o acesso ao aproveitamento das artes e o benefício dos progressos obtidos pela ciência.
– Ajudar a melhorar as condições de vida de todas as nações mediante à possibilidade de compartilhar os avanços científicos entre umas e outras.
– O respeito à originalidade de cada cultura.
– A utilização das idéias para a resolução de conflitos.
– Reciprocidade e estabilidade das ações empreendidas.
– Principal atenção à juventude e à educação nos valores desta.
– E o respeito à soberania e à não ingerência.
Como se vê, uma mescla interessante de interações, conselhos, objetivos e princípios. Mas sobretudo um trabalho que se tornou importante pelo que tem conseguido, que é ir penetrando pouco a pouco na cabeça de quem trabalha com isso de uma ou de outra maneira. Aproveitei o esquema para me sobrepor a ele e continuar a indagação de princípios e objetivos. A partir deles irei racionalizando o que acredito que deve ser uma Cooperação Cultural um pouco mais sólida e que responda a iniciativas arranjadas por todos os atores que dela participam. Não vou hierarquizar. Como disse, mudei várias vezes estes pontos e por isso não fui capaz de determinar uma ordem de prioridades. Mas serão vocês que as determinarão em cada caso.
A Cooperação Cultural deve tentar, junto com a educativa e a científica, mas deixando claras as ferramentas de cada uma:
1) Estimular a criatividade em todos os aspectos em que a mesma favoreça o desenvolvimento social. Potencializando uma imaginação lúdica e ativa que fortaleça a construção de uma tecnologia própria e um desenvolvimento empresarial concorde com este crescimento criativo. A criatividade não pode nascer isolada da diversidade. Nos lugares do mundo que mais se instalou a mestiçagem, muitas das vezes lutando contra a falta de respeito ao diverso, foram nos que mais floresceu a criatividade. A criatividade, sem dúvida alguma, é uma das pedras angulares da produtividade. Criar não é somente pintar um quadro ou fazer uma escultura. A criatividade a que fazemos referência é uma maneira de entender o desenvolvimento próprio, de respeitar as próprias idiossincrasias para conseguir que cada um possa se desenvolver segundo seu olhar e seu modelo de estar no mundo. Uma criatividade própria que estimula o crescimento individual e ajuda a deixar de viver inclinado a prescrições de outros.
Com ele tentaremos buscar através da cultura:
2) Fortalecer a identidade e a autoestima, de maneira que a confiança social volte a aparecer como resultado deste fortalecimento e naturalmente de outros processos paralelos que já estão nos objetivos gerais da cooperação, como a consolidação institucional, a melhora da participação cidadã e, portanto, a solidificação das estruturas democráticas. Este é um passo imprescindível para que o resto das ações empreendidas na cooperação internacional sejam sustentáveis. Sem ele, tudo o que fizermos voltará a entrar num redemoinho débil, onde tudo cai ao menor vento. Mas nunca devemos esquecer que isto da identidade é totalmente mutável. É muito difícil defender a identidade por decreto. Apoiar a identidade por lei dá margem a fundamentalismos, e estes deixam uma seqüela da qual não é necessário falar. A identidade é mutável. Se a cultura está viva, não há que se ter esses medos um pouco excessivos às mudanças de identidade. Os bloqueios econômicos ampliam identidades – é indubitável que pertencer ao Mercosul vai alterar a identidade brasileira. Assim como pertencer à União Européia mudou a espanhola. Mas fortalece um sentimento de pertencimento diferente e mais rico para seus habitantes. Não se deve buscar defender identidades umas contra as outras. Deve-se buscar fortalecer identidades que ajudem no encontro das outras, porque estão sólidas, porque acreditam nelas e porque gostam de compartilhar o que têm.
Para isso devemos buscar:
3) Fortalecer os mecanismos de interconexão social. “Se as pessoas vivem bem juntas, coopera-se de maneira a enriquecer-se reciprocamente, ampliando suas opções individuais. Desta maneira, o desenvolvimento humano se preocupa não só com as pessoas como indivíduos, mas também com a forma com que elas interagem e cooperam nas comunidades.” Às vezes a Cooperação peca de um certo paternalismo, tratando de transferir soluções que foram eficazes em determinados contextos para outros que nada têm a ver. É aqui que deve-se começar a pensar em uma ética da Cooperação. Essa ética discursiva a que faz referência Habermas quando diz que “só são válidas aquelas normas de ação com as quais poderiam estar de acordo todos os possíveis atingidos como participantes em um discurso prático.” Uma ética que incorpora como suporte fundamental o respeito à diversidade. Não incorporar um olhar que respeite a diversidade, gera uma exclusão social cada vez maior, que, frente à debilidade dos Estados receptores da Cooperação, devido às fraturas institucionais e à fragilidade dos marcos jurídicos, impede os consensos necessários para melhorar a participação e, portanto, os significados democráticos, que permitem elaborar esse esboço de contrato social imprescindível, buscando um aumento da igualdade, apagando a exploração e fomentando as políticas trabalhistas necessárias para o desenvolvimento social.
Uma comunicação que apresente a diversidade não só como uma mostra, mas como um acordo possível a que é necessário chegar a partir do desacordo. Uma comunicação que estimule as manifestações da diversidade para, através dela, gerar esse conhecimento imprescindível, base de todo respeito, uma comunicação que gere e fomente a criatividade.
