Projeto ‘Poéticas invisíveis’ abre residência artística para interessados na questão manicomial

Desde 2013 o projeto Poéticas invisíveis vem buscando contribuir para a luta antimanicomial no Brasil por meio de ações artísticas. Até o dia 2 de abril, o projeto recebe inscrições de poetas, artistas da dança, performers, artistas circenses, estudantes, pessoas interessadas em arte e em buscar novas formas de ocupação do espaço público, para participar das ações que se estendem até o final do ano, com encontros às segundas e terças, das 9 às 10h15 da manhã, no Ipub – Instituto de Psiquiatria da UFRJ, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, a partir do dia 7.

Serão selecionados 10 candidatos por meio da avaliação de currículos, que devem ser enviados para o email producao@coletivoecoar.org com o assunto “Currículo – Residência”.

O projeto é uma iniciativa do Coletivo Ecoar, e neste ano de 2016 traz como a primeira atividade uma residência artística, nos meses de abril e maio, com o coreógrafo carioca Gustavo Ciríaco, que tem em sua trajetória diversos projetos que envolvem intervenções poéticas, políticas e artísticas que buscam novos jeitos de habitar a cidade. Ao longo do ano, outros artistas convidados irão participar do projeto trazendo diferentes contribuições. A ideia é criar uma intervenção junto à rede de saúde mental, que será apresentada em diversos espaços públicos, em especial na semana de luta antimanicomial, em maio.

Esse tipo de ação ganha nova importância diante do atual momento político. Ao final do ano passado, a nomeação  do psiquiatra Valencius Wurch Duarte Filho para o cargo de coordenador de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde foi considerada como um retrocesso por entidades ligadas à área e gerou protestos em diversas cidades brasileiras. O médico foi um dos diretores da Casa de Saúde Doutor Eiras, considerado o maior manicômio do país, que foi fechado em 2012 por denúncias de maus tratos e internações indevidas, e tem demonstrado posturas contrárias à reforma psiquiátrica.

Carla Strachmann, do Coletivo Ecoar, gestora do projeto conta que este ano, o foco das ações é o direito à cidade. “Estamos em pleno processo de tentativas de retrocesso da reforma psiquiátrica e objetivamos com este projeto colaborar com a reinserção destas pessoas na sociedade, e envolver também a equipe médica, em todo processo de imersão, como vem acontecendo em edições anteriores”, explica.

Veja abaixo os depoimentos de pessoas que participaram do projeto nos anos anteriores.