Encontro da RSD – Seminário discute caminhos para a sustentabilidade | RSD Meeting – Seminar about paths towards sustainability

Quem resolve seguir no caminho da dança profissional e montar sua própria companhia deve ter em mente que alcançar a tão sonhada sustentabilidade não será tarefa fácil. Atualmente, não basta apenas ser bom bailarino ou coreógrafo, é preciso também ter noções de produção, assessoria de imprensa, contabilidade… E foi buscando respostas e soluções para esses profissionais que foi realizada a edição baiana do seminário sobre Economia da Dança, que abriu nesta terça-feira (15/09) a programação da Plataforma Internacional de Dança (PID), em Salvador.

Realizado em parceria com o Sebrae, a Funceb e o festival Panorama de Dança (que realizou o seminário no Rio em 2008), o seminário voltou a abordar temas importantes para se pensar a sustentabilidade das companhias. “Chamou nossa atenção a vontade de organização entre os artistas baianos e o interesse em se construir algo consistente”, declarou Richard Alves, coordenador da carteira de Economia Criativa do Sebrae. Também formaram a mesa da primeira etapa do seminário Eduardo Bonito, Marcelo Sena e Andréa Bardawil.

O diretor do festival Panorama de Dança, Eduardo Bonito, lembrou que um dos assuntos mais discutidos durante a edição carioca do seminário foi o elevado índice de informalidade observado entre os artistas de dança, o que gera uma série de problemas, entre eles, a falta de dados estatísticos sobre esses profissionais. “Percebi isso durante o festival mesmo. Há uma falta de organização profissional e nos perguntamos como poderíamos ajudar nisso. Não temos dados sobre nossa própria realidade, existem lacunas. E, se não temos como medir se algo mudou, não podemos saber se andamos para algum lugar”, analisou Eduardo.

Para ele, o principal desafio de encontros como esse é encontrar uma forma eficiente de mapear a área da dança. E, a partir daí, pensar políticas públicas que contemplem esse grupo. “Quantos somos? Como estamos organizados? De que dança estamos falando? Precisamos nos conhecer mais”, disse.

A falta de dados estatísticos sobre os profissionais de dança também foi abordada por Marcelo Sena, do Movimento Dança Recife. “Quando buscamos diálogo com os políticos precisamos ter números. Sem eles, nosso discurso se fragiliza, perde legitimidade. A economia não é tão autônoma assim, temos que passar pela política pública para chegar até o financiamento”, argumenta, lembrando que economia e política andam sempre juntas. “Precisamos saber como as coisas funcionam para saber estratégias de abordagem, saber em que horas falar”.

De acordo com a pesquisadora Andréa Bardawil, a necessidade de sustentabilidade está provocando o surgimento do artista multidisciplinar, aquele se desdobra em múltiplas funções dentro da companhia. “Nós temos que entender as leis de mercado, as leis econômicas, mas também devemos mostrar que sabemos de muitas coisas exatamente por sermos artistas. Temos que ter dimensão do nosso poder político. Temos que usar a criatividade que está a nosso favor”, contesta.

Na segunda etapa do seminário, a bailarina Thaís Bandeira contou a experiência com a Sua Cia. em busca da tão sonhada sustentabilidade. “O desejo de independência nos fez procurar novas formas de sobrevivência. Abrimos mão de ter gente experiente trabalhando conosco e abrimos convocatórias públicas para produtores sem experiência e alguém para nos ajudar a inscrever editais. Deu certo, eles estão conosco até hoje”, comemora Thaís. “Mas até aí, nós fazíamos tudo”.

Lúcia Mattos, Thais Bandeira e Eduardo Bonito / Foto: Isabella Motta

Lúcia Mattos, Thais Bandeira e Eduardo Bonito / Foto: Isabella Motta

Nesta etapa, as falas se concentraram, principalmente, em cima das pesquisas apresentadas pelo superintendente de Promoções Culturais da Secretaria de Cultura da Bahia, Carlos Paiva. Ele mostrou dados extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) relativos à área de Cultura no Estado. Entre os números, descobre-se, por exemplo, que a Rais contabilizou apenas 809 pessoas trabalham em atividades artísticas e de espetáculos na Bahia, o que retoma a preocupação com a informalidade entre os profissionais de Cultura.

Nos dias 9, 10 e 11 de novembro, as discussões sobre a Economia da Dança continuam no Rio de Janeiro, durante o Panorama de Dança. Para saber como foi a primeira edição do seminário, clique aqui.

