Hora de unir forças | Time to join forces

Em meio à realização das conferências estaduais e municipais de cultura Brasil afora e, principalmente, à elaboração do Plano Nacional de Cultura pelo Ministério da Cultura (MinC), a área de dança vive um momento de crescente mobilização política. Respeitando o cronograma inicial proposto pelo Ministério, o Colegiado de Dança elaborou um texto prévio para o Plano Nacional de Dança (PND) que, até o fim do ano, deverá ser submetido à consulta pública durante um mês. O idança antecipa essa consulta e disponibiliza aqui o texto.

“O Plano Nacional de Dança, assim como o de Cultura, será uma ferramenta para os próximos 10 anos de políticas culturais. Por isso é muito importante que a classe de dança aponte lacunas, nós sabemos que elas existem. As vozes que não se sentirem contempladas pelo documento têm que aparecer neste momento”, afirma a pesquisadora Lúcia Matos, que participou da elaboração do Plano.

O Plano Nacional de Cultura é um conjunto de estratégias e diretrizes para a execução de políticas públicas dedicadas à proteção e promoção da diversidade cultural brasileira a longo prazo. “Ele é significativo, estamos tomando consciência do nosso papel de cidadãos. Temos que garantir a interlocução com a gestão. E não vamos nos satisfazer apenas com a elaboração, temos que exigir a implementação. É o macro se articulando ao micro”, completa Lúcia.

O documento produzido pela área de dança apresenta diretrizes e ações divididas em seis eixos: gestão e políticas culturais; economia e financiamento; formação em dança e de público; pesquisa, criação e produção; difusão e circulação; e registro e memória de dança. Diante da enorme diversidade na produção de dança no Brasil, o PND apresenta propostas de diretrizes abrangentes, para que cada região e instância política possa adaptá-las de acordo com suas necessidades.

O PND é o resultado de uma mobilização política que vem se fortalecendo ao longo dos anos. O cenário atual começou a se desenhar em 2004 com a criação das Câmaras Setoriais. Elas foram criadas pelo MinC com a função de estabelecer diretrizes para uma política cultural de Estado voltada para cada setor (dança, teatro e música), avaliar programas em execução e trabalhar para a ampliação das ações específicas em cada área.

Com a Câmara de Dança criada, foram realizadas caravanas pelo país com o objetivo de escolher, junto aos Fóruns mais atuantes, representantes nacionais. Num primeiro momento, 10 nomes foram selecionados – eles atuariam até dezembro de 2005. “Nós fazíamos o diagnóstico dos principais nós críticos e depois voltávamos à região de origem com as questões discutidas e trazendo novas questões. Era um trabalho em cadeia, confrontávamos as diferenças no Brasil e os eixos que pudessem articular necessidades de cada local”, explica Lúcia Matos, representante da Bahia. Esse processo durou dois anos, período em que vários documentos foram produzidos.

reunião no Centro Coreográfico / Foto divulgação

reunião no Centro Coreográfico / Foto divulgação

Em 2006, no entanto, os trabalhos nas Câmaras Setoriais foram suspensos, ficando quase dois anos parados. Em 2008, as antigas Câmaras passaram a se chamar Colegiados e ganham uma forma de representação baseada numa divisão por regiões – agora são três representantes por região, mudança que não foi bem recebida pela classe. “Essa mudança é um equívoco, não reflete a diversidade da produção em dança no Brasil”, observa Lúcia. A próxima reunião do Colegiado acontece na quarta-feira (28/10).

Na esfera municipal também tem havido forte movimentação política, principalmente em cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo. Nas duas capitais, a comunidade de dança organizou encontros e reuniões para discutir temas que serão abordados nas respectivas conferências municipais, que acontecem neste sábado e domingo (24 e 25/10). Só neste fim de semana 86 conferências serão realizadas pelo país (clique aqui para saber como foi a mobilização no Rio de Janeiro).

“Temos que aproveitar o momento para aumentar a importância da dança nas tomadas de decisões políticas”, analisa Carmen Luz, diretora do Centro Coreográfico do Rio e uma das principais articuladoras da mobilização da classe na cidade.

O idança quer saber: Que tema você acha que pode ser acrescentado ao texto do PND?

Amidst state and municipal culture conferences around Brazil and, specially, the elaboration of the National Culture Plan by the Culture Ministry (MinC), the dance area is going through a moment of increasing political mobilization. Keeping up with the original timeline proposed by the Ministry, the Sectorial Dance Chamber drafted a preliminary text for the National Dance Plan (PND) which will be submitted for public consultation during a month until the end of the year.

“The National Dance Plan, like the Culture Plan, will be a tool for the next 10 years of public policies. That´s why it´s important for the dance community to point out the blanks, we know they exist. People must speak out now”, states researcher Lúcia Matos, who participated in the elaboration of the Plan.

The National Culture Plan is a set of strategies and guidelines for the execution of public policies aimed at the long term protection and promotion of the Brazilian dance diversity. “It is very meaningful, we are becoming aware of our role as citizens. We must assure the dialogue with the administration. And we´ll not settle for the elaboration, we´ll demand its implementation. The macro is being articulated with the micro”, says Lúcia.

The document produced for the dance area presents guidelines and actions divided into six lines: management and cultural policies; economy and financing; dance training and audience development; research, creation and production; diffusion and circulation and documentation and memory. Given the great diversity of the Brazilian dance production, PND offers comprehensive guideline proposals, so that each region and political sphere can adapt them according to their necessities.

PND is the result of the political mobilization that has been gathering strength over the years. The current landscape started to be drafted in 2004 with the creation of the Sectorial Chambers. They were created by MinC with the role of establishing guidelines for a State cultural policy aimed at each sector (dance, theater and music), evaluating undergoing programs and working for the increase of specific actions for each area.

After the Dance Chamber was created, several journeys were conducted around the country, aiming to choose national representatives among the most active forums. At first, ten names were selected – they would work until December 2005. “We would make a diagnosis of the most critical points and later return to the region after discussing the issues, bringing new solutions. It was a chain work, we confronted the differences within the country and the lines that could articulate the necessities of each place”, Lúcia, the representative from Bahia, explains. The process lasted for two years, period in which several documents were produced.

However, in 2006 the work of the Sectorial Chamber was suspended for almost two years. In 2008, the former Chambers were renamed Colegiados and received a new form of representation based on a division by regions – now there are three representatives for each region. This change was not well received by the community. “This change was a mistake, it doesn´t reflect the diversity of the dance production in Brazil”, Lúcia observes. The next meeting of the Colegiados will take place on Wednesday (28/10).

In the municipal level there has also been a strong political mobilization, specially in cities like Rio de Janeiro and São Paulo. In both capitals, the dance community organized meetings to discuss issues that will be approached in each municipal conferences, which will take place on Saturday and Sunday (October 24 and 25). Over the weekend only, 86 conferences will be held around the country.

“We must take this opportunity to increase the importance of dance for political decision making”, says Carmen Luz, director of the Rio de Janeiro Choreographic Center and one of the main political agents within the city’s dance community.