Espetáculos que desafiam novos olhares | Shows that defy new perspectives

Os coreógrafos e bailarinos Ana Catarina Vieira e Ângelo Madureira sempre trabalham em dupla. De pouco tempo para cá é que eles sentiram a necessidade de outros corpos para aprofundar sua pesquisa. Já o carioca João Saldanha está acostumado com o trabalho em grupo – há 21 anos ele dirige o Atelier de Coreografia. Pois este fim de semana, o público de São Paulo poderá conferir as estreias de espetáculos que têm em comum o fato de mudar a ordem descrita aí em cima: em O animal mais forte do mundo, Ana Catarina e Ângelo dividem o palco com mais três bailarinos, e João Saldanha mostra os solos Eles assistem e eu danço e Bambi, criados especialmente para Mônica Burity e Jamil Cardoso.

“Começamos a perceber que chegamos a um ponto da pesquisa em que precisaríamos de mais gente, sozinhos não dava para continuar. Estamos falando de volumes e para isso precisamos de outras pessoas”, avalia Ana Catarina. Em O animal mais forte do mundo, a dupla trata da questão da sobrevivência, da formação de grupos para sobreviver. Nada mais justo que precisem dividir o espaço cênico com outros três bailarinos.

O trabalho faz parte de uma trilogia que começou com O nome científico da formiga, em 2008. As duas obras seguem o mesmo processo de criação: a utilização de cerca de 1.800 fotos de trabalhos antigos para ajudar na pesquisa de movimento. A diferença é que agora as fotos não estão mais visíveis e dão lugar apenas aos corpos dos intérpretes. “Neste trabalho, todas as questões são resolvidas no corpo”, resume Ana Catarina (clique aqui para ler mais sobre O nome científico da formiga).

Bambi / Foto: Bruno Veiga

Bambi / Foto: Bruno Veiga

No caminho contrário ao de Ângelo e Ana Catarina, o coreógrafo João Saldanha considera os encontros com Mônica Burity e Jamil Cardoso – que resultaram nos solos Eles assistem e eu danço e Bambi – um desvio na sua trajetória profissional. No bom sentido, claro. “Esses encontros perturbam a ordenação coreográfica habitual, alimentam novos caminhos na escrita coreográfica”, constata João

Criado em 2005 para o projeto Solos de Dança no SESC, Eles assistem e eu danço é regido por um forte pulso musical, que permeia gestos minimalistas para tratar da ideia de tempo proposta pelo espetáculo. “Eu nunca tinha visto a Mônica dançando até então, a primeira vez que nos encontramos foi no ensaio. E percebemos muitas afinidades artísticas, ela é uma intérprete madura. Percebo hoje que ela trata o solo como trabalho e não como estudo”, analisa o coreógrafo.

Assista a um trecho do espetáculo Eles assistem e eu danço:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=gyeZkRyc8_k[/youtube]

Bambi também nasceu de um convite do Solos de Dança no SESC (leia aqui sobre a edição deste ano do projeto). Mas no caso de Jamil, a parceria não era inédita – o intérprete já havia trabalhado com João em Monocromos. “É interessante perceber que o contato com artistas que possuem referências diferentes das suas pode produzir um bom encontro”, admite João, que teve assistência de Marcelo Braga nesse trabalho.

O solo parte da figura de um personagem infantil cujos signos dialogam com a figura masculina no universo da dança. Bambi explora uma cadência de ações provocativas para estimular o público a perceber uma sexualidade implícita.

“Essas parcerias dão gás para todos nós. O trabalho em companhia é um casamento, que às vezes se desgasta”, completa João.

O animal mais forte do mundo estreia sexta-feira (27/03), no SESC Vila Mariana (rua Pelotas 141. Telefone: 11 5080-3000). Sexta-feira e sábado, às 21h; domingo, às 18h. O espetáculo fica em cartaz até domingo (29/03) e depois segue para a Galeria Olido, também em São Paulo, no dia 9 de abril. Eles assistem e eu danço e Bambi dividem as noites do Itaú Cultural (Avenida Paulista 149. Telefone: 11 2168-1776) de hoje a domingo (26 a 29/03), sempre às 20h.

Dancers and choreographers Ana Catarina Vieira and Ângelo Madureira always work in duo. For a while they have felt the need of other bodies to deepen their research. On the other hand, choreographer João Saldanha, from Rio, is used to group work – for 21 years he has directed the company Atelier de Coreografia. Well, this weekend the audiences in São Paulo will have the chance to check out two premieres that have in common the inversion of the order described above: in O animal mais forte do mundo, Ana Catarina and Ângelo share the stage with three other dancers and João Saldanha presents two solos Eles assistem e eu danço and Bambi, specially created for Mônica Burity and Jamil Cardoso.

“We started to realize that we had reached a point in the research in which we needed more people, we couldn’t go on alone. We are talking about volumes and to do so we need other people”, Ana Catarina evaluates. In O animal mais forte do mundo, the duo deals with the issue of survival, of creating groups to survive. It is fair enough they need to share the stage with three other dancers.

The piece is part of a trilogy that started with O nome científico da formiga, in 2008. Both pieces follow the same creative process: using about 1.800 photos of previous works to help in the movement research. The difference is that now the photos are no longer visible and give place to the bodies of the performers. “In this piece, all issues are worked out on the body”, Ana Catarina sums up.

Bambi / Foto: Bruno Veiga

Bambi / Foto: Bruno Veiga

Going in the opposite direction from Ângelo and Ana Catarina, the encounters with Mônica Burity and Jamil Cardoso – which resulted in the solos Eles assistem e eu danço and Bambi – are considered by choreographer João Saldanha to be a detour from his professional path. In a good way, of course. “These encounters disturb the usual choreographic order, they feed news paths for the choreographic writing”, says João.

Created in 2005 for the SESC Solos de Dança project, Eles assistem e eu danço is guided by a strong musical hand, which permeates minimalist gestures to deal with the idea of time proposed by the show. “I had never seen Mônica dancing until then, the first time we met was in the rehearsal. And we perceive many artistic affinities, she is a mature performer. I realize today that she treats the solo as work, not as study”, analyzes the choreographer.

Watch below na excerpt of the show Eles assistem e eu danço:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=gyeZkRyc8_k[/youtube]

Bambi was also born out of an invitation from SESC Solos de Dança (read about this years edition of the project). But in the case of Jamil, the partnership was not new – the performer had already worked with João in Monocromos. “It’s interesting to realize that the contact with artists who have references that are different from yours can produce such a good meeting”, admits João, who was assisted by Marcelo Braga in this piece.

The solo uses a character from a children story, whose signs dialogue with the masculine figure in the dance universe. Bambi explores a cadence of provocative actions to encourage the audience to perceive an implicit sexuality.

O animal mais forte do mundo premieres on Friday (27/03), in SESC Vila Mariana (rua Pelotas 141. Phone: 11 5080-3000). Fridays and Saturdays, at 21h; Sunday, at 18h. The show runs until Sunday (29/03) and then moves to Galeria Olido, also in São Paulo, on April 9. Eles assistem e eu danço and Bambi share the evenings at Itaú Cultural (Avenida Paulista 149. Phone: 11 2168-1776) from today until Sunday (26 a 29/03), always at 20h.