Episódio X: Partida, embate de jogos coreográficos

O intercâmbio coreográfico entre Brasil, Argentina e Uruguai ganha temporada curta, neste e no próximo fim de semana, sábado e domingo, na Sala 209 da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre. Batizado de Episódio X: Partida, o trabalho reúne os bailarinos criadores Luciana Hoppe e Junior Alceu Grandi. A direção é da bailarina e coreografa uruguaia Adriana Belbussi Figueroa, com trilha sonora de Alexandre Missel. A coreografia criada na residência Outras Danças, da FUNARTE, em novembro de 2012, em Porto Alegre.

O trabalho resultou do encontro dos bailarinos com a uruguaia. A residência também contava com a participação do argentino Luis Garay. Durante a residência de um mês, cada criador intérprete optava com quem trabalhar. Luciana e Junior optaram por um intensivo de técnicas com Adriana. Combinaram “jogos dancísticos” – a expressão é de Luciana – com técnicas de contato e improvisação, e outras linguagens da dança contemporânea. Embora boa parte dos 25 artistas tenha criado solos, a dupla preferiu um diálogo coreográfico.

Por isso, Episódio X: Partida se anuncia como o primeiro movimento de uma sequência de possíveis novas coreografias. Esta peça mostra um diálogo de improvisações feitas sobre duas cadeiras. Ali, instala-se a guerra, o embate, a metáfora sobre as relações líquidas à Zygmunt Bauman. No “confronto”, brota da citação de O Mal- Estar da Pós-Modernidade, do escritor polonês: “Uma palavra de advertência: turistas e vagabundos são metáforas da vida contemporânea. Uma pessoa pode ser (e frequentemente o é) um turista ou um vagabundo sem jamais viajar fisicamente para longe (…).” No linóleo, as duas figuras podem ser o turista e o vagabundo, um homem e uma mulher, dois seres comuns, numa sala de espera, num cotidiano comum, numa guerra que ninguém vence, da qual as pessoas sempre saem perdedoras.

Em cena, Luciana e Junior usam apenas duas cadeiras, num cenário vazio, que também tem a presença do músico Alexandre Missel, com sua trilha que sugere uma revista rasgada.  Assim, a curta temporada que se anuncia para estes dois fins de semana resulta da vontade dos intérpretes-criadores afinarem e qualificarem o trabalho, pensando em novas temporadas e numa possível circulação.

Luciana conquistou quatro Prêmios Açorianos de Dança (concedido pela Secretaria de Cultura de Porto Alegre) dirigindo o Solo em Água Fervente – bailarina, para Maria Albers, iluminação, cenografia e espetáculo. Junior estuda Artes Cênicas na UFRGS e atou em Dar Carne à Memória, da coreógrafa Eva Schul.

Serviço: 

Dias: 16 e 17,  23 e 24 de março
Horário: 20 hs
Onde: sala 209 da USINA DO GASÔMETRO, Porto Alegre.
Ingressos: Inteira – R$15,00 / Meia – R$ 8,00.
Ficha Técnica:

Trilha sonora: Alexandre Missel/ Direção: Adriana Belbussi Figueroa/ Figurino: Luciana Hoppe e Junior Alceu Grandi/ Fotografia: Marcelo Cabrera

APOIO: OUTRAS DANÇAS, FUNARTE, Coletivo de Dança SALA 209,  Eduardo Severino Cia de Dança, Usina das Artes, Usina do Gasômetro, Lucida Cultura.