Mas a Cooperação não pode esquecer-se da necessidade de:
4) Potencializar o conhecimento entre as culturas, com a finalidade de estabelecer diálogos produtivos e geradores de estruturas cooperadoras e integradoras. Realizados sobre a base de um conhecimento eficaz e real do outro. Uma boa política de comunicação é aquela que permite que os diferentes se interconectem da melhor maneira. Os diferentes não são somente aqueles que pertencem a outra raça ou a outra cultura, as diferenças que mais pesam nas sociedades são aquelas que se arrastam a partir do social – é menos diferente um negro com dinheiro do que um negro sem dinheiro. Um índio mendigo é completamente diferente, enquanto que um com estudos, terno e gravata e escritório é um personagem social que mostra as vantagens de ser diferente.
Também existem diferenças baseadas em critérios morais. Os homossexuais, os ateus, os membros de religiões diferentes à que impera no país. Estas diferenças morais se vêem incrementadas pelos discursos fanáticos dos sacerdotes de qualquer crença que baseiam seu poder em satanizar os outros, aos que atuam diferente. Isso tem um grande calado social e só se pode começar a debater a partir de uma perspectiva cultural, já que levá-la ao terreno da discussão moral é infiltrar-se nos caminhos das crenças irracionais do ser humano. A principal causa da invisibilidade das diferenças se produz por falta de capacidade para contá-las, quando não podemos distribuir nossas diferenças porque não encontramos canais propícios para isso. A base estrutural da comunicação são os canais através dos quais de distribui. Não os encontramos porque não os elaboramos, não cooperamos com os diferentes para criar-lhes canais de exibição de suas diferenças. A cooperação talvez deveria implantar a criação de novos canais de comunicação para poder mostrar as diferenças, entendê-las e, a partir daí, aceitá-las. Ninguém aceita o que não entende. Ninguém aceita também o que sente como agressão e ninguém se integra quando se sente agredido.
Em geral todo processo de cooperação necessita:
5) Inserir um olhar cultural nos projetos de desenvolvimento econômico, buscando que possam chegar a mais populações, que vão ficando marginalizadas dos lucros empresariais, frios e incapazes por si mesmos de resultar eqüitativos em sua distribuição de benefícios, que não necessariamente hão de ser nitidamente econômicos.
“É perfeitamente inadequado distinguir entre dois tipos de lógica: a das empresas que visam ao maior lucro do benefício econômico, que não adimite mais interlocutores do que os cidadãos com capacidade aquisitiva, e a de beneficência, dirigida aos necessitados, aos quais atende sem contradesempenho, porque é promovido pelo voluntariado. É inadequado porque admitimos que a lógica empresarial é socialmente neutra e que o social é coisa de beneficência, situado à margem da sociedade, nunca no centro. O centro da política dura, da economia, seria socialmente neutro, por isso produz marginalizados constantemente.”
Por isso as políticas de inclusão não devem estar isentas desta complementaridade que deve levar ao social e ao econômico. O trabalho conjunto que deve ser iniciado sustentavelmente e com bases sólidas entre o público e o privado. Devemos evitar trabalhar de maneira separada entre quem gera benefícios econômicos e os que produzem benefícios sociais. Até que se compreenda que o trabalho, qualquer trabalho, deve produzir um benéfico econômico e a tempo um bem social, não se produzirá um desenvolvimento sustentável, uma riqueza estável, nem uma tabela confiável de crescimento a longo prazo. Se trata de gerar um respeito naquele com o qual cooperamos, como naquele com o qual queremos nos fazer credores. Ontem tive a sorte imensa de conhecer o SESC. Me pareceu uma experiência fascinante que penso divulgar por onde eu vá. Mas me assustou um fator, que pode acontecer se não for previsto antecipadamente. Isto que é o exemplo de cooperação entre o setor privado e o setor público, pode terminar sendo uma supressão do setor público pelo setor privado. Ante a inatividade do setor público e a boa marcha do privado, as pessoas tendem a seguir o que funciona. Temos a obrigação de exigir que o setor público também funcione, que coordene as suas ações com o privado e que complemente ambas. É uma obrigação dos cidadãos, é um dever democrático pedir ao poder a que depositamos o voto que funcione ou que se vá.
Procurando isto é que devemos buscar através da nossa Cooperação Cultural:
6) Estimular a participação dos cidadãos nas diversas atividades culturais. Uma vez que se começa a participar destas atividades lúdicas, o sentimento de propriedade social cresce e, por conseguinte, reforça-se a participação outras muitas esferas democráticas. Os primeiros problemas da Cooperação começam em casa, no interior dos países. A política social do governo é pouco disposta a incluir um olhar cultural. Pouco disposta, quando não absolutamente cética sobre o papel que pode jogar este olhar necessário. Um ceticismo que se estende às mesmas instituições culturais do Estado. É raro um Ministério da Cultura trabalhando com um da Fazenda, de Comércio Externo, ou Habitação. Todos enchem a boca considerando o papel significativo da cultura na Cooperação externa, mas são muito poucas as vezes que mudamos de cabeça para supervisionar as vantagens de aplicar estes critérios no interior.
