Encontro da RSD – Manuel Vason conversa sobre documentação de performance | RSD meeting – Manuel Vason discusses documentation of performances

Em meio às discussões sobre a formação em dança na América Latina, um outro tema prendeu a atenção dos participantes do 8º Encontro da Red Sudamericana de Danza e da 1ª Plataforma Internacional de Dança (PID), que estão acontecendo em Salvador. Na tarde desta sexta-feira (18/09), o Teatro do Movimento ficou cheio para ouvir a apresentação do fotógrafo Manuel Vason, que falou da sua experiência com a documentação de performances.

“A performance deve ser consumida ao vivo. A tentativa de reproduzí-la é sempre incompleta e gera desapontamento, sempre se perde algo. Eu trabalho com a ideia de documentar a performance como uma forma de arte nela mesma, como uma arte em desenvolvimento”, disse Vason. Sua apresentação teve a participação do artista visual Justin Weyers e moderação da editora do idança, Nayse López.

Quem conhece o trabalho de Vason entende bem o que ele quer dizer. Suas fotos – muitas delas mostradas na apresentação – são obras de arte. Sua carreira teve início como fotógrafo de moda na Itália. Um dia, ao perceber inúmeros filmes sem uso, entrou em contato com artistas e começou a fotografá-los para o que futuramente se tornou seu primeiro projeto ligado à documentação de dança/performance.

Mas ele ainda achava superficial apenas registrar seus trabalhos em um momento. Daí que em seus trabalhos seguintes, as propostas foram frequentemente se modificando. Primeiro, Vason acompanhou por dois anos o performer Franko B, registrando seus trabalhos em diferentes momentos. Em seguida, ele escolheu sair do estúdio e trabalhar com os artistas em seus ambientes.

Em um dos trabalhos mais desafiadores, em junho de 2009, ele foi convidado a trocar de lugar com o artista e, ele mesmo, criar uma performance. “Como nunca havia feito uma performance, sempre sentia estar perdendo algo no momento da foto. Agora vejo que a ação em si também é uma representação, já não sei se se perde tanto…”, revelou. “É muito seguro estar atrás da câmera, foi uma forma de me aproximar do que estou registrando”.

Em 2008, como convidado do festival Panorama de Dança, do Rio de Janeiro, Vason participou de residência com um grupo de artistas que escolheram um frame de seus trabalhos para ser registrado. “Eu queria o oposto do que havia feito antes então fiz um giro de 360º em torno de uma imagem estática. Queria pensar a relação entre espaço e o aspecto pictórico da dança”, explicou ele, que agora trabalha no projeto de vídeo a partir de um trabalho de improvisação. “Estou sempre buscando a ideia de colaboração, quero ir sumindo do processo aos poucos”, explicou ele, que fará uma parceria com a Red Sudamericana de Danza para registrar os artistas da região em seus projetos.

Neste domingo (20/09) está sendo realizado o debate Epistemologia do Sul, com apresentação de Sônia Sobral e Ítala Clay. À tarde acontece o workshop A poética de um território gestual na atividade de um corpo que pensa – das 14h às 17h – e, à noite, serão apresentados mais dois espetáculos: Trilhas urbanas (BA) e Sensorama (Argentina).

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Amidst debates about dance training in Latin America, another subject grabbed the attention of the participants of 8th Red Sudamericana de Danza Meeting and 1st International Dance Platform (PID), taking place in Salvador. On Friday (18/09) afternoon, Teatro do Movimento was full of people listening to the presentation of photographer Manuel Vason, who talked about his experience documenting performances.

“Performances must be appreciated live. The attempt to reproduce it is always incomplete and leads to disappointment, something is always lost. I work with the idea of documenting performance as an art form by itself, as an art form being developed”, said Vason. His presentation counted on the participation of visual artist Justin Weyers and was moderated by idança editor, Nayse Lopez.

Those who know Vason’s work can understand what he means. His photos – many of which were displayed at the presentation – are pieces of art. He started his career as a fashion photographer in Italy. One day, when he realized there were so many films without use, he got in touch with artists and started to take their pictures for what eventually became his first project related to documentation of dance/performance.

However, he still felt it was superficial to only register their works in a given moment. That is why the proposals for his next works often changed. First, he followed performer Franko B for two years, recording his work in different moments. Soon after, he chose to leave the studio and to work with artists in their own environment.

In one of his most challenging works, in June 2009 he was invited to trade places with the artist and create a performance himself. “Since I had never done a performance, I always felt I was missing something when I was photographing. Now I realize action is also a representation by itself, I don´t know if so much is lost…”, he reveals. “It´s much safer being behind the camera, it was a way to get closer to what I´m documenting.”

In 2008, as a guest of Panorama de Dança festival, in Rio de Janeiro, Vason participated in a residency with a group of artists who chose a frame of their work to be recorded. “I wanted the opposite of what I had previously done, so I made a 360º spin around a static image. I wanted to think about the relationship between space and the pictorial aspect of dance”, explained Vason, who is currently working in a video project based on improvisation. “I´m always seeking the idea of collaboration, I want to gradually fade from the process”. He will work in partnership with Red Sudamericana de Danza to record artists from the region in his projects.

This Sunday (20/09), the debate Epistemology of the South is taking place, presented by Sônia Sobral and Ítala Clay. In the afternoon, the workshop The poetic of a gesture territory in the activity of a body that thinks is being held from 14h to 17h, and in the evening two shows will be presented: Trilhas urbanas (Bahia, Brazil) and Sensorama (Argentina).

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