Everybody loves parkour

Este texto foi originalmente publicado na edição de janeiro/fevereiro da revista Obscena, parceira de conteúdos do idança.

Parkour! Aquilo que hoje assim é chamado, correspondendo a uma modificação a partir da palavra parcour na fonética urbana dos Hip-Hoppers e Riders, era inicialmente conhecido sob o conceito de art du déplacement [arte do deslocamento]. Com a sua propagação (nos subúrbios franceses) tornou-se uma arte. Assim, dois séculos e meio depois das Lettres sur les danses et les ballets, de Noverre, escrito em 1760, entra novamente no mundo um conjunto de conceitos franceses. Ao danseur étoile segue-se o traceur, ao entrechat o saut de chat [pulo do gato]. Saltam na horizontal, para cima, coreograficamente e escalam alegremente em conjunto como os mais flexíveis dos nossos miadores domésticos.

Conceitos como passe-muraille [ultrapassagem de paredes], tic-tac ou saut de détente [salto à distância] são firmemente estabelecidos, mas também são acrescentados conceitos ingleses como backflip e wallflip. Uma prova de que o parkour não se serve de Noverre, que estabelece os saltos desta disciplina nesse tratado. E por que o faria?

Há muito que a França não tem o domínio e o prestígio que tinha no século XVIII e os traceurs têm, desde o princípio, o seu próprio domínio teórico. David Belle e Yamakasi são as suas figuras de referência e incorporam a autoridade moral, como outrora eram Afrika Bambaata e a sua nação Zulu para o Hip-Hop. O desafio: experimentar caminhos que ninguém anteriormente tenha percorrido, realizando-os tanto quanto possível em linha reta, superando elegantemente todos os obstáculos e dando, desse modo, encanto ao cinzento cotidiano e aos bairros habitacionais.

A arte do deslocamento

O termo inglês para parkour é free running. Um termo imperfeito porque parkour não significa correr à toa. Uma eventual liberdade resultará do fato de os muros e os obstáculos serem superados. O traceur lê a selva urbana tal como o alpinista lê o rochedo. Para os sujeitar, ele aceita o diálogo. No parkour, o concreto é, ao mesmo tempo, adversário e parceiro. Dança-se em conjunto uma espécie de capoeira, mesmo quando o parceiro se encontra imóvel.

L’art du déplacement surgiu há dez anos, aparentemente do nada, e sem dúvida em Evry, uma ville nouvelle de uma cidade de Retrote, com alguma má reputação. Planejados como paraísos, as villes nouvelles acabaram em desvios sociais. E subitamente Evry tornou-se, graças aos traceurs, o centro do mundo. Com efeito, tornou-se um mito apenas para alguns jovens pioneiros, que são conhecidos sob o nome de Yamakasi [1]. Hoje o parkour estende o seu trajeto desde a Itália até ao Brasil, às grandes cidades, já é praticado até pelo sexo feminino. Mas Evry permanece a Meca de todos os traceurs e traceuses. O presidente da câmara municipal desta cidade, o social-democrata Emmanuel Valls, promete que no prazo de a um ou dois anos a Académie de l’art du déplacement (ADD) disporá do seu próprio edifício. A academia foi fundada em meados de maio, durante um encontro mundial ocorrido em Evry, que reuniu Yamasaki e suas gerações de parkour filiadas em Londres.

“Evry for ever!” Todo o traceur sonha em praticar parkour em Evry. É o sítio ideal, como as ondas do Hawaii para os surfistas. “A cidade parece estar construída para isso”, comprova a Crew [grupo] de PAC XIII, de Aix-en-Provence, no sul de França. Também eles vêm de uma espécie de banlieue de Aix-en-Provence, mas o seu quarteirão, Le Pont de L’Arc, irradia a satisfação da classe média, condições ideais para dar uma aparência harmoniosa ao parkour, desenvolver coreografias quiméricas entre corrimãos e tetos, cercas e árvores. E isso significa que o terreno exterior é realmente hostil a uma disciplina que queira surfar nos obstáculos de concreto, como um avião no ar contra o vento contrário. Uma volta em torno da cidade com Yohan, Arnaut, Valentin, Jérémy e Pablo torna claro porque é que sonham em praticar parkour em Evry. Aix é uma grande aldeia circular, ligada por uma avenida de circunvalação. Intramuros existe apenas arquitetura em arenito, ruas com lojas, repuxos e cafés. Não há construções estreitas, nem concreto. Um paraíso para os turistas. Se o calendário oferecer um fim-de-semana prolongado, comparecem uns perante os outros e correm lado a lado tal como se vê apenas em Praga. Os cafés, lojas e cabeleireiros podem estilizar, tanto quanto queiram, os seus interiores ao gosto das fashion victims. Mas para os traceurs a cidade interior de Aix continua a ser um deserto.