A modernização que sofrem alguns setores do país emerge de uma estrutura cultural diferente. As formas de organização e portanto de representação do mundo passam por códigos novos que exigem um olhar cultural em várias de suas facetas. As agendas de construção dos países incluem o respeito e a inserção do multiculturalismo, a fim de facilitar o governo. Os sedimentos de violência que vemos florescer com força abarcam desde problemas com os nacionalismos até exclusões e marginalidade social em aumento. Não é suficiente outorgar espaços jurídicos de reconhecimento. Em nações nas quais cada vez há mais presença de Estados diferentes sob um mesmo projeto, é necessário utilizar um vínculo que atrai a capacidade de trabalhar solidariamente por este projeto comum. A solidariedade deve se apoiar em algo concreto que a sustente e a alimente como um dos valores que se sobrepõem aos membros de uma sociedade. A cultura se desenha como um dos laços que podem ser utilizados para obter esta sobreposição. A cultura manifesta-se em primeiro lugar como um idioma comum. Muitas vezes isto não implica em uma linguagem comum. Ter um idioma comum também não deve significar destruir as outras línguas que passeiam pelo território nacional. A partir da Cooperação Cultural é necessário recolocar os debates entre justiça, convivência e qualidade de vida, tendo como referência esta segunda geração dos direitos humanos que nos falam dos direitos culturais. Respeitando sempre esta diversidade à qual viemos fazendo referência desde o começo destas palavras.
Portanto, a Cooperação Cultural não deve esquecer que deve:
7) Gerar uma inserção do “outro”, daquele que não é como eu e veio compartir meu espaço, por qualquer razão que seja. Esta inserção se faz mais facilmente se eu conheço sua cultura, sua cosmogonia. Incorporá-la a partir de suas tradições, é muito mais fácil do que fazê-la a partir de suas produções.
Como assinala Carlos Vladimir Zambrano em um magnífico trabalho, publicado na internet, “reposicionar a dimensão cultural no trabalho social porque foram produzidas muitas transformações que obrigam a pensar os assuntos sociais como assuntos culturais, como por exemplo as questões relativas à família.”. A não exclusão. As novas bolsas de pobreza são as geradoras da exclusão crescente ou a exclusão crescente é a geradora das novas bolsas de pobreza? É óbvia a resposta: nem um nem outro, é um circúlo fechado, completamente fechado, que só se abre mediante uma política que respeite a diversidade. Não só a diversidade étnica, a diversidade social de qualquer tipo. Se não há respeito à diversidade, não há inclusão social. A não inclusão é a exclusão e a exclusão é a geradora dos principais problemas sociais que hoje se apresentam nas economias emergentes. Os excluídos, aqueles que em breve não serão mais do que carne de assistência de caridade, são o principal freio ao desenvolvimento de uma nação.
8) Criar mecanismos de comunicação mais sólidos estáveis e duradouros que os que oferecem os meios hipotecados às audiências e aos “raiting”. Reforçar uma comunicação cultural é reforçar um conhecimento real, estável e que com certeza atravessa o tempo com mais facilidade porque não está sujeito às modas.
Às vezes é difícil entender como é possível que os meios de comunicação estejam fora dos projetos de cooperação ao desenvolvimento. É difícil entender que estejam fora das reformas educativas e sobretudo é incompreensível que não se fale deles como um dos baluartes nos quais devemos nos apoiar. É certo que faz pouco tempo que os media fizeram sua apresentação pública, é certo; mas não é menos certo que tenham feito com tal força, que não podemos seguir deixando que continuem em mãos privadas. Mãos que só buscam aumentar o capital e fazer crescer os benefícios graças ao que for. Não quero me estender muito sobre esse tema porque é excessivamente importante e por isso acredito que só quero deixá-lo anotado. Mas por favor não excluamos uma certa intervenção midiática em nossos projetos. À nossa maneira de entender a cultura e à nossa forma de relação com o outro, com o desconhecido.
9) Financiar a cultura como ativo no crescimento econômico de um país. Estimulando as indústrias culturais, a distribuição dos produtos produzidos no interior do país, a exibição das diferentes mostras dos criadores e a educação artística necessária para seguir fermentando esse necessário caldo cultural que é a arte nas escolas. O inevitável olhar econômico sobre a cultura que nos coloca o mundo das indústrias me leva a fazer-me a seguinte reflexão, que quero compartilhar com vocês. Talvez a mais famosa das ajudas da cooperação internacional, o Plano Marshall, pode ter sido o detonador da uniformização dos gostos culturais dos europeus na atualidade? Esta uniformização é a causadora da escassez na Europa de hoje, obrigada a viver dos grandes monstros do passado?
