Geringonça musical divide a cena com Maria Alice Poppe no Sérgio Porto

De um lado, uma geringonça guiada pelo compositor e músico Tato Taborda formada por instrumentos musicais pendurados, que resultam em cerca de 70 fontes sonoras diferentes, algo como uma orquestra de um homem só. De outro, a bailarina e coreógrafa Maria Alice Poppe com os solos Tempo líquido, de Mauricio Oliveira, e Frame, de Alexandre Franco. Juntos, eles formam o espetáculo Música para dança, atração de sexta-feira, sábado e domingo (21, 22 e 23/11) do Espaço Municipal Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro.

Num primeiro momento, o encontro entre bailarina e músico parece algo muito comum. O curioso – e inquietante – do espetáculo fica por conta de Geralda, a tal geringonça, criada por Tato há mais de 10 anos. De dentro da estrutura – que ganhou esse nome em homenagem a uma antiga caseira do sítio do músico -, ele aciona os instrumentos com mãos, cotovelos, joelhos, cabeça e pés, e dá forma às composições. Uma verdadeira performance musical. Assista abaixo um trecho do que será mostrado no fim de semana:

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Nas três noites – que marcam o lançamento do CD Música para Orquestra -, a música ao vivo acompanhará a bailarina Maria Alice Poppe nos solos Tempo líquido e Frame. O primeiro, de 2006, é um exercício sobre o uso apropriado do tempo dilatado, estabelecendo um ritmo assimétrico, irregular e imprevisível.

Frame é uma estréia. O trabalho era um trecho do último trabalho de Maria Alice, Atempo, mas acabou ficando de fora da montagem por não combinar com a linha de movimento com que ela trabalhava na época. “Eu dancei Frame pela primeira vez no encontro em homenagem a Klauss Vianna realizado em setembro, no Rio. Foi uma espécie de ensaio aberto, agora é a estréia pra valer”, explica Maria Alice.

Música para dança é o segundo encontro de Tato (e Geralda) e Maria Alice nos palcos – na vida real eles são casados. O primeiro foi em Tao Sertão, apresentado em Buenos Aires. Para Maria Alice, dividir a cena com Geralda é uma experiência única. “É muito diferente, é uma emoção estar tudo ao vivo ao mesmo tempo. A música ao vivo te deixa mais atenta porque às vezes algo não acontece, um instrumento que você espera não entra… Mas faz parte”, conta Maria Alice. “Como a Geralda é muito grande e fica num lugar difícil para ensaiar, me preparei ouvindo a Geralda de todas as maneiras”, diverte-se ela, afirmando que encontrará a grande Geralda cedo para ensaiar nesta quinta-feira.