O projeto JABUTICABA estreia em Montpellier, França

O projeto JABUTICABA haverá sua estréia no fim deste mês nos dias 21 e 22 de maio na cidade de Montpellier no sul da França. Neste espetáculo os brasileiros Viviane Mortean (bailarina/coreografa) e Fábio Charvet (baterista), dividem a experiência dentro de uma proposta de dança contemporânea onde o movimento do corpo se adapta à uma regra, joga com o publico e se exibe para existir.

Como problemática poética, JABUTICABA coloca em questão o conceito de exótico. O espetáculo explora diversos pontos de vista sobre o fato de ser estrangeiro, sobre um corpo que ocupa um contexto desconhecido e que deve agir para sobreviver. As proposições corporais passam por sensações sobre o se sentir exótico. Afasta a ideia do exótico como uma etiqueta colada em um produto originário de terras distantes e o aproxima da experiência vivida por um individuo.
« Após algumas conversas organizadas com as poucas palavras do meu vocabulário francês, frequentemente ouvia a palavra exótico quando alguém queria dar o seu ponto de vista sobre o Brasil. Comecei a me perguntar o que é o exótico. Sou consciente que exótico pode trazer imagens do carnaval, de índio e do samba, mas eu também nunca fui ver as escolas de samba do Rio e nem de Salvador, nunca tive nenhum contato com alguma tribo indígena e o samba não é a dança que eu domino. Percebi o quanto exótico era o Brasil pra mim mesma, e que na verdade, o exótico esta ligado às experiências do indivíduo e não vinculado à sua posição geográfica no mundo »
O projeto joga com referências das Exposições coloniais do século XIX, os « zoológicos humanos » e as considerações do etnógrafo Victor Segalen que afirma que o exótico é uma categoria sensorial que « permite o acesso ao outro ». Dramaturgicamente o trabalho conduz o público à diversas descobertas sensoriais à partir da visualização de um artista que dança ativando as faculdades cognitivas da percepção visual. Para saber um pouco sobre o processo de criação acesse o blog .
*Viviane Mortean atualmente mora em Montpellier e integra o mestrado em Artes do Espetáculo na Universidade Paul Valery.  Foi bolsista residente na Casa Hoffmann  onde teve bolsa de intercâmbio para participar da Formação Intensiva Acompanhada (C.E.M. – Lisboa).  Em 2010 esteve como residente no Festival Internacional de Videodanza em Buenos Aires. Originária de Ourinhos, interior de São Paulo, se formou como artista da dança em Curitiba na Faculdade de Artes do Paraná. Especialista em Arte Contemporânea pela Universidade Tuiuti do Paraná, trabalhou com Rosemeri Rocha no Grupo de dança da FAP e com Carmem Jorge na PIP – Pesquisa em Dança.