Os PAC XIII foram o primeiro grupo da cidade. Surgiram há três anos. O nome remete para a proveniência da Crew, o subúrbio Ponte de l’Arc. Aí existem casas unifamiliares, cobertas com típicas telhas vermelhas de Provence. A única coisa que o traceur busca é uma zona de bairros sociais modernos tal como aqueles que existem por detrás das avenidas de circunvalação. Aí existe pelo menos algum concreto, mas em Aix existe simplesmente mais espaço à disposição do que em (e à volta de) Paris. Também a urbanização nos bairros sociais é mais dispersa e os apartamentos da classe média superior são contínuos. As persianas permanecem fechadas. Existe só um lugar à disposição onde se pode saltar, a uma altura espetacular, de telhado para telhado. E, então, encontra-se o acesso ao telhado, a entrada do sétimo andar, fechado. Porque em todo o mundo de Aix a arquitetura não produz os obstáculos de que a juventude necessita para se desembaraçar, mas apenas a mentalidade.

Parkour / Foto divulgação

Parkour / Foto divulgação

Não tenham medo!

O Parkour é mal conhecido e causa medo. Isto nota-se em cada encontro. Muito estranha é a sua aparição. Um grupo de jovens com t-shirts pretas que alcança o parapeito de um edifício público, causa desconfiança aos amigos dos cães que passeiam com o seu gassi com quatro patas, e a todos aqueles que, no seu sossego de domingo, por lá passam com o seu carro. Isto acontece, em primeiro lugar, quando aparecem figuras pretas nos telhados, porque foram fotografadas como se quisessem fazer uma posse. Fotografadas, identificadas e presas. Custou-lhes nove horas de esquadra e os pais puderam libertá-los novamente às duas da manhã. “A polícia não nos deu nenhuma hipótese de esclarecer o que fazemos. Aos seus olhos, só se poderia tratar de um criminoso”. Os únicos muros de concreto de que necessitam para praticar o saut de bras [salto de braços] ou o saut de précision [salto de precisão] estão recolhidos em garagens demasiadamente profundas, muitas das quais em bairros sociais privados.

Claro que nesse momento a arrendatária insulta-os à janela, porque receia pelos seus canteiros. Na verdade, o Spiderman é precursor do traceur, mas será que a arrendatária conhece o Spiderman? Ela já viu demasiados policiais na TV. Entretanto, é bastante claro para o Sixpack dos PAC XIII o modo como lhe colam o cliché de Yamakasi. “No fundo atribuíram-nos uma posição de macacos, porque nos seus filmes, pelos quais a art du déplacement ficou conhecida, eles desempenham o papel de ladrões. O parkour é um sismógrafo da liberdade social. O espaço público estreita-se cada vez mais. Tudo se torna progressivamente espaço privado. No fundo estimula-nos cada vez mais a descobrir o que aí se esconde. Parapeito e vedações não são, ainda assim, obstáculos. Mas os proprietários ameaçam-nos frequentemente com a polícia”. Porém, nem sempre se ficam por ameaças. Neste sentido é uma sorte para eles que a maioria ainda seja menor.A situação é paradoxal. Enquanto que em Evry a política quanto à vaga de parkour é aceita, os traceurs são alvo de uma muralha de incompreensão nas cidades burguesas. Não existe muralha mais difícil de escalar. Tiveram uma única oportunidade de se exprimir na imprensa local. Daí resultou, da parte do Parkour, uma reflexão sobre a sua própria situação, que cria dos 15 aos 18 anos indivíduos surpreendentemente maduros e emancipados. E não apenas isso. Eles irradiam harmonia e paz interior, tanto coletiva como individualmente.

