PIP dá mais um passo na pesquisa das relações entre dança e tecnologia

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Imagens captadas e transmitidas em tempo real, softwares, edição, vídeo. Essa lista, absolutamente normal no dia-a-dia de um técnico de informática, também é bastante presente na vida dos integrantes da PIP – Pesquisa em Dança, de Curitiba. Longe do eixo Rio-São Paulo, a companhia se consolida como um importante centro de pesquisa tecnológica em dança na capital paranaense.

Criada em 2002 pela coreógrafa Carmen Jorge, a PIP nasceu com outro nome e outra proposta até se tornar o que é hoje. Nos primeiros anos de atividades, chamava-se Ar Co. – Companhia do Ar e seu foco eram as questões acrobáticas. “Nosso trabalho naquela época nada tinha a ver com o que fazemos hoje. Agora com a tecnologia estamos seguindo uma linha de pesquisa”, analisa Carmen, que tem 43 anos.

Em 2003 e 2004, a coreógrafa passou pela elogiada Casa Hoffmann, que recebeu importantes nomes da dança de Curitiba para cursos com artistas de fora do Brasil. Lá, sofreu um “choque de atualização”, como ela mesma diz. “Fiz vários cursos, tive contato com conhecimento de várias partes do mundo. Comecei a pensar mais em como ter uma linguagem própria”, lembra. O resultado dessa experiência foi o projeto 3 Mg – Gingaestética (2005), com o qual a coreógrafa teve um primeiro contato com a ideia de edição e colagem. Mas foi em 2007, com Ob-gestos, que a PIP começou a ter a cara de hoje, apontando para as questões tecnológicas. Sem palco italiano – o público circulava pelo cenário – imagens captadas em tempo real de partes do corpo apareciam em TVs. “No ano seguinte priorizamos a pesquisa de linguagem, mas também montamos Lab simbioptico. Foi quando pluralizamos a questão do uso do computador. A reação do público foi muito boa”, conta a coreógrafa.

O caminho escolhido para a pesquisa de linguagem exigiu que a companhia se visse formada não apenas por bailarinos, mas também, por gente que entende das novidades tecnológicas. “Fui encontrando as pessoas, aprendendo junto. É tudo novo para o universo da dança. É um encontro engraçado pois eles têm que entender também a lógica da construção de sentido para nós. É um processo de formação pra todos os envolvidos”, explica Carmen. Seguindo essa ideia de aprendizado constante, a PIP também promove frequentes oficinas de videodança.

No novo espetáculo da companhia, WE CAGE, que estreia nesta terça-feira (23/02), em Curitiba, a companhia retorna ao cerne das pesquisas de linguagem: o movimento. O ponto de partida do trabalho é o vídeo Variations V, de Merce Cunningham e John Cage, experiência pioneira que mescla dança e tecnologia. Para WE CAGE foram usados três softwares: MAX MSP, Isadora e Live, que permitem a interação dos bailarinos com imagens, sons e luzes. “Experimentamos muitas linguagens, estava na hora de retornar ao movimento. Sentia vontade de trabalhar com bailarinos e ficamos muito à vontade com esse trabalho”, avalia Carmen. “A surpresa foi perceber que as relações são praticamente as mesmas, não mudaram. O que evoluiu foi a questão tecnológica”.

Além da temporada, que vai até 14 de março, quem quiser saber mais sobre a história da tecnologia na dança pode participar da oficina Poéticas tecnológicas, que será oferecida gratuitamente. Mais informações pelo email pip@pip.art.br.

WE CAGE será apresentado de terça-feira a domingo, às 20h, no Teatro Cleon Jacques (Rua Mateus Leme 4.700, Parque São Lourenço). Haverá sessões extras nos dias 13 e 14 de março, às 16h.

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