O que é certo é que depois da segunda guerra mundial, a vida cultural européia sofreu um descalabro importante. Apesar do qual seguiu exportando um etnocentrismo recalcitrante. Gera “culturas de primeira”, que são as emissoras da ajuda e “culturas de segunda”, que são as receptoras da mesma. Confunde a Cooperação Cultural com a Promoção Cultural. Não desliga as ações educativas das culturais, criando uma confusão estranha em suas ações. Nisto devemos reconhecer a tremenda habilidade dos Estados Unidos da América. Sem falar especificamente de cultura, sem fazer alharacas, nem aspavientos culturais, reconhecendo-se simples e llanos frente ao resto do mundo, nos impuseram uma forma de visão que veio acompanhada, de uma maneira específica, do consumo de seus produtos. Nos venderam sua forma de vida sem chamá-la de Cooperação Cultural, nem promoção, nem instauração, nem modelo, nem nada. Simplesmente nos deixam a figura dos conquistadores da América do Sul como a de genocidas, enquanto John Wayne salva o general Custer e o resto dos aniquiladores de tribos indígenas através de uma épica que emociona a todos. John Baldessari, Anselm Kiefer, Roy Lichtenstein, Ed Ruscha, Cindy Sherman ou Andy Warhol, nos mostram uma modernidade através de sua plástica, que deixa sem paragón possível a pintura européia das últimas décadas do séculoXX. Para não falar da quase inapreciável presença de uma arte latinoamericana do mesmo período. A novela negra ou os “Harry Potters” se adueñan das livrarias há um bom número de décadas. Sem falar do que acontece em nossas televisões. Não sei como é no Brasil, mas na Espanha para cada série nacional existem quatro norteamericanas. Três para adultos e uma para crianças.
Veio com aquele programa de cooperação do senhor Marshall a “desculturização” a que somos submetidos? Com algo que começou sendo uma cooperação internacional ao desenvolvimento? Nunca teve a palavra cultura entre seus objetivos, mas sempre logró inculcar um olhar diferente e novo ali onde se posicionou.
Muito se fala em combatir a partir do comércio, de reforçar a exceção cultural e de fazer do internacional o caldo de cultivo que não fomos capazes de gerar no nacional. Se hoje nos abrem os mercados que vendemos? Devemos primeiro gerar uma qualidade no interior para depois pensarmos nos mercados exteriores. Uma força interna na qual abramos nossas próprias vias de distribuição e só assim poderemos ser competitivos no exterior. Deixemos de satanizar o outro a partir de uma intelectualidade que parece mais zangado que propositiva. Deixemos de satanizar o outro porque nossa gente gosta do que faz e além disso, o outro, o satanizado sabe se vender bem. Não sejamos eternos complexados culturais. Tiremos este gênio que carregamos dentro de nós e aprendamos a vendê-lo, distribuí-lo e construir os canais para que as pessoas do mundo o conheçam. Sem isso, com redução do IVA ou excessão cultural, ainda estamos mal.
Não entendamos que este é um discurso que defende a liberalidade da cultura. O mercado livre no setor cultural. NÃO. Estou de acordo com a exceção cultural e com a defesa do que constrói a identidade. Estou de acordo que seja um produto tratado de maneira especial. Mas creio que primeiro se deve lutar para conseguir que seja assim em nossos países, antes de defendê-lo para o comércio exterior. Se não potencializarmos nossas televisões, nosso cinema, nossa indústria fonográfica ou editorial. Se não incluirmos um olhar cultural na educação de nossos jovens, o que vamos vender, uma vez protegidos os mercados?
Para terminar, acredito que a defesa de uma estrutura de Cooperação Cultural mais sólida começa por uma defesa da cultura em casa, ninguém pode aconselhar sobre o que não sabe. Creio que o trabalho de Cooperação Cultural sempre terá duas direções, não se pode nem deve confundir o que é promoção cultural com Cooperação Cultural. A promoção é unidirecional, a Cooperação é bidirecional ou multidirecional. É preciso devolver o cotidiano à cultura. Colocá-la onde estão as pessoas, não tentar levá-las aonde está a cultura. Respeitar o diverso é aproximar-se do diferente, do que me confronta, do que não é como eu. Esse é o grande feito do ser humano, construir com o outro. Não construir ao outro como eu quero que ele seja.
* Fernando Vicário é semiólogo e consultor internacional, com reconhecida atuação em gestão cultural; mestrado em Estudos Ibero-americanos. Nos últimos anos foi diretor da área de cultura do Convênio Andrés Bello, entidade dedicada à pesquisa da cultura e à cooperação cultural latino-americana com sede na Colômbia.
Primero de todo quiero agradecer la posibilidad de estar con ustedes en este maravilloso Sao Paulo. Una de las ciudades mas grandes y misteriosas del mundo. Misterioso es que entre tanto vehículo, gente, casas, y negocios, siga existiendo la cordialidad que uno encuentra al llegar y la hospitalidad de quienes lo reciben. Estar aquí ha sido posible entre otros gracias a Jose Texeira, a quien debo mucho, pero sobre todo debo lo que le he leido y lo que despues de esas lecturas he podido poner en practica. Al Instituto en las personas de Joachim y Bruno y como no a la idea de un foro mundial que me parece necesario y bueno.
Los organizadores nos mandaron una serie de vectores para elaborar la ponencia y cada vez que pensaba en ellos sentía la tremenda necesidad de cambiarla. Lo que significa que posiblemente si pudiera matizaria muchas de las cosas que voy a decir, pero creo que eso es bueno, puesto que habla del camino de búsqueda en el que estoy, en el que estamos todos aquellos que pensamos sobre la cooperación cultural. Creo sinceramente que a estos encuentros venimos a hacernos más preguntas, no a encontrar respuestas.