Em grupo, motivam-se em diversas direções, aprendem uns com os outros e desenvolvem intuitivamente sequências coreográficas através de saltos sincronizados e saltos realizados em cadeia, fincando os pés na parede ou árvore (os flips). Mas quando há um terreno, como em Aix, em que isso não é apropriado, três Crews, umas ao lado das outras, mostram que hoje isso existe tanto mais quanto o parkour corresponder à necessidade de se apropriar do seu meio ambiente.

Assim, para encontrar novas inspirações, para alternar com outros traceurs, encontrar outros lugares e desenvolver novas figuras, os PAC XIII tiveram que afastar-se e praticar o seu free running na praia de Cannes. O estilo dos PAC XIII é muito mais marcado pela acrobática do que pelos grupos das cidades socialmente debilitadas. Também não se poderia ter desenvolvido de outra forma. Eles andam através da cidade de um lugar para o outro. O ideal do parkour tem um aspecto inteiramente diferente. Pretende fazer-se do movimento uma arte e não apenas mover-se para sonhar uma vez ou outra com Evry. Daí que os PAC XIII não sejam traceurs. Para estes, eles estão na selva de concreto de Marselha. Através da Internet confraternizam com equipes da Bélgica, Canadá ou Evry. Convidam outros grupos e alojam-nos num intercâmbio escolar, autônomo. Com as outras equipes de Aix as relações são menos idílicas.

Ser mais do que moda

Tal como todos os traceurs, os PAC XIII sonham poder vir a viver um dia da sua arte. Mas não pensam nisso porque consideram que o parkour despreza a formação profissional ou acadêmica, mas porque para o traceur, o próprio caminho é o fim, e os PAC XIII prescreveram inteiramente a filosofia da origem da art du déplacement. Isto não é válido apenas para todos os grupos em Aix. “Houve uma verdadeira vaga de parkour e constituíram diversas Crews, mas a maioria voltou depois de pouco tempo a dissolver-se novamente. O efeito de moda nunca durou muito tempo. E muitas equipes praticam hoje parkour com o objectivo de vencer os outros. Aparentemente não compreenderam bem o parkour”.

Na verdade, o pensamento de concorrência contradiz os princípios. E certamente não porque induza o traceur a superar as suas capacidades, quando postas à prova, e a pôr em risco a sua saúde. O parkour é simplesmente demasiado perigoso para todos aqueles que eventualmente acreditem poder abdicar da força mental e provoquem austeros e objetivos desvios relativamente aos riscos constantes. Mas como será possível um sentimento de concorrência quando os traceurs atravessam as cidades em vagas espontâneas nunca antes vistas? O parkour também se difunde na mídia. E compare-se o seu resultado em canais de vídeo amador como o Youtube ou o Daily Motion. “Todas as equipes colocam os seus vídeos na Internet. O parkour funciona de uma maneira inteiramente diferente de algo como o free style slalom dos skaters. Os traceurs não se expõem. Eles não permanecem num único lugar nem põem o boné no acostamento da estrada para que os turistas lhes deixem dinheiro. Peço desculpa, parkour não é circo!”

Os PAC XIII permanecem, por princípio, com um componente orgânico, mesmo quando desenvolvem no seu campo uma variante que seja coreográfica e harmônica. Por que, então, desenvolver uma coreografia que qualquer pessoa pode reconhecer, quando se deve, antes de mais, ter cautela diante de muitos espectadores? Em primeiro lugar, porque fortalece a definição do coletivo, e em segundo lugar por causa do vídeo. A Internet marca a diferença. Quando os Yamakasi e outras equipes começaram a queimar em Evry os vestígios das suas marcas de sapatos nas ruas da cidade, ainda ninguém pensava no Youtube. Mas sem Internet não haveria as centenas de Crews que hoje em dia há por todo o mundo.

[1] Yamakazi é também um nome de dois filmes realizados e produzidos por Luc Besson.

Thomas Hahn é colaborador da revista Obscena. Tradução do alemão por Nuno Ribeiro

Abaixo, assista a uma compilação de trechos de filmes do diretor Luc Besson sobre o tema. O vídeo também está disponível no site da Obscena.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=PfCEbt7Fems[/youtube]

This article was originally published in the Januery/February issue of Obscena magazine, idança’s content partner.

