Núcleos / Foto divulgação

Os núcleos de movimento de João Saldanha

O Atelier de Coreografia de João Saldanha está completando 25 anos. E, apesar de o próprio Saldanha dizer que esses anos não têm tanto peso assim, eles estão todos ali, impressos em Núcleos, espetáculo que estreia para o público nesta sexta-feira (15/04), no Espaço Sesc, no Rio de Janeiro.

A inspiração para o novo trabalho – concebido em apenas dois meses e meio – veio da obra do artista plástico Hélio Oiticica, suas cores e sombras. “Núcleos é uma síntese dos movimentos dos meus últimos 25 anos de criação, talvez por isso eu tenha aceitado fazê-lo tão rápido. A inspiração em Hélio é meio natural já que ele foi um grande artista e influenciou tantos outros com sua genialidade. Somos muitos distintos, mas já me peguei usufruindo de seus pensamentos e da forma como construiu sua obra dentro de necessidades minhas”, explica Saldanha.

Em cena, os intérpretes e coautores Ana Paula Marques, Thiago Sancho, Maria Alice Poppe e Olivia Secchin se alternam em solos (e alguns rápidos momentos juntos), num cenário que envolve o público nas cores vermelho, laranja, rosa e amarelo. Alguns poucos objetos ocupam a cena. Apesar de dançarem solos, os bailarinos se comunicam na temporalidade e em referências métricas, sempre emprestando boa dose de personalidade de cada um nas sequências. “A ideia era criar um lugar de desapropriação do dançarino para que eles próprios recriassem os movimentos. Há a incorporação de movimentos de uns pelos outros. Os quatro são muito distintos e isso é explorado todo o tempo diante do público. Esse trabalho trata de coisa muito comum, a ideia de conjunto em solos. Eu nunca tinha feito isso…”, analisa o coreógrafo, que também se inspirou em Oiticica para escolher a trilha sonora. Núcleos brinda o público com uma explosão de movimentos ao som de Sympathy for the devil, dos Rolling Stones, e outra bela sequência com Pra ver as meninas, de Paulinho da Viola. “As músicas também foram uma homenagem ao Hélio, de alguma forma elas remetem a ele e ao seu rico universo. Nesse sentido, as músicas desse trabalho são universais”.

Saldanha criou o Atelier de Coreografia com um objetivo claro: torná-lo mais que uma companhia de dança, um espaço de encontros e de experimentações cênicas. E assim foi feito desde então. A cada encontro com cada novo artista, ele se diz enriquecido pela troca de experiências e é isso que o impulsiona a continuar seu trabalho assim mesmo, independentemente dos anos. “Há 25 anos me disponho a fazer ações com as pessoas que convido. O que mais me marca são os encontros. São artistas, não meramente dançarinos. Constantemente correm riscos, pensam, perguntam, são únicos, diversos. Cada vez que entro em contato com gente nova entendo a amplidão da arte”, diz.

Foi assim também com Núcleos, um desafio para o coreógrafo principalmente no que diz respeito ao prazo para a estreia. “Me senti desafiado e foi um bom desafio. Ainda há algumas arestas, mas muitas coisas são desvendadas no contato com o público, fora do lugar de ensaio. O espaço cênico é o lugar onde se pode provar as coisas. Sou do mundo cênico e sempre serei”.

A temporada de Núcleos vai até dia 8 de maio no mezanino do Espaço Sesc (Rua Domingos Ferreira 160, Copacabana. Informações: 21 2547-0156). Quinta-feira e domingo, às 20h; sextas-feiras e sábados, às 21h30.

Abaixo, assista a trechos do ensaio que o idança acompanhou:

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