Una de las cosas que se nos sugerían era si debiera exisitir un Decalogo de la Cooperación Cultural. Ya UNESCO intento algo parecido en la Conferencia General de la Organización celebrada el 4 de Noviembre de 1966 en Paris. Una declaración en la que a través de sus XI artículos dejó claro y de manifiesto puntos que por suerte ya están insertos en casi todos los planes de accion.
– La dignidad de toda cultura acompañada del derecho y el deber de desarrollarla.
– El intento de equilibrio a la hora de conseguir una armonía entre el desarrollo cultural, el progreso técnico y la elevación intelectual y moral de la humanidad.
– Los objetivos principales, como pueden ser difundir conocimientos, desarrollar relaciones pacíficas, facilitar el acceso al disfrute de las artes y el beneficio de los progresos logrados en la ciencia.
– Ayudar a mejorar las condiciones de vida de todas las naciones mediante la posibilidad de compartir los avances científicos entre unas y otras.
– El respeto a la originalidad de cada cultura.
– La utilización de las ideas para la resolución de conflictos.
– Reciprocidad y estabilidad de las acciones emprendidas.
– Principal atención a la juventud y la educación en valores de esta.
– Y el respeto a la soberanía y la no injerencia.
Como se ve una mezcla interesante de intenciones, consejos, objetivos y principios. Pero sobre todo un trabajo que ha llegado a ser importante por lo que ha conseguido, que es ir calando poco a poco en la cabeza de la gente que trabaja en esto de una u otra manera. He aprovechado el esquema para subirme a él y continuar la indagación de principios y objetivos . A partir de ellos ire razonando lo que creo que debe ser una Cooperación Cultural un poco más sólida y que responda a iniciativas concertadas por todos los actores que en ella participan. No voy a jerarquizar, como digo he cambiado varias veces estos puntos y por ello no he si capaz de determinar un orden de prioridades. Pero serán ustedes quienes lo determinen en cada caso.
La Cooperación Cultural debe intentar, junto con la educativa y la cientifica, pero dejando claras las herramientas de cada una:
1) Estimular la creatividad en todos los aspectos en que la misma favorezca el desarrollo social. Potenciando una imaginación lúdica y activa que fortalezca la construcción de una tecnología propia y un desarrollo empresarial acorde con este crecimiento creativo. La creatividad no puede nacer aislada de la diversidad.En los lugares del mundo en los que más se ha instalado el mestizaje muchas de las veces peleando contra la falta de respeto a lo diverso, ha sido en los que más ha florecido la creatividad. La creatividad, sin duda alguna, es una de las piedras angulares de la productividad. Crear no es solamente pintar un cuadro o realizar una escultura. La creatividad a la que hacemos referencia es una manera de entender el desarrollo propio, de respetar las propias idiosincrasias para conseguir que cada uno pueda desarrollarse según su mirada y su modelo de estar en el mundo. Una creatividad propia que estimula el crecimiento de lo propio y ayuda a dejar de vivir pendiente de recetas ajenas.
Con ello intentaremos buscar a través de la cultura:
2) Fortalecer la identidad y la autoestima, de manera que la confianza social vuelva a aparecer como resultado de este fortalecimiento y naturalmente de otros procesos paralelos que ya están en los objetivos generales de la cooperación, como la consolidación institucional, la mejora de la participación ciudadana y por tanto la solidificación de las estructuras democráticas. Este es un paso imprescindible para que el resto de las acciones emprendidas en la cooperación internacional sean sostenibles. Sin ello todo lo que hagamos volverá a entrar en el remolino de lo endeble. Donde todo cae al menor viento. Pero nunca debemos olvidar que esto de la identidad es tremendamente cambiante. Es muy dificil defender la identidad por decreto. Apuntalar la identidad por ley da paso a fundamentalismos y estos dejan una secuela de la que no es necesario hablar. La identidad es cambiante, si la cultura está viva y por ello no hay que tener esos miedos un poco excesivos a los cambios de identidad. Los bloques económicos amplian identidades, es indudable que pertenecer a Mercosur va a cambiar la identidad Brasilena. Tambien pertencer a la UE cambió la espanola. Pero fortalece un sentimiento de pertencia diferente y más rico para sus habitantes. No hay que buscar defender identidades unas contra otras. Hay que buscar fortalecer identidades que ayuden al encuentro de las otras, porque están sólidas,porque creen en ellas y porque les gusta compartir lo que tienen.
Para ello hemos de buscar:
3) Afianzar los mecanismos de interconexión social. “Si la gente vive bien junta se coopera de manera de enriquecerse recíprocamente, ampliando sus opciones individuales. De esta manera, el desarrollo humano se preocupa no solo por la gente como individuos, sino además por la forma en que estos interactúan y cooperan en las comunidades”
La Cooperación peca a veces de un cierto paternalismo, tratando de trasladar soluciones que han sido eficaces en determinados contextos a otros que nada tienen que ver. Es aquí desde donde debe comenzar a pensarse en un ética de la Cooperación. Esa ética discursiva a la que hace referencia Habermas cuando dice que “sólo son válidas aquellas normas de acción con las que podrían estar de acuerdo todos los posibles afectados como participantes en un discurso práctico” . Una ética que incorpora como soporte fundamental el respeto a la diversidad. No incorporar una mirada que respete la diversidad genera cada vez mayor exclusión social, la cual frente a la debilidad de los Estados receptores de Cooperación, debida a las fracturas institucionales y a la fragilidad de los marcos jurídicos, impide los consensos necesarios para mejorar la participación y por tanto los resortes democráticos, que permitan elaborar ese esbozo de contrato social imprescindible, buscando un aumento en la equidad, borrando la explotación y fomentando las políticas laborales necesarias para el desarrollo social.