Parkour! What is so called nowadays, corresponding to a modification of the word parcourart du déplacement (art of displacement). With its widespread (in French suburbs) it became an art form. Thus, two and half centuries after Noverre’s Lettres sur les danses et les ballets,, written in 1760, once again a set of French concepts enters the world. The danseur étoile is followed by the traceur, the entrechat is followed by the saut de chat (the cat jump). They leap horizontally, upwards, choreographically and happily climb in groups just like the most flexible of our meowing friends. in the urban phonetics of Hip-Hoppers and Riders, it was initially known under the concept of

Concepts like passe-muraille (wall jumping) tic-tac and saut de détente (long jump) are firmly established, but are also added by English concept like backflip and wallflip. Proof that parkour doesn´t use Noverre, who established this discipline’s leap in the treatise. And why would it?

For a long time, France hasn´t had the dominance and prestige it had in the 18th century and traceurs have, since the beginning, their own theoretical domain. David Belle and Yamakasi are the reference and incorporate moral authority, like Afrika Bambaata and his Zulu nation in other times.

The art of displacement

The English term for parkour is free running. It´s an imperfect term, because parkour doesn´t not mean running randomly. The traceur reads the urban jungle based on walls and obstacles to be overcome. For parkour, the concrete is opponent and partner at the same time. In group, they dance a kind of capoeira, even if the partner is still.

L’art du déplacement emerged ten years ago, apparently out of nowhere and undoubtedly in Evry, a ville nouvelle of the city of Retrote, with some bad reputation. Planned as paradises, the villes nouvelles ended up in social deviation. And suddenly, thanks to traceurs, Evry became the center of the world. Actually, it became a myth only for some pioneer kids, who are known as Yamakasi. [1] Nowadays parkour extends its path from Italy to Brazil, to the big cities and is already practiced by the female gender. But Evry remains as the Mecca of all traceurs and traceuses. The president the city’s town hall, social-democrat Emmanuel Valls, promises that within one or two years the Académie de l’art du déplacement (ADD) will have a building of its own. The academy was founded in the middle of May during an international meeting of the Yamakasi and its parkour generations in London.

“Evry forever!”. Every traceur dreams of practicing parkour in Evry. It´s the ideal site, like Hawaiian waves for surfers. “The city seems to be built for this”, says the PAC XII Crew from Aix-en-provence, in the South of France. They also come from a kind of Aix-en-Provence banlieue, but their neighborhood, Le Pont de L´Arc irradiates middle-class satisfaction, ideal conditions to give some harmonious appearance to parkour, develop chimerical choreographies between handrails and ceilings, fences and trees. And this means the external terrain is really hostile to a discipline that wishes to surf the concrete obstacles like a plane in the air against contrary wind. One ride around the city with Yohan, Arnaut, Valentin, Jérémy and Pablo makes clear why they dream of practicing parkour in Evry. Aix is a big circular village, connected by a circumvallation avenue. Inside the walls there is only sandstone architecture, streets with shops, fountains and cafes. There are no narrow buildings or concrete. If the calendar offers an extended weekend, they get together and run side by side as can only be seen in Prague. The cafes, shops and hairdressers can stylize their interiors to the taste of fashion victims as much as they want. But for traceurs, the inside city of Aix is still a desert.

PAC XII was the city’s first group. It was created three years ago. The name refers to the Crew’s origin, the suburb of Ponte de l’Arc. There, there are only one family houses covered in red tiles typical of Provence. The only thing the traceur looks for is a zone of modern social neighborhoods such as those behind the circumvallation walls. There, there is at least a little more concrete, but in Aix there is just more available space than in, and around, Paris. Also, the urbanization of social neighborhoods is more scattered and the upper middle class apartment are continuous. The blinds are always closed. There is only one place available to jump at a spectacular height, from roof to roof. And then, they find the access to the roof, the entrance in the seventh floor, closed. Because in all of Aix the architecture doesn´t produce the obstacles kids need to, only the mentality does.

Parkour / Foto divulgação

Parkour / Foto divulgação

Don´t be afraid

Parkour is hardly known and scares people. This can be noticed in each encounter. Its appearance was very strange. A group of kids with black t-shirts that reach the windowsill of a public building causes suspicion in the friends of dogs that walk with their four-legged companions and those who ride by in their cars on a peaceful Sunday. In the first place, it happens when figures dressed in black show up on roofs because they were photographed as if they were posing. They were photographed, identified and arrested. It cost them nine hours in jail and their parents were only able to bail them out at two in the morning. “The police didn´t give us any chance to clear up what we do. For them, I could only be a criminal.” The only concrete walls they need to practice the saut de bras [arms jump] or the saut de précision [precision jump] are withdrawn in very deep garages, many of which in private social neighborhoods.

