Procurando uma saída para a falta de dinheiro

Eles são (bem) jovens, mas já sabem aonde querem chegar. Sabem também que o caminho é longo e cheio de dificuldades, principalmente financeiras. Depois de cerca de um ano e meio de luta pela ‘sobrevivência artística’, o coletivo o12, de Votorantim (interior de São Paulo),  resolveu correr atrás da subsistência financeira testando uma forma de organização nada usual no mundo da dança:  o sistema de cotas de patrocínio. Assim, há três meses nasceu a Associação Amigos do o12 (AAo12).

“Começamos a trabalhar, fizemos algumas intervenções, mas nenhum trabalho estava dando conta de nos sustentar. A ideia da associação surgiu depois que lembramos de discussões sobre sustentabilidade a que assistimos em São Paulo (no encontro Coletivo Corpo Autônomo) e também conseguimos recuperar o que foi debatido sobre economia da dança durante o festival Panorama (clique aqui para entrar no blog do seminário)”, conta Thiago Alixandre, um dos integrantes do o12.

O coletivo o12 nasceu em fevereiro de 2008 de uma dissidência do projeto Quadra Pessoas e Ideias (leia reportagem que o idança fez na época). O nome surgiu porque na fundação, o coletivo era formado por 12 jovens artistas em formação. O nome continua, mas hoje o grupo é formado por apenas seis integrantes, metade da formação original. A outra metade se desligou justamente por questões financeiras. A ideia é que, com a criação da associação, situações desse tipo não precisem mais acontecer.

Com a teoria em mente – eles fizeram reuniões para estudar a melhor estratégia de atuação – os garotos partiram para a prática. A primeira etapa aconteceu em abril e consistiu em convidar 20 pessoas – entre artistas, pesquisadores e produtores de todo o país – para contribuir com R$ 100 por mês durante um ano.  “Escolhemos pessoas que, de alguma forma, se interessam pelo nosso crescimento profissional. Encaramos a criação dessa associação de apoiadores como uma atitude política, já que estamos questionando o valor da dança, da cultura, para a sociedade”, afirma Thiago. O resultado desse primeiro contato foi bom: eles tiveram 12 adesões, fora as pessoas que se colocaram à disposição para contribuir com o trabalho do coletivo de outras formas, organizando aulas e palestras, por exemplo.

Ensaio de Quando se desprendem as partes / Foto divulgação

Ensaio de Quando se desprendem as partes / Foto divulgação

Com o dinheiro arrecadado nos primeiros meses, os artistas conseguiram oficializar a abertura da AAo12 e pagar despesas com Internet e gastos de produção do novo trabalho do coletivo, Quando se desprendem as partes (foto), que estreia em outubro. A criação está tendo orientação da pesquisadora Rosa Hércules, que acompanhou os ensaios dos meninos todos os fins de semana de julho.

Dado o pontapé inicial, a segunda etapa agora consiste em convidar comerciantes e empresas da cidade de Votorantim para contribuir. Também será dada a opção de valores a partir de R$ 5 para outros interessados em se associar. “Queremos criar um mailing internacional também”, empolga-se Tiago. “Ficamos muito felizes com a receptividade, todos queriam ajudas, mesmo quando não podiam fazê-lo financeiramente”, comemora.

Mais informações sobre a AAo12 estão disponíveis no blog do coletivo. Quem quiser se associar, deve entrar em contato pelo email o.doze@hotmail.com.

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