idanca.net um passinho à frente
Esta semana quem entra no idanca.net para sua visita semanal encontrou um site diferente. Quem entrou pela primeira vez, vindo das ferramentas de busca ou dos muitos links para espalhados por blogs e sites pela rede, já chegou num momento especial. Conseguimos dar um passo muito importante para este projeto que não cessa de nos sacudir com sua própria força e capacidade de expansão. O idanca.net em que estamos nos encontrando agora é o resultado de três anos e pouco de trabalho e aprendizado do que pode ser uma ferramenta como esta para a dança brasileira e internacional. Como faz semanas aqui na redação que a gente só pensa em plataforma, pluggin e se as caixinhas são verdes ou azuis, vou organizar o pensamento aqui para contar rápido como chegamos aqui.
O idanca.net começou totalmente voluntário. Um sensacional diletante de programação, nosso querido Mauricio Fagundes, fez o primeiro site na mais nobre das linguagens de programação disponíveis em 2003: o que ele chamava dando risada de CPLP (copy paste language programming). Ou seja, recortávamos e colávamos pedaços de programação de outros sites e projetos de todos para montar o idanca. Ninguém percebia nada, porque o design era incrível, criado pelos designers Daniel Whitaker e Fred Reis.
Eu sozinha no começo, e logo depois a Sonia, fazíamos tudo com apoio de um estagiário que era pago como colaborações de pessoas da dança que acreditavam no projeto e davam em media 150 reais por mês que pagavam os custos de provedor e hospedagem e o estagiário. Faço questão de lembrar que o embrião do idanca.net nasceu antes, a pedido da Maria Rita Stumpft, que em 2002 me encomendou um zine de dança para o site da Antares. Sem aquele empurrão inicial, não teriamos começado nada.
O reconhecimento da importância do trabalho veio logo, com a visitação crescente. Em começo de 2005 batemos 100 mil visitas. Precisávamos crescer mas não havia grana nem tempo e a equipe, que a essa altura já tinha colaboradores fixos pensando junto, como a Nirvana, não conseguia dar conta de tudo. Havia muito a noticiar e dizer que não cabia nas seções do site. Mergulhei um sábado nas ferramentas de blog existentes e no domingo à noite estava no ar o blog do idanca. Rápido, simpático e fácil de postar e comentar, foi sucesso imediato.
A visibilidade internacional do idanca.net veio graças às parcerias com redes fundamentais como a Red Sudamericana de Danza, o então projeto lusófono Dançar o que é nosso (hoje estrutura maior e mais ampla que se tornou o projeto Alkantara) e a ietm. Seu aval e troca de informações fez com que fundações européias que apóiam o desenvolvimento cultural e a democratização do acesso à cultura nos recebessem e nos ouvissem. Foi assim que fomos selecionados para ser o único projeto de Internet em português apoiado em 2006 pelo Prince Claus Fund, da Holanda.
O idanca é ainda hoje uma das únicas fontes de textos em inglês sobre a dança brasileira na rede. Isso graças a dois anos de apoio total da Ccaps, importante empresa brasileira de tradução e localização que por sorte é dirigida por um artista disfarçado de executivo, Fabiano Cid. Hoje o idanca pode pagar suas traduções e tem o luxo de ter a artista e tradutora Julia Merquior.
Em 2006, a Petrobras nos convidou a sermos patrocinados, como parte de sua crescente atuação no mercado da dança contemporânea brasileira. Nosso primeiro patrocínio veio então no segundo semestre do ano passado e foi com ele que pudemos finalmente fazer o precisávamos neste momento: aceitar o idanca com o tamanho que ele tomou. Não um pequeno espaço onde um grupo de profissionais da dança podia comentar e divulgar o que acontecia, mas um ponto de encontro de muitos e diversificados conteúdos, em grande parte produzidos por nós e a nosso pedido – esta é a nossa vocação – mas também e cada vez mais conteúdos chancelados por nós, de outros sites, colaboradores e internautas. Agora todas a seções do idanca.net estão juntas e integradas numa mesma base de dados e o espaço de participação dos leitores ficou mais fácil, mais amplo e mais visível. Façam bom uso dele.
Este novo idanca.net é o nosso passo à frente na idéia de que somos sobretudo um ponto de encontro de conteúdos e pessoas da dança contemporânea brasileira e internacional. Uma noção de construção de comunidade que partilhamos e sobre a qual aprendemos muito com outras comadres cibernéticas, em especial Patrícia Cannetti, criadora do exemplar Canal Contemporâneo.
O mínimo planejamento e estabilidade que este primeiro patrocínio trouxe nos permitiu criar um grupo de colaboradores fixos do site (Nirvana Marinho (SP), Paulo Paixão (PA), Liana Gesteira (DF) e Maira Spanghero (SP)) e os colunistas mensais Helena Katz (SP), Roberta Ramos (PE) e Bruno Beltrão (RJ). Mais colaboradores estão por vir e dezenas de pesquisadores, artistas e críticos continuam regularmente mandando textos para nós.
Internacionalmente a lista de gente que publica seus artigos pela primeira vez no idanca.net é cada vez maior. Temos que agradecer também um apoio que desde o primeiro instante acreditou no nosso projeto – talvez pela experiência de saber o que sites similares representam em seus países. British Council, Consulado Geral da França no Rio de Janeiro e Instituto Goethe foram fundamentais para que tantos conteúdos que jamais foram nem seriam traduzidos para o português pudessem ser lidos, impressos, usados em aula, citados em monografias pelo Brasil.
Eu e Sonia ainda nos beliscamos para acreditar que o idanca.net ficou tão maior do que a gente pensava conseguir fazer. E isso só aconteceu porque a gente só fez mesmo uma parte dele. O resto ficou com vocês, que produziram conteúdo, traduziram textos, fotografaram editaram vídeos, repassaram nossa newsletter e falaram de nos por ai. Não tenho zeros e uns suficientes para agradecer a todos.
E tudo só esta acontecendo porque temos a Julia Lima, que há quase dois anos acorda e dorme postando no idanca e me aturando aqui no escritório ou no skype pelo mundo. Este novo momento do site recebe também o reforço da bailarina e jornalista Priscila Maia, que se chega à nossa loucura.
Naveguem e comentem. Mandem mails reclamando do que não gostaram, elogiem o que ficou mais bacana.
Parece conversa de marketeiro, mas é a pura verdade: este espaço é de todos. Mesmo. Inclusive é em parte mantido com o nosso dinheiro, via Lei Rouanet. E dinheiro dos holandeses, danke well. Usem sem moderação.