Of course the landlady will yell at them from the window because she fears for her garden. Actually, Spiderman is the forerunner of the traceur, but would the landlady know Spiderman? She has seen too many police shows on TV. However, it´s very clear for the PAC XII Sixpack how they are attached to the Yamakasi cliché. “Deep down, people assign us a position of monkeys, because on their movies, through which art du déplacement became known, they play the role of thieves. Parkour is a seismograph of social liberty. The public space is more and more becoming narrow. Everything is progressively turning into private space. In the end it stimulates us to find out what is hidden there. Windowsills and fences are still not obstacles. But the owners often threaten us with the police.” However, those aren´t always merely threats. In that sense, it´s lucky most of them are underage. The situation is paradoxical. While in Evry the policy regarding the parkour trend is acceptance, the traceurs are the target of a wall of incomprehension in bourgeois cities. There is no harder wall to climb. They had an unique opportunity to express themselves in the local press. That resulted in Parkour making a reflection about its own situation, which raises surprisingly mature and emancipated individuals with ages ranging from fifteen to eighteen years old. And not just that. They irradiate harmony and inner peace, both collectively and individually.

In group, they motivate themselves in different directions, they learn from one another and intuitively develop choreographic sequences through synchronized and consecutive jumps, sticking their feet on walls and trees (the flips). But when there is a terrain that is not appropriate, like in Aix, three Crews side by side show that this exists as much as parkour corresponds to the need to take over their environment.

Thus, in order to find new inspirations, to switch places with other traceurs, find other places and develop new figures, PAC XIII had to go away and practice their free running in the Cannes beach. The style of PAC XIII is much more marked by acrobatics than other groups in socially debilitated cities. It couldn´t have developed in any other way. They walk through the city from one place to the other. The parkour ideal has an entirely different aspect. It intends to make movement an art and not just moving to dream with Evry once in while. That´s why PAC XIII are not traceurs. For them, they are in Marseille’s concrete jungle. Through the internet they keep in touch with groups from Belgium, Canada and Evry. They invite other groups and stay in school exchanges. With the other crews from Aix, the relationship is less idyllic.

Being more than a trend

Just like every other traceurs, PAC XIII dream of one day making a living out of their art. But they don´t think about it, not because they think parkour disdains professional or academic training, but because for the traceur the path is its own end and PAC XIII entirely forgot the original philosophy of the art du déplacement. That goes not only for all the crews in Aix. “There have been an actual parkour trend and many crews were created, but most of them dissolved again shortly after. The wave effect never lasted long. And many crews practice parkour with the goal of beating the others. Apparently they didn´t understand parkour very well.”

The competing thinking actually contradicts the principles. And certainly not because it induces the traceur to overcome his abilities when put to the test and to risk his health. Parkour is just too dangerous for those who occasionally believe they able to renounce mental strength and provoke severe and objective detours from the constant risks. But how is a competing feeling possible when traceurs cross the city in spontaneous waves never seen before? Parkour is also broadcast in the media. And their results are compared in amateur video channels like Youtube or Daily Motion. “Every crew posts their videos on the internet. Parkour works in an entirely different way from something like skaters free style slalom. Traceurs don´t expose themselves. They don´t remain in one place, they don´t put their hats by the side of the road for tourists to leave money. I’m sorry, parkour is not a circus!”

PAC XIII remains, by principle, with an organic component, even when they develop in their field a choreographic and harmonious variety. Why, then, develop a choreography that anyone can recognize, when they must, first of all, be cautious before many spectators? In the first place, because it strengthens the definition of the collective and in second place because of video. The internet marks the difference. When the Yamakasi and other crews started to burn the remains of their footprints in the streets of Evry, noboby was thinking about Youtube. But without the internet there wouldn´t be hundreds of crews out there, all over the world.

[1] Yamakasi is also the name of two films directed and produced by Luc Besson.

Watch a clip with excerpts of Luc Besson’s film about the subject. The video is also available the Obscena website.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=PfCEbt7Fems[/youtube]