Una comunicación que presente la diversidad, no solo como una muestra, sino como el acuerdo posible al que es necesario llegar desde el disenso. Una comunicación que estimule las manifestaciones de la diversidad, para a través de ellas generar ese imprescindible conocimiento, base de todo respeto, una comunicación que genere y fomente la creatividad. Pero no puede la Coopoeración olvidarse de la necesidad de:
4) Potenciar el conocimiento entre las culturas, con el fin de establecer diálogos productivos y generadores de estructuras cooperadoras e integradoras. Realizados sobre la base de un conocimiento eficaz y real del otro. Una buena política de comunicación es aquella que permite que se interconecten de la mejor manera los diferentes. Los diferentes no son sólo aquellos que pertenecen a otra raza o a otra cultura, las diferencias que más pesan en las sociedades son aquellas que se arrastran desde lo social, es menos diferente un negro con dinero que un negro sin dinero. Un indio mendigo es completamente diferente, mientras que uno con estudios, traje de corbata y oficina es un personaje social que muestra las ventajas de ser diferentes.
También hay diferencias basadas en criterios morales. Los homosexuales, los ateos, los miembros de religiones diferentes a la imperante en el país. Estas diferencias morales se ven incrementadas por los discursos fanáticos de los sacerdotes de cualquier creencia que basan su poder en satanizar a los otros, a los que actúan diferente. Eso tiene un gran calado social y solo se puede comenzar a debatir desde una perspectiva cultural, puesto que llevarlo al terreno de la discusión moral es infiltrarse por los caminos de las creencias irracionales del ser humano. La principal causa de la invisibilidad de las diferencias se produce por falta de capacidad para contarlas, cuando no podemos distribuir nuestras diferencias por que no encontramos canales propicios para ello. La base estructural de la comunicación son los canales a través de los cuales se distribuye. No los encontramos porque no los elaboramos, es decir no cooperamos con los diferentes para crearles canales de exhibición de sus diferencias. La cooperación tal vez se debiera plantear la creación de nuevos canales de comunicación para poder mostrar las diferencias, entenderlas y desde ahí aceptarlas. Nadie acepta lo que no entiende. Nadie acepta tampoco lo que siente como agresión, y nadie se integra cuando se siente agredido.
En general todo proceso de cooperación necesita:
5) Insertar una mirada cultural en los proyectos de desarrollo económico, buscando que puedan llegar a mas poblaciones que van quedando marginadas de los logros empresariales, fríos e incapaces por si mismos de resultar equitativos en su distribución de beneficios, que no necesariamente han de ser netamente económicos.
“Es perfectamente inadecuado distinguir entre dos tipos de lógica: la de las empresas encaminadas al mayor logro del beneficio económico, que no admite más interlocutores que los ciudadanos con capacidad adquisitiva , y la de beneficencia, dirigida a los necesitados, a los que atiende sin contraprestación, porque viene promovida por el voluntariado. Es inadecuado porque admitimos que la lógica de la empresa es socialmente neutral y que lo social es cosa de beneficencia, situadas al margen de la sociedad, nunca en el centro. El centro de la política dura , de la economía, sería socialmente neutro, por eso generan constantemente marginados”
Por eso las políticas de inclusión no deben estar exentas de esta complementariedad que ha de llevar los social y lo económico. El trabajo conjunto que se ha de iniciar sostenidamente y con bases sólidas entre lo publico y lo privado. Hemos de evitar trabajar de forma separada entre quienes generan beneficios economicos y quienes generan benficios sociales. Hasta que no se entienda que el trabajo, cualquier trabajo, debe generar un benefico economico y al tiempo una bien social, no se generará un desarrollo sustentable, una riqueza estable, ni un baremo fiable de crecimiento a largo plazo. Se trata de generar un respeto en aquel con el que cooperamos, como aquel al que nos queremos hacer acreedores. Ayer tuve la suerter inmensa de conocer el SESC. Me pareció una experiencia fasciantne que pienso publicitar por donde vaya. Pero me ausutó un factor, que puede darse si no se prevee con antelación. Esto que es el ejemplo de cooperación entre el sector privado y el sector publico, puede terminar siendo una supresión del sector publico por el sector privado. Ante la inactividad de lo publico y la buena marcha de lo privado, la gente tiende a irse con lo que funciona. Tenemos la obligación de exigir que lo publico también funcione, que coordine sus acciones con lo privado y que se complemente ambas. Es una obligación ciudadana, es un deber democrático pedir al poder el que le hemos depositado el voto que funcione o que se vaya.
Buscando esto es que hemos de buscar a través de nuestra Cooperacion Cultural:
6) Estimular la participación ciudadana en las diversas actividades culturales. Una vez que se comienza a participar en estas actividades lúdicas, el sentimiento de pertenencia social crece y como consecuencia se potencia la participación en otras muchas esferas democráticas. Los primeros problemas de la Cooperación comienzan en casa, al interior de los países. La política social del gobierno es renuente a incluir una mirada cultural . Renuente, cuando no absolutamente escéptica sobre el papel que puede jugar esta mirada necesaria. Un escepticismo que se extiende a las mismas instituciones culturales del Estado. Es raro un Ministerio de Cultura trabajando con uno de Hacienda, de Comercio Exterior, o de Vivienda. A todos se nos llena la boca contemplando el significativo papel de la cultura en la Cooperación exterior, pero son muy pocas las veces que damos un giro de cabeza para mirar las ventajas de aplicar estos criterios al interior.
La modernización que sufren algunos sectores del país emerge de una estructura cultural distinta. Las formas de organización y por tanto de representación del mundo pasan por unos códigos nuevos que exigen una mirada cultural en varias de sus facetas. Las agendas de construcción de los países incluyen el respeto y la inserción del multiculturalismo, a fin de facilitar la gobernabilidad. Los sedimentos de violencia que vemos florecer con fuerza abarcan desde problemas con los nacionalismos hasta exclusiones y marginalidad social en aumento. No basta con otorgar espacios jurídicos de reconocimiento. En naciones en las que cada vez hay más presencia de Estados diferentes bajo un mismo proyecto, es necesario utilizar un vinculo que concite la capacidad de trabajar solidariamente por ese proyecto común. La solidaridad se ha de apoyar en algo concreto que la sustente y la alimente como uno de los valores de imbricación de los miembros de una sociedad. La cultura se dibuja como uno de los lazos que pueden ser utilizados para lograr esta imbricación. La cultura se manifiesta en primer lugar como un idioma común. Muchas veces esto no implica un lenguaje común. Tener un idioma común tampoco ha de significar destrozar los otros idiomas que se pasean por el territorio nacional. Desde la Cooperación Cultural hay que reposicionar los debates entre justicia, convivencia y calidad de vida, teniendo como referencia esta segunda generación de los derechos humanos que nos hablan de los derechos culturales. Respetando siempre esta diversidad a la que venimos haciendo referencia desde el principio de estas palabras.
Por tanto la Cooperación Cultural no debe olvidar que debe:
7) Generar una inserción del “otro”, del que no es como yo y ha venido a compartir mi espacio, por las razones que sean. Esta inserción se hace más fácil si yo conozco su cultura, su cosmogonía. Incorporarlos desde sus tradiciones, resulta mucho más fácil que hacerlo desde sus producciones.
Como señala Carlos Vladimir Zambrano en un magnifico trabajo, publicado en internet, “reposicionar la dimensión cultural en el trabajo social porque se han producido muchas transformaciones que obligan a pensar los asuntos sociales como asuntos culturales, como por ejemplo las cuestiones relativas a la familia”.La no exclusión. ¿Las nuevas bolsas de pobreza son las generadoras de la exclusión creciente o la exclusión creciente es la generadora de las nuevas bolsas de pobreza? Es obvia la respuesta, ni lo uno ni lo otro, es un circulo, cerrado, completamente cerrado, que solo se abre mediante una política que respete la diversidad. No solo la diversidad étnica, la diversidad social de cualquier tipo. Si no hay respeto a la diversidad no hay inclusión social, la no inclusión es la exclusión y la exclusión es la generadora de los principales problemas sociales que hoy se presentan en las economías emergentes. Los excluidos, aquellos que en breve no serán más que carne de asistencia caritativa, son el principal freno al desarrollo de una nación.
8) Crear mecanismo de comunicación más sólidos estables y duraderos que los que ofrecen unos medios hipotecados a las audiencias y los “raiting”. Potenciar una comunicación cultural es potenciar un conocimiento real, estable y que seguro traspasa con más facilidad el tiempo porque no está sujeto a las modas.
A veces resulta dificil entender como es posible que los medios de comunicación estén fuera de los proyectos de cooperacion al desarrollo. Resulta dificil entender que estén fuera de las reformas educativas y sobre todo resulta incomprensible que no se hable de ellos como uno de los baluartes en los que hay que apoyarse. Es cierto que hace poco tiempo que los medios han hecho su presentación publica, es cierto; pero no es menos cierto que la han hecho con tal fuerza que no podemos seguir dejando que continuen en manos privadas. Manos que solo buscan aumentar el capital y hacer crecer los beneficios gracias a lo que sea. No me quiero extender mucho sobre este tema porque es excesivamente importante y por ello creo que solo lo quiero dejar anotado. Pero por favor no excluyamos una cierta intervención mediatica a nuestros proyectos. A nuestra manera de enteder la cultura y a nuestra forma de relación con el otro, con el desconocido.
9) Afianzar la cultura como activo en el crecimiento económico de un país. Estimulando las industrias culturales, la distribución de los productos generados al interior del país, la exhibición de las diferentes muestras de los creadores y la educación artística necesaria para seguir fermentando ese necesario caldo de cultivo que es el arte en las escuelas.
La inevitable mirada económica a la cultura que nos plantea el mundo de las industrias me lleva a hacerme la siguente reflexión que quiero compartir con ustedes. Tal vez la más famosa de las ayudas de la cooperación internacional , el Plan Marshall, ¿pudo ser el detonante de la uniformización de los gustos culturales de los europeos en la actualidad? ¿ Es esta uniformización la causante de la escasez de creatividad en la Europa de hoy, obligada a vivir de los grandes monstruos del pasado?
Lo que es cierto es que después de la segunda guerra mundial la vida cultural europea ha sufrido un descalabro importante. A pesar del cual sigue exportando un etnocentrismo recalcitrante. Genera “culturas de primera” que son las emisoras de la ayuda y “culturas de segunda” que son las receptoras de la misma. Confunde la Cooperación Cultural con la Promoción cultural. No desliga las acciones educativas de las culturales, creando una confusión extrana en sus acciones. En esto hay que reconocer la tremenda habilidad de los Estados Unidos de Norteamérica. Sin hablar específicamente de cultura, sin hacer alharacas, ni aspavientos culturales, reconociéndose simples y llanos frente al resto del mundo , nos han impuesto una forma de visión que ha venido acompañada de una manera específica de consumo de sus productos. Nos han vendido su forma de vida sin llamarla Cooperación Cultural, ni promoción, ni instauración, ni modelo, ni nada. Simplemente nos dejan la figura de los conquistadores de la América del sur como la de unos genocida, mientras John Wayne salva al general Custer y al resto de los aniquiladores de tribus indigenas, a través de un épica que a todos emociona. John Baldessari, Anselm Kiefer, Roy Lichtenstein, Ed Ruscha, Cindy Sherman o Andy Warhol, nos muestran una modernidad a través de su plástica que deja sin parangón posible las pintura europea de las últimas décadas del siglo XX. Por no hablar de la casi inapreciable presencia de un arte latinoamericano del mismo periodo. La novela negra o los Harry Potter se adueñan de las librerías desde hace un buen numero de décadas. Sin hablar de lo que sucede en nuestras televisiones, no sé cómo es en Brasil, pero en España por cada serie nacional hay cuatro norteamericanas. Tres para adultos y una para niños.
¿Vino con aquel programa de cooperación del senor Marshall la desculturización a la que nos vemos sometidos? ¿Con algo que comenzó siendo cooperación internacional al desarrollo? . Nunca tuvo la palabra cultura entre sus objetivos, pero siempre logró inculcar una mirada diferente y nueva allí donde se posiciono.
Mucho se habla de combatir desde el comercio, de potenciar la excepción cultural y de hacer de lo internacional el caldo de cultivo que no hemos sido capaces de generar en lo nacional. ¿Si hoy nos abren los mercados qué vendemos? Debemos primero generar una calidad al interior para poder pensar en los mercados del exterior. Una fuerza interna en la que abramos nuestras propias vías de distribución y solo así podremos ser competitivos en el exterior. Dejemos de satanizar al otro desde una intelectualidad que parece más enfadada que propositivia. Dejemos de satanizar al otro porque a nuestra gente le gusta lo que hace y además el otr, el satanizado lo sabe vender bien. No seamos acomplejados culturales eternos. Saquemos ese genio que llevamos dentro y aprendamos a venderlo, a distribuirlo y a construir los canales para que la gente del mundo lo conozca. Sin eso por mucha reducción del IVA o excepción cultural estamos mal.
No entendamos que este es un discurso que defiende la liberalidad de la cultura. El mercado libre en el sector cultural. NO. Estoy de acuerdo con la excepción cultural y con la defensa de lo que construye identidad. Estoy de acuerdo con que sea un producto tratado de manera especial. Pero creo que primero se debe luchar por conseguir que sea así al interior de nuestros países, antes de defenderlo para el comercio exterior. Si no potenciamos nuestras televisones locales, nuestro cine local, nuestra industria de grabación musical, de edición de libros. Si no incluimos una mirada cultural en la educación de nustros jóvenes. ¿Que vamos a vender una vez protegidos los mercados?
Para ir terminando creo que la defensa de una estructura de Cooperación Cultural más sólida ha de comenzar por una defensa de la cultura en casa, nadie puede aconsejar sobre lo que no sabe. Creo que el trabajo de Cooperación Cultural siempre ha de ser de dos direcciones, no puede ni debe confundirse lo que es promoción cultural con lo que es Cooperación Cultural. La promoción es uni direccional, la Cooperación es bidereccional o multiderccional. Nunca uni .Hay que devolverle cotidianeidad a la cultura, Ponerla donde está la gente, no intentar que la gente vaya donde está la cultura. Respetar lo diverso es acercarse a lo diferente, a lo que me confronta, a lo que no es como yo. Ese es el gran reto del ser humano, construir con otro. No construirle a otro lo que yo quiero que tenga.
* Fernando Vicário és semiologo y consultor internacional, con reconocida actuación en gestión cultural; mestrado en estudios latinoamericanos. En los ultimos años fue director del sector de cultura del Convênio Andrés Bello, entidad dedicada a la investigación de la cultura y a la cooperación cultural latinoamericana con sede en Colômbia.