ABLUÇÃO NA PRAÇA SÃO SALVADOR

Dos dias 17 a 21 de maio, será apresentada no Rio a ação de rua Ablução, da Grupa curitibana Galactodendron. As apresentações acontecem sempre às 17 horas, na Praça São Salvador e trata-se de um espetáculo de rua sem ingresso e com faixa etária livre. A duração é de 40 minutos e haverá cancelamento em caso de chuva.

Dia 17 de maio a chuva caiu e o grupo não pode estrear. Sábado, dia 18 de maio, finalmente será a estreia da performance em terras cariocas

Esse trabalho tem sua origem em duas experiências anteriores da Galactodendron, na XXI Mostra de Teatro de Anápolis (GO) e na mostra Performeios, no Espaço Tardanza (Curitiba/PR). Parceria entre Mariana Zimmermann e Sabrina Lopes, cada ação do processo é imaginada a partir do espaço em que se desenvolverá. A partir de um estudo do ambiente e em relação com ele, são pensadas a iluminação e outros elementos de cena.

Dos elementos novos que configuram o espetáculo Ablução, o principal é o intercâmbio com um músico experimental, Orlando Scarpa, mestre em composição pela UFRJ. Ele não atua só na criação da trilha, mas também como performer ao vivo, interferindo diretamente nas ações e criando imprevistos a partir do som.

Orlando gravou os sons da praça: ” Às vezes da minha janela, com os microfones apontados pra fora, às vezes descendo na praça com os microfones e gravando aquela paisagem mais de perto. Essa gravações acabaram se tornando uma peça chamada “Em um quarto com cabos e vista”. No entanto, optei por não usar essas gravações nestas performances na própria praça. Optei por fazer uma trilha baseada em ruídos eletrônicos gerados em tempo real. Ao invés de gravar o ruído da praça, achei que seria interessante gerar o ruído da praça. Acho que vai ficar interessante.”

O intercâmbio entre artistas compreendeu também uma “troca de lugares”. O local de apresentação foi escolhido em função do vínculo afetivo de Orlando com a Praça São Salvador, por onde passa todos os dias e conversa com frequentadores. Em Curitiba, Sabrina e Mariana escolheram o Bosque Gutierrez, que tem uma fonte pública de água mineral onde a vizinhança enche seus garrafões, e animais silvestres, escondidos durante o dia, bebem à noite. São saguis, raposas e saracuras, entre diversas espécies de aves.

Serão cinco (quatro por conta da chuva) apresentações no Rio de Janeiro e cinco em Curitiba, e em cada cidade elas ocorrerão no mesmo lugar. Cada espaço deve proporcionar possibilidades de interação com a população que vive ou trabalha na região. “Ao interferir cinco dias consecutivos no mesmo lugar, esperamos passar a responder perguntas, fornecer horários e estabelecer relações, que serão uma oportunidade para intensificar a intervenção do público”, dizem Mariana e Sabrina.

Inquietas com questões relativas ao gênero como relação de poder, ao nojo e à assepsia como mecanismos de exclusão, às relações entre misoginia e especismo, elas buscam criar uma linguagem irreconhecível, tanto no que diz respeito à interpretação de suas ações como em sua maquiagem, texto dramático e figurino. Seu principal alvo são as dicotomias em que as relações de opressão se fundam, e os significados estáveis gerados a partir delas.

Em Curitiba, as artistas desenvolvem uma pesquisa permeada pelo tráfico entre linguagens, marcado por aspectos corporais e ritualísticos do teatro e uma noção de composição influenciada pelas artes visuais.

O projeto Ablução foi contemplado com o Prêmio Funarte Artes na Rua 2012.

Serviço:

Dias: 17 a 21 de maio às 17h
Local: Praça São Salvador, Largo do Machado, Rio de Janeiro
Entrada Franca
* o evento está cancelado em caso de chuva.

Para saber se houve alguma mudança, participe do evento no facebook deles.