Nesta quarta-feira (16/09),  começa o 8º Encontro da Red Sudamericana de Danza (leia mais aqui), dentro da programação da PID. Começando os trabalhos – que serão acompanhados de perto pelo idança – será realizada a oficina Ideas, herramientas y nuevas tecnologías para el trabajo em red. Ela acontecerá das 9h às 12h e das 14h às 17h, no Teatro do Movimento/Escola de Dança da UFBA (Avenida Ademar de Barros s/nº, Ondina). À noite se apresentam o Grupo Xis, com Os 3 audíveis, e Federica Folco e Josie Cáceres, com Maravillosa.

Leia também: Encontro da RSD – Oficina sobre trabalho em rede dá a partida

Encontro da RSD – Abertura aponta mudanças ao longo dos anos

Encontro da RSD – Formação na América Latina é tema de mesa de trabalho

Encontro da RSD – Manuel Vason conversa sobre documentação de performance

Encontro da RSD – Teoria da epistemologia do sul em discussão

Encontro da RSD – Encerramento em clima de balanço e propostas para 2010

Those who decide to follow the path of professional dance and establish their own company must keep in mind that achieving the much idealized sustainability is not an easy task. Nowadays, it´s not enough to be a good dancer or choreographer, it also takes some knowledge of production, press relations, accounting… The search for answers and solutions for these professionals was the focus of the latest edition of the Dance Economy seminar in Bahia, on Thursday (15/09), opening the program of the Plataforma Internacional de Dança (PID – “International Dance Platform”), in the city of Salvador.

The seminar was produced in partnership with Sebrae, Funceb and Panorama de Dança festival (which produced the seminar in Rio de Janeiro, in 2008) and it also touched on important issues to think about the sustainability of the companies. “The desire for organization among artists in Bahia and the interest in building something consistent grabbed our attention”, said Richard Alves, coordinator of Sebrae’s Creative Economy department. Eduardo Bonito, Marcelo Sena and Andréa Bardawill were also present at the roundtable in the first round of the seminar.

The director of Panorama de Dança festival, Eduardo Bonito, reminded us that one of the most discussed subjects during the seminar in Rio was the high number of informality among dance artists. That leads to a series of problems, including the lack of static data about those professionals. “I realized that during the festival. There is a lack of professional organization and we asked ourselves how we could help. We have no data about our own reality, there are gaps. And if we can´t measure whether or not there´s been some change, we can´t see if we have moved forward”, Eduardo analyses.

In his opinion, the main challenge of the meetings is to find an efficient way to map the dance area. And, from that point on, to think about public policies that cover this group. “How many are we? How are we organized? Which dance are we talking about? We must know ourselves better”, he said.

The lack of statistical data about dance professionals has also been approached by Marcelo Sena, from Movimento Dança Recife. “When we seek dialogue with politicians we must have numbers. Without them, our words are fragile, they lose legitimacy. The economy is not that autonomous, we have to go through public policy to reach financing”, he argues, pointing out that economy and politics always go together. “We need to know how things work so we can find approach strategies and know when to speak.

According to researcher Andréa Bardawill, the need for sustainability has been causing the emergence of the mutidisciplinary artist, who unfolds into multiple functions within the company. “We must understand the laws of the market, the economical laws, but we must also show that we know a lot of things exactly because we are artists. We have to acknowledge the dimension of our political power. We have to make creativity work for us”.

In the second round of the seminar, dancer Thaís Bandeira talked about her experience with Sua Cia. in search of sustainability. “The desire for independence made us look for other ways to survive. We gave up having experienced people working for us and we had a call for entries for unexperienced producers, someone who could helps us fill out applications. It worked, they are with us to this day”, Thaís celebrates. “But until then, we did everything”.

Lúcia Mattos, Thais Bandeira e Eduardo Bonito / Foto: Isabella Motta

Lúcia Mattos, Thais Bandeira e Eduardo Bonito / Foto: Isabella Motta

At this point, the debate concentrated mainly on the research presented by the head of Cultural Promotions of Secretaria de Cultura da Bahia (“Bahia Culture Secretary”), Carlos Paiva. He showed data taken from the National Household Sample Survey (PNAD) and the Annual Relation of Social Information (Rais) about the cultural area in the state. Within the numbers, for instance, we find that Rais only counted 809 people working in artistic and entertainment activities in Bahia, which sparked worries about informality among culture professionals.

On November 9, 10 and 11, the debate about Dance Economy continues in Rio de Janeiro, during Panorama de Dance. To find out more about what was discussed in the first edition of the seminar, click here.

On Wednesday (16/09), the 8th Meeting of Red Sudamericana de Danza begins, within the PID program. Starting off the activities – which will be followed closely by idança – the workshop Ideas, herramientas y nuevas tecnologías para el trabajo em red will take place from 9h to 12h and from 14h to 17h, at UFBA’s Teatro do Movimento/Escola de Dança (Avenida Ademar de Barros s/nº, Ondina). In the evening, Grupo Xis will perform Os 3 audíveis and Federica Folco and Josie Cáceres will perform Maravillosa.