Confirmada a fusão dos ministérios, Juca Ferreira e Francisco Bosco deixam seus cargos
Após Michel Temer assumir a presidência da república interinamente e confirmar a fusão do Ministério da Cultura (Minc) com o Ministério da Educação (MEC), e o nome do novo ministro da pasta, Mendonça Filho (DEM-PE), nesta quinta-feira (12), Juca Ferreira anunciou sua saída em pronunciamento.
“Não estou disposto a fazer a transição política, porque isso seria reconhecer a legitimidade desse governo. E eu não reconheço”, afirmou o ex-ministro, garantindo, no entanto, que a transição administrativa será feita, segundo ele, “porque o estado é um bem da sociedade”.
Em nota, o presidente da Funarte, Francisco Bosco, também anunciou sua decisão de deixar o cargo. “Eu saio com o Juca Ferreira, porque assim como ele, não reconheço a legitimidade do governo que se instaura. Todos fazemos parte da continuação de um processo que começou com o Gil e, por sua vez, pertencia ao governo Lula. Todo esse projeto que está sendo agora interrompido de uma maneira ilegítima”, disse.
Bosco também publicou uma nota no site da Funarte, dizendo que os pagamentos dos editais artísticos de 2015 terão que ser feitos pelo Estado. “A presente gestão se despede lamentando não ter podido quitar seus compromissos (por razões, é sempre preciso repetir, que fogem à sua responsabilidade), mas vem lembrar à sociedade que essa quitação é uma obrigação do Estado, independentemente da gestão que o estiver governando”.
Um dos maiores planos de Ferreira e Bosco para o setor incluía a implementação da PNA – Política Nacional das Artes. Envolvendo MinC, Funarte e setores da sociedade civil, a PNA selecionou articuladores, entre profissionais com atuação reconhecida nas áreas artísticas abrangidas – artes visuais, circo, dança e teatro – além de consultores em cada área, escolhidos via edital, para mediar a discussão e realização de políticas públicas para a arte entre sociedade e setores do governo.
Em vídeo publicado no facebook, Rui Moreira, articulador da área da dança, lamentou: “Infelizmente, a interrupção forçada deste processo deixou um vácuo e as discussões e encaminhamentos possíveis sofreram um lamentável desfecho provocado pelas abruptas mudanças de rumo na política nacional. Um retrocesso histórico que todos os articuladores da PNA repudiam veementemente”. Sem saber dizer qual será o encaminhamento do atual governo ao plano, incitou “(…) acho que caberá a nós todos fazer esta pergunta”.
[Foto: O ex-ministro Juca Ferreira]