Curitiba Companhia de Dança estreia novo trabalho no Rio

Desamparo e solidão de uma existência que escoa por entre as tramas de uma modernidade degradada. Discutindo a precariedade das relações humanas e transportando para o palco a celeridade e a fluidez de um tempo que não é sentido, a Curitiba Companhia de Dança estreia o espetáculo Quando se calam os Anjos, esta sexta-feira, 24, no Rio. Inédita, a obra tem direção coreográfica de Airton Rodrigues, bailarino e coreógrafo do Ballet Teatro Guaíra e após a estreia na capital carioca, segue em circulação pelo país aportando em São Paulo, Amazonas e Rio Grande do Sul.

Quando se calam os Anjos levanta questões cênicas e dramatúrgicas que realçam um universo pós-moderno virtual do século XXI, onde as relações entre as pessoas, construídas sem grandes obstáculos através de um simples “clique” no computador, se tornam cada vez mais vulneráveis e facilmente descartadas, revelando a idéia do “ser líquido”, que o sociólogo Zygmunt Bauman utiliza para caracterizar a fragilidade dos laços humanos, uma vez que nada é sólido e para durar.

“Ao mesmo tempo em que a tecnologia e a internet aproximam pessoas e propiciam a troca de informações e ideias num espaço de tempo nunca antes imaginado, levam ao descompromisso e à banalização dos sentimentos; estamos conectados em rede, mas sós. E esse paradoxo surgiu com muita intensidade durante o processo de criação”, revela Airton. Nicole Vanoni, diretora artística da companhia, que também compõe o elenco junto com outros 15 bailarinos, aponta “a indignação com a indiferença frente à violência impregnada na sociedade e o sentimento de impotência que nos tira a responsabilidade por este estado das coisas” como ignição para a concepção do espetáculo.

Criada em 2012 por Vanoni e um grupo de artistas de origens e experiências diferenciadas aglutinados em torno da ideia de experimentação, pesquisa e criação em dança contemporânea, por dois anos, trabalhou como Cia Nicole Vanoni até se configurar como Curitiba Cia de Dança, criando, então, uma identidade mais consolidada. A escolha do nome veio da necessidade de interagir com a cidade, provocando a cena cultural e buscando ser mais uma referência da dança na região. A primeira obra coreográfica da Cia, A Lenda das Cataratas (2014), com concepção do coreógrafo Rafael Zago e direção musical do compositor Fabio Cardia, participou de festivais no Brasil e no exterior.

Foto: © Rafael Dorta

Serviço:

“Quando se calam os anjos”, com a Curitiba Companhia de Dança

Próximas apresentações:

Data: 24, 25 e 26 de abril
Horário: sexta e sábado, às 20h e domingo, às 18h
Local: Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro – Rua José Higino 115, Tijuca
Ingressos: R$ 10,00 (inteira)
Duração: 60 minutos
Classificação Indicativa: Livre

Data: 28 e 29 de abril
Horário: 20h
Local: Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno (R. Rui Barbosa, 153 – Bela Vista – São Paulo/SP
Capacidade: 140